Meu coração é todo seu. cap 25
Duas, três, quatro, vinte... Não sei ao certo quanto tempo eu tinha ficado naquela sala, acho que de cirurgia, estava desarcodado e agora que tinha ido para o quarto, meu pensamento só estava no de Lydie, Lydie, como estaria ela?
Já tinha recebido visitas do Lucca, Laura, minha mãe... todos.
E Lydie?
Ninguém queria me contar o que se passava com ela, acho que tinha o direito de saber.
Até que teve um dia que estava naquele quarto de hospital, não aguentando mais de tédio e sem saber notícias de Lydie, recebi, uma visita um tanto quanto ilustre. Meu pai deu o ar da graça.
- Ah, é você...
- Não ficou feliz em me ver?
Parei e me fiz esta mesma pergunta. Não, não tinha ficado feliz em ve-lo.
- Só vou ficar feliz mesmo quando Lydie estiver ao meu lado caso ao contrário...
- Sempre te avisei para não se meter em enrascadas...
- Se veio discutir dê meia volta!
Ele segurou em minha mão com um brilho estranho no olhar.
- Não vim discutir... vim dizer... dizer...
O que significava tudo aquilo?
- Dizer...- ele continuou - que te amo!
Ele saiu em disparada, me deixando com cara de tacho na cama daquele hospital.
ALGUÉM PODE ME DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM LYDIE?
Me sinto impotente, sem forças. Ela teria sobrevivido?
Me sentia mal, soava feito uma cachoeira, seria melhor chamar a enfermeira? E aquela visita do meu pai, o que ele pretendia me dizendo a esta altura do campeonato que me amava?
Alguém bateu na porta. Estella.
- Entra.
Ela estava com um sorriso nos lábios.
- Aliás nem te agradeci pelo que fez por mim. Valeu viu...
Senti que ela se emocionou.
- Amigos? - Estendeu a mão.
- Sem mágoas ?
Ela riu.
- Nenhuma.
Fechei os olhos para lembrar um pouco das fisionomias de Lydie. Suspirei.
- Sei em que está pensando. - Estella me tirou dos pensamentos que estava tendo. Tão bons.
- Ah sabe é? - Brinquei.
- Sei... Lydie.
- Extao. Como será que ela está? Eu estou tão perto dela no mesmo hospital e tão longe nessa cama...
- Eu sei do que precisa.
- O quê?
- Fugir!
Eu arregalei os olhos. Ela prosseguiu:
- Vamos ser como antes, os velhos amigos de novo. Você, Laura, Lucca e eu. Topa?
Tentei me levantar com certa dificuldade, mas consegui.
- Se topo? Já topei...
Ela sorriu, pegou seu celular e ligou para Lucca. Em meia hora, os dois estavam no meu quarto. Era como no começo, amigos inseparaveis, estava, em partes, feliz.
- Enlouqueceu de vez foi Kaléo, e você Lucca? Os dois já não se cansam das burradas que fizeram?
Rimos.
- Laura, vejo que continua a mesma de sempre... - tornou Estella.
Rimos outra vez, só de rir meu ombro ainda doia.
- Eu topo. - Comecei.
- Se ele topa, eu topo também. - Disse Lucca.
Estella nem precisava dizer, havia topado desde quando sugeriu o plano. Só restou a Laura aceitar.
Botamos o plano em prática.
Laura foi até a recepção junto com o Lucca, ela fingiu passar muito mal e enquanto todos se mobilizavam para ajuda-la, Lucca ajudava Estella me tirar daquele quarto horrivel de hospital.
Quarto número 452, Lydie, atrás daquela porta... Lydie...
- Valeu Estella.
- Que isso, era o mínimo que eu devia...
Nos abraçamos e eu virei a maçaneta.
Lá estava ela cheia de tubos e cheia de aparelhos, me perguntei se aquele seria o fim.
- Quem está ai?
Era um fio de voz, algo mais baixo que um sussurro, mais era ela.
- Lydie?
- Kaléo, é você?
Tinha medo de me aproximar, mesmo assim me aproximei e segurei sua mãe galada.
- Sim, meu amor, sou eu mesmo.
Sua respiração era fraca, precária.
- Kaléo... - Ela chamou.
- Fale.
- Seu idiota - Tentou sorrir.
- Eu?!
- Não devia... devia...
- Pssssiuuu, vai te fazer mal - pedi - não fale, ok, sou mesmo um idiota.
Tentou sorrir de novo, tudo em vão.
- Seu... idiota, não devia, ter enfrentado... o Cadu.
Como ela sabia?
- Ele merecia, por tudo quanto fez pra você, como soube?
- Tenho... amigos...
Laura... eita Laura....
- Te amo Lydie Antonny.
- Você... promete...
- Promete o quê?
- Promete - Ela respirou fundo, sua respiração estava fraca - que eu não vou morrer.
- Prometo, você não vai morrer minha pestinha de cabelos rosa choque.
Ela, aos poucos foi fechando os olhos e dormiu segurando minha mão.
Uma enfermeira de rosto fechado entrou zangada na sala:
- Seus amigos foram obrigados a contar, não queremos tumultos em nosso hospital, terá que voltar para se quarto e sossegar. Não devia entrar aqui, a paciente está grave.
- Grave? Grave como...
- Acabaou de fazer uma cirurgia de recuperação muito delicada, nada deve atrapalhar.
Resolvi sair da sala, meio cabisbaixo pela notícia que acabava de receber.
Meus amigos vieram ao meu encontro.
- Foi mal cara, tivemos que falar.
- Não, tudo bem... foi mais do que suficiente...
Não estava tudo bem.
Não conseguia, por mais que eu quisesse enganar Laura, minha grande amiga Laura.
Ela me abraçou e eu não mais suportando o peso todo que recobria minhas costas, chorei feito bebê.
- Ela vai morrer...
- Não, não vai...
- Vai sim, não mente, ela está péssima droga!
Laura me olhou séria.
- Nunca menti pra você, se digo que ela não vai morrer, deve acreditar em mim poxa!
Ela tinha tanta certeza, queria ter a mesma certeza que ela. Laura fez um sinal com a mão e Estella e Lucca me abraçaram também. Ficamos assim , no meio do corredor do hospital abraçados.