CoisaSimples [15ºCapítulo]

Naquela noite, Eduarda voltou para casa com o objetivo de contar para o pai sobre o namoro com Hugo.

- “Oi pai!”

- “Oi filha, tudo bem?”

- “Tudo bem. Quer dizer, mais ou menos. Eu queria dizer uma coisa para o senhor, mas não sei se esta coisa vai lhe agradar.”

Otávio olhou a filha com uma cara de desconfiado.

- “O que foi minha filha, pode dizer. Eu confio em ti e sei que tu não faria nada que não agradece o teu pai. Pode falar!”

Eduarda sentiu-se mais confortável.

- “É que eu já tenho 17 anos e como a maioria das jovens da minha idade, eu estou acostumada a ficar com uns guris, a dar uns beijinhos por aí e acho que o senhor entende isso pois já teve a minha idade. Só que eu fui pedida em namoro e gostaria de apresentar o meu namorado à família.”

Ela ficou olhando para a cara de surpresa do pai.

Otávio não sabia o que dizer. Sabia que uma hora a filha namorava e ficava com os guris. Mas seu maior medo era de que fosse abandonado, de que a filha resolvesse largar tudo e ir morar com o cara, por exemplo.

- “Tudo bem. Pode trazer ele aqui. Sei que tu é uma guria responsável e sei também que tu deve ter escolhido um bom genro pro seu pai. E quando será a ‘cerimônia de apresentação’?"

- “Acho que pode ser semana que vem, por volta das 8 da noite. Tudo bem?”

- “É claro minha filha. Obrigado por ter confiado no teu pai e por ter me contado isto.”

- “Eu te amo pai!”

A adolescente foi para o quarto. Gostou da atitude do pai, achava que talvez ele não aceitaria. Mas o que não lhe agradou foi a sua própria atitude. Mais uma vez se confundia com seus princípios. Ficou feliz pelo jeito do pai, mas triste por estar namorando Hugo.

“O Hugo é um guri bacana. Mas toda vez que eu beijo ele é no Kaio que eu penso, toda vez que eu penso em alguém me vem na lembrança o beijo do Kaio. Acho que eu posso esquecê-lo e estou seguindo este caminho. Mas será que é o certo? Vou arriscar e descobrir a verdade.”

Alguns dias se passaram.

Kaio se arrumou para ir à festa com uns amigos. Estes amigos eram os mesmos de Eduarda, mas eles já não ligavam tanto para a jovem. A convidaram para sair, para ir à festas. Mas ela já não queria. Tinha um namorado.

Pequeno detalhe: “Em alguns namoros, o casal acaba se prendendo. Ou seja, se um sai o outro tem que sair junto, senão ninguém sai. Por um lado se entende, já que ‘quando a gente ama é claro que a gente cuida’, mas necessariamente não significa que devemos ficar respirando o mesmo ar ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Eis um pequeno detalhe.”

Entre Kaio e Eduarda o relacionamento começou a ficar um pouco mais sem graça. Já não passeavam tanto pois agora ela tinha um namorado para passear. Os serviços da casa eram feitos ora por um, ora por outro. Kaio tentava se reaproximar, mas cada vez que puxava um assunto, Eduarda falava algo da vida de Hugo.

Kaio então resolveu se divertir e não ligar tanto para Eduarda. Os sinais estavam chegando. Parecia que Eduarda ainda o amava, mas ele já não estava tão seguro disso.

Na festa, Kaio dançou mais que todo mundo. Tirou as gurias pra dançar, chavecou, paquerou, mas não ficou com ninguém. Tinha na cabeça a imagem de Eduarda. Cada guria que se aproximava, na visão de Kaio, tinha longos cabelos encaracolados, com olhos fatais.

Enquanto Kaio se divertia na festa, Eduarda estava em casa assistindo à novela. Foi o primeiro dia, depois do início do namoro, que ela sentia falta de Kaio. Quando estava com Hugo estava feliz, mas era só ficar sozinha que já queria a presença de alguém. E este alguém não era Hugo. Era o Kaio.

É difícil entender como certas coisas acontecem em nossas vidas. Há pouco tempo Eduarda estava recém conhecendo Kaio. Agora já sentia a sua falta. Queria estar perto dele mas não queria dar falsas esperanças, esperanças de um relacionamento que talvez não possa acontecer.

Lá pelas 3 da manhã Kaio chegou em casa. Tinha aproveitado a festa como ninguém. Eduarda estava na cozinha tomando água. Kaio cumprimentou-a.

- “Boa noite...”

- “Oi. Como é que tava a festa?”

- “Estava excelente, só faltava você pra minha noite ficar completa.”

Os olhos de Kaio buscaram os de Eduarda. Ela não resistiu àquele sorrisão que lhe desejava ‘Boa Noite’.

- “Eu vou dormir. Mas olha só... eu estou gostando do Hugo. Então eu gostaria que tu não impedisse o meu relacionamento com ele. Amanhã ele vem jantar aqui em casa e eu não gostaria de nenhum ‘barraco’, nenhuma desavença.”

- “Eu não sou este tipo de gente. Mas não queria desistir de você. Porém estou vendo que tu realmente está gostando dele e...acho que está se aproximando a hora de eu desistir de você. Só queria fazer um último pedido, antes de vocês oficializarem este namoro.”

- “Pode fazer. Se estiver ao meu alcance, adoraria te ajudar. Afinal de contas, tu sabe que eu te considero bastante.”

Kaio olhou-a nos olhos e se aproximou da jovem. Queria um beijo, nem que fosse o último.

- “Eu quero um último beijo. Só um. Pra acabar de vez com esta história. Um último beijo.”

Eduarda estremeceu. Não se conteve com o galanteio de Kaio, com aquela voz sussurando em seu ouvido.

O rapaz colocou a mão no rosto da jovem e fez uns carinhos. Estavam se olhando. Em seguida, segurou a nuca da adolescente e a beijou.

(“Quando foi que você viu eu não fechar, os olhos enquanto lhe beijava a boca, com um beijo doce de amor, e de confiança...Eu sou o tempo imperfeito, velho espírito do amor”)

Yan Nikson
Enviado por Yan Nikson em 25/10/2010
Reeditado em 25/10/2010
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