[Original] The Simple Plan - Capítulo 2
Segundo dia de aula foi melhor e pior também. Melhor, porque eu me aproximei mais de Eric, conheci mais seus gostos e nos tornamos mais unidos. Pior, porque descobri que ele namorava, ao me mostrar a foto de sua garota eu fiquei sem saber o que dizer a ele. Ela era mesmo muito bonita, do tipo que diminuía seu ego.
- Paolla... - Eric e eu passeávamos pela escola. Ele queria conhecer melhor o ambiente em que estava, já que estávamos com as duas primeiras aulas vagas. – Você namora?
Coração disparado, pernas bambeando e gagueira... Ativar:
- Eu... Ahn, não... - Comecei a brincar com as madeixas de meus cabelos. – Por quê?
- Você é bonita, achei que namorasse.
- Não sou do tipo que chama a atenção dos meninos.
- E das meninas? - Eu devia ter me sentido ofendida, mas a seriedade da pergunta me impediu.
- Sabe que eu não sei? – Eu sorri para ele. – Não sei mesmo, mas quem sabe?
- Seria um desperdício.
Uma troca de olhares e Eric dera um passo em minha direção, eu queria beijá-lo, poder tocar seu rosto, mas me afastei com o pouco juízo que ainda tenho.
- Vamos voltar?
Aquela fora apenas à primeira tentativa dele de me beijar.
Nossa amizade fora crescendo também, não tão rápido como a dele e de Tiago, mas evoluiu. Fizemos trabalhos juntos, alguns em sua casa, outros na escola e nunca na minha casa, o que sempre era uma preferência minha.
Eric não precisava saber que tenho uma avó louca de pedra.
A primeira vez que fomos a casa dele foi para fazer trabalho de biologia, matéria essa que Eric dominava (ou pelo menos dizia) muito bem.
- Se você ver o Eduardo e a pirralhada de amigos, não se assuste ok? - ele perguntou parecendo realmente preocupado. Eu assenti.
- Ok!
Passamos pelo porteiro do apartamento e Eric lançou-me um sorriso travesso. Ele... Ah, eu já devo ter dito o quanto ele é lindo quando sorri não é? Até quando respira é perfeito! Ridículo eu reparar em tudo isso, mas é a verdade.
As pessoas que moravam naquele prédio eram todas de classe alta, mas ironicamente pareciam simples, apesar de todo o luxo que era o ambiente em que viviam.
Entramos no elevador e Eric se encostou-se à parede, dando um suspiro.
- Tudo bem, eu prometo que não irei rir do seu quarto bagunçado. - brinquei, tentando fazê-lo mudar aquela carinha. E deu certo.
- Não é isso que me preocupa. – Sorriu de canto e deu um passo em minha direção. E eu como sempre me assustei. – Adoro ver sua cara de assustada... É tão...
Droga. Ele vai me beijar.
Mas eu não deveria deixar ele me beijar. Eric namora. E eu... EU SOU SUA AMIGA, ta, eu sei que já ficou bem óbvio que eu tenho uma queda profunda por ele, mas eu não posso.
Seu polegar deslizou pelo meu rosto contornando a minha boca, e com a outra ele afastou meu cabelo (que até amarrado em rabo de cavalo parece bagunçado, eu sou um desastre) e me pressionou a parede.
Eu não resisti. Eu sei que devia, mas... Eu precisava beijá-lo.
- Opa! - O elevador parou em algum andar que eu nem sabia. Um senhor de meia idade entrou. – Bom dia rapaz!
- Seu João, bom dia! - Eric respondeu se afastando bruscamente de mim e com a expressão mais frustrada que a minha.
Mais uma tentativa frustrada, valeu, Seu João.
Após esse episódio trágico Eric pareceu esquecer-se de me provocar. O que admito era realmente frustrante. Breno voltou pra escola e eu o apresentei ao novato da turma. Agora andávamos em quarteto, eu a única menina, claro, era o alvo de muitas fofocas. A pior que já ouvi foi dizerem que segunda e terça eu era do Tiago, quarta e quinta do Breno, sexta, sábado e domingo, do Eric.
E a fofoqueira eu até sei quem é, mas, sem comentários, dá cadeia bater em animal.
Estávamos na educação física, Tiago e Breno estavam jogando vôlei, eu e Eric estávamos fazendo nada, apenas ouvindo música no celular dele. Quando a professora entrou na quadra trazendo o primeiro ano, (eu reconheci ao ver Johnny, Emanuella e Melissa meus vizinhos) onde sem querer, avistei Eduardo Mendes. Que hoje estava com um bico emburrado, parecia que não queria estar ali.
- Beleza, hoje a professora trouxe a creche. - Eric ironizou, balançando a cabeça em negativa. Levantamos-nos e fomos para o centro da quadra.
A professora dividiu os jogadores em 4 grupos: eu, Eric, Emanuella e Tiago. No outro time, Eduardo, Johnny e Breno (a fresca da Melissa não gosta de jogar vôlei, ela tem medo).
- Cuidado. - Manu disse em tom de cautela, mas sorrindo. Ela era sempre assim. – Eu já joguei contra o Du, ele é uma peste! Joga muito bem.
Agora me digam, porque esse conselho? E direcionado a mim?
- Certo. – Concordei, sem realmente entender.
O jogo começou com o time adversário saindo na frente, fato. Não que não soubéssemos jogar, eu mandava até bem, mas aquele PIRRALHO DESGRAÇADO DO MINI MENDES joga perfeitamente bem. E sabe o que me deixa mais puta? Ele ficar dando risinhos para mim! O que é? Tenho cara de babá? Ou será de dentista? Moleque insolente.
Estava 5 x 3, quando Eric deu uma sacada perfeita e Tiago outra cortada perfeita que ninguém do outro time conseguiu pegar. Eduardinho exclamou o que parecia ser um palavrão.
Eric parou e fez uma pose, todo trabalhado na metidez.
- Opa! Acho que é a minha vez. - Ele disse, sorrindo vitorioso.
Conseguimos empatar, e no ultimo momento, aquele que daria a vitória pra gente, Emanuella saca, Eduardo pega e responde jogando a bola (a mais pesada e dura o possível) bem em meu estomago.
O que dizer? Voei longe e fiquei o ar e quase perco o estomago. Esse moleque me odeia. É verídico.
A quadra ficou 3 minutos em silencio, até que Eric, Emanuella e Melissa vieram em minha direção pra me socorreram.
Vocês acham que o insolente veio se desculpar? Ele saiu foi rindo, e a professora aquela vadia não disse nada.