CoisaSimples [14ºCapítulo]
Kaio pensou bem no que iria dizer. Não estava afim de conhecer Hugo, muito menos de dizer onde estava Eduarda.
- “Ela saiu. Não disse onde foi e nem que horas volta.”
Ele disse isto friamente.
- “Tudo bem, vou tentar ligar para o celular dela. ‘Valeu aí cara’.”
Kaio fechou a porta.
“Como ela pode ficar com este cara. Ele não parece ter atitude, personalidade. É mais um lourinho destes metidos a mauricinho. Coitada da Eduarda. Mas tudo bem, deixa ela se divertir com ele. Mais cedo ou mais tarde ela perceberá que deve ficar é comigo. Acho que me achei demais agora, vou voltar a ver TV que estava tri divertido antes deste cara aparecer.”
O jovem se sentou no sofá. Mas em breve ouviu um celular tocando e correu para atender. Foi na cozinha e lá estava o celular de Eduarda. No visor estava escrito “Hugo”. Ele outra vez não...
Depois de inúmeras chamadas Hugo desistiu. Enviou uma mensagem, que dizia:
“Vamos nos ver hoje à tarde? Espero a tua resposta. De quem te ama. Hugo”
Kaio ficou mais irritado. Apagou o torpedo. Ele não é malvado, nem egoísta. Mas queria fazer o que nunca tinha feito com as outras namoradas e ficantes que teve : CORRER ATRÁS. Não podia simplesmente deixar Eduarda esquecê-lo. Queria o amor dela. Queria que ela o enfrentasse de frente.
Só desistiria se notasse que Eduarda não gostava mais dele. E este dia ainda não havia chegado.
Ficou mais seguro de si após apagar a mensagem.
Lá pelas 3 da tarde, Eduarda chegou.
- “Oi, Sabe se meu celular está por aqui? To com medo de ter perdido...”
- “Pior que eu não sei... Deve estar por aí...”
Ela procura pelos cômodos e o encontra na cozinha.
- “Achei! Que estranho, achei que o Hugo tinha me ligado. Mas tudo bem, depois eu ligo pra ele.”
- “Aham.”
Kaio confirmou, mas não gostou do “depois eu ligo pra ele”. Estava se mordendo de ciúmes.
Tomou café da tarde com Eduarda, sentado na varanda. Um leve vento soprava o rosto dos dois jovens. Eduarda resolveu fazer uma pergunta mais íntima.
- “Tu já namorou?”
- “Sim. Tive duas namoradas, relacionamento sério, e umas outras ficantes.”
- “E como foi, tu gostava delas ou só queria beijá-las mesmo?”
- “As duas coisas. Mas é que nenhuma me deixava feliz, nem minha última namorada, que tinha sido a que eu mais gostei. Antes de te conhecer, é claro.”
Eduarda riu. Afinal de contas, ela que puxou assunto...
- “Ela era muito chata. Gostava dela mas já não suportava mais aqueles gritos no meu ouvido, aquelas reclamações. Estava de saco cheio dela. Mas enfim, por que você fez esta pergunta?”
- “Por nada. É uma questão de confiança, de conhecer mais a pessoa. O Hugo é o meu primeiro namorado e eu estou um pouco nervosa com isso.”
Kaio riu. Afinal de contas, ela estava falando do namorado ao qual Kaio gostaria de estar no lugar.
- “Pois é. E ai, vocês vão sair hoje?”
- “Vamos. Daqui a pouco ele passa aqui. Vamos na sorveteria.”
Ela queria dizer isto na frente de Kaio. Queria que ele entendesse a situação. Mesmo que ela ainda o quisesse, queria despistar qualquer sentimento que pudesse passar dos limites. Seu coração ainda batia forte pelo sorriso e pelos olhos castanho escuro de Kaio.
Ele queria ouvir de Eduarda um ‘eu te amo’. Mas só ouvia coisas de Hugo. Mesmo que ele aceitasse o namoro dela com aquele cara, não deixaria de amá-la. Seu coração ainda batia forte pelos cabelos compridos e cacheados de Eduarda e pelas palavras que saiam daqueles lábios carnudos.
Meia hora depois, Hugo buscou Eduarda em casa. Luíza e Otávio já iriam chegar do trabalho e Eduarda pediu a Kaio que dissesse que ela foi ao shopping.
Kaio queria dizer a verdade, mas não conseguia ‘dedurar’ a guria a quem tanto amava.
Hugo presenteou Eduarda com um anel.
- “Como assim Hugo? Um anel é algo muito sério para este nosso início de namoro!”
- “Não é não. Meu amor por ti que é exagerado e sério. É do teu lado que eu quero ficar.”
Ele beija Eduarda. Ela não entende o que está acontecendo.
- “Não posso aceitar este anel.”
- “Já basta não aceitar meus telefonemas e minhas mensagens. Agora o anel tu aceita e oficializamos o namoro em nossas casas, por favor...”
- “Chamadas, mensagens?”
- “Sim. Eu te liguei várias vezes e tu não atendeu. Teu ‘irmão’ me disse que não sabia onde tu tava, nem que horas voltava.”
Eduarda pensou em Kaio.
“Então ele se livrou das mensagens e do Hugo. Meu Deus, ele é um gênio.”
Ela sentia-se feliz por saber que Kaio estava ‘correndo atrás dela’ e lutando para conquistá-la. Já estava conquistada por ele, mas não queria ceder. Queria tentar namorar Hugo.
- “Eu não vou aceitar o anel, mas aceito a oficialização do namoro. Daqui a uma semana.”
Eduarda saiu correndo. Queria um jantar em família para apresentar Hugo. O objetivo: esquecer Kaio. Enquanto corria, ela sorriu pensando no beijo do jovem.
(“Ah se eu soubesse como fazer você me amar sem se ferir, em que lado você está, que não do lado do meu coração...”)