Meu coração é todo seu. cap 23.
A rotina voltou ao normal, escola, amigos, casa, Savana ou melhor... quase ao normal pois eu fazia isso ao lado da menina que eu mais amava no mundo todo.
Era uma quinta-feira, fui pegar Lydie em casa, iriamos para a escola juntos e encontrar Lucca e Laura no caminho. Ela, como sempre, me esperava na porta.
- Quando é que eu vou conseguir chegar primeiro que você hem?
- Levando em consideração - ela me beijou - que moramos na mesma rua e eu tenho a vantagem de olhar pela minha ampla janela quando você estiver se aproximando eu diria que nunca...
Que safadinha, pensei.
- Pois eu aposto como eu ainda vou te superar.
Ela só riu como resposta.
Lucca e Laura se aproximaram. Nos cumprimentamos:
- Gente, como a semana passa rápido! - Exclamou Laura. - Hoje já é quinta.
- Rápido?! pra mim é uma lerdesa que só vendo...
- Lucca, como você é reclamão! - ajudou Lydie.
As meninas riram.
Chegamos na escola.
Primeira aula, uma chatisse português.
Segunda aula, matemática.
Terceira aula, Espanhol.
Sinal, intervalo!
- Putz! Tenho que concordar com você Lucca, uma lerdesa que só vendo - disse me encaminhando para o pátio.
- Não disse Laura, fala agora Lydie, fala que ele também é reclamão, fala!
Lydie sorriu.
- Ele não... ele não é reclamão, só um tiquinho preguiçoso.
Laura riu.
- Lydie, vamos comigo na cantina, estou com fome.
- Claro, também estou. Já volto amor. - disse se virando pra mim.
Lucca e eu sentamos numa mesinha do pátio, para esperar pelas meninas, quando, após alguns minutos esperando Estella se aproximou:
- Kaléo? Podemos conversar?
Lucca vendo o clima ruim que se instalara disse:
- Olha Kaléo, vou lá comprar um lanche também, já volto.
Estella sentou.
- É sobre você e eu.
- Não existe você e eu, só Lydie e eu.
- Não me entenda mal! Eu só queria dizer que gostaria muito de voltar, de repente, a ser sua amiga, sabe, como antes e...
- Olha só Estella, o que andou fazendo comigo... não está escrito, não sei se depois de tudo vou conseguir voltar a ser seu amigo.
Seus olhos encheram de lágrimas.
- Podemos tentar.
- E tem mais, não sei se Lydie concordará.
Uma lágrima caiu.
- Vamos ver se ela não vai concordar depois do que descobri... - ela tinha um rancor na voz tão forte que eu estremeci assustado.
- O que você descobriu!? Fala o que você descobriu!!!! - Eu a chaqualhei.
Em isntantes Lucca veio me gritando, eu sai da mesa desesperado, esquecendo de Estella, que chorou ainda mais.
Ao chegar perto do refeitório, Cadu estava com um rosto furioso, e avermelhado acho que de raiva, enquanto Lydie estava caida no chão desacordada, Laura ajoelhada ao lado dela tentando ampara -la.
Não sabia o que eu fazia, se partia pra cima de Cadu, ou se ajudava a minha Lydie. Optei por partir pra cima daquele imbecil:
- O que você fez com ela!!!? - Acertei um soco na boca do estômago dele. Ele tossiu.
Veio pra cima de mim, com uma rasteira me derrubou. Cai de costas no chão. Me levantei rápido e acertei-lhe outro soco, agora no rosto.
Ele caiu:
- Isso não vai ficar assim, seu malandrinho de nada!
Eu esqueci dele e me ajoelhei no chão com Lydie.
Essa altura médicos e enfermeiros entravam com uma maca, e já colocavam ela dentro da ambulância.
Entrei junto no carro, sempre segurando a mão de Lydie.
Sabe, nunca fui muito de rezar, nem me apegar a Deus, mais hoje, estava tão aflito que pensei nele com todo meu amor e devoção que jamais pensei que pudesse ter.
Em certo momento da "viajem" até o hospital, ela abriu o olho.
- kaléo?
- Sim meu amor, estou aqui, estou aqui, pode me falar o que quiser, meu amor, você vai ficar bem eu prometo, vai ficar ótima.
Mas ela não ouviu, estava sob efeito de sedativo e por isso voltou a dormir, o que foi um alivio pra mim, não queria que ela sofresse muito menos me visse sofrer.
Não deixaram eu entrar na sala com ela, me sentei na sala de espera para esperando pelo melhor, somente pelo melhor.
Em instantes, Laura, Lucca e a diretora adentraram a sala, abracei Laura.
- Ela não pode morrer, se ela morrer eu morro junto Laura, juro que morro junto!
Lucca se aproximou também.
- Não! Ela não vai morrer, confie!
Me desabei em lágrimas, não era hora pra tentar ser forte.
A diretora veio conversar comigo:
- Os pais da moça já foram avisados.
Eu a olhei, era como se estivesse a vendo pela primeira vez. Uma mulher que tinha sempre o olhar forte e determinado, de repente tinha uma súbita compaixão no olhar, por mim!
- A senhora poderia fazer o favor de avisar a minha mãe também?
Ela tocou em minha mão.
- Claro, como quiser.
- Obrigado.
Voltei a me sentar, e esperar pelo melhor, somente pelo melhor.
- Cadê minha filha, minha filhota!!! - A mãe de Lydie estava chorando muito, muito mesmo.
Pai de Lydie tinha o olhar cansado e triste.
Me aproximei:
- Ela entrou, acho que na sala de cirurgia, faz um meia hora.
Mãe dela me deu um tapa na cara:
- A culpa toda é sua! Sua! se ela morrer a culpa é toda sua.
Eu aceitei o tapa na cara, sem questionar, nessas horas todos querem arrumar um culpado, talvez para aliviar a dor.
Lucca chegou:
- A senhora não tem o direito de fazer isso com ele.
- Deixa Lucca... - susurrei.
- Deixa nada! Não sabe como aconteceu, não estava lá, não viu... então não tem o direito. Pelo amor de Deus, ele ama a Lydie, acha que iria querer alguma mal pra ela?
Laura me abraçou, voltei a chorar.
Era preciso se unir numa hora dessas, mas os pais dela não queria minha união, o que eu podia fazer?
Em uma hora minha mãe surgiu espantada pela porta, nos abraçamos muito forte:
- Vim assim que pude. Como está?
- Péssimo, derrotado. O que seria de mim sem você mamãe?
Com ela pude dividir um pouco de minha dor.
Mamãe se aproximou de meus amigos.
- Podem ir embora se quiserem, eu fico com ele, os pais de vocês devem estar preocupados, vocês vieram direto da escola.
- Não, não, adoramos a Lydie também, estamos super preocupados, queremos ficar, o Lucca já avisou nossos pais que deram total apoio.
- Tudo bem então, quanto mais gente melhor.
Eram quase seis horas da tarde quando um Doutor de mais ou menos quarenta e cinco anos e olhar bondoso se aproximou:
- Os pais de Lydie Antonny?
Os pais dela se levantaram, o pai respondeu:
- Somos nós.
- Doutor Pestanha, às ordens.
- Como está minha filhinha doutor, não minta!
Ele coçou o queixo:
- Bom, o caso dela é um tanto delicado, ela já sofria de uma doença certo? Mas com os tratamentos que eu presumo que ela estaria fazendo, a doença se tornou estável, quase impercepitivel, como se ela não tivesse doença alguma. Mas ela deve ter sofrido algum aborrecimento muito grande, grande o bastante para fazer com que o tratamento se anulasse e a doença voltasse com toda a força. Ela está como se não tivesse feito tratamento nenhum.
Mãe dela sentou-se baqueada:
- E agora?
- Bom, ela está sob o efeito de remédios e graças a Deus, existe um tratamento muito especifico nesses casos,mais a chances de riscos são muito enormes, grandes mesmos. E tem mais, este tratamento é muito caro e o risco de dar errado é de 50 %. O corpo dela pode recusar o tratamento de uma forma que a morte será instantânea.
Eu levei a mão a boca.
- Mas...- tornou o médico. - Se ela fizer o tratamento e o corpo dela não recusar,poderemos dizer que ela estará curada, corre o outro risco que se ela não fizer o tratamento, a qualquer aborrecimento, por menor que seja, tenha, como já disse, morte instantânea... vocês decidem.
O médico entregou um papel.
- Aqui explica as formas de pagamento, preço, termo de autorização e que estão ciente dos riscos que estarão correndo. Se assinarem, imediatamente a cirurgia será feita e o pagamento pode ser discutido com a secretária. Decidam-se rápido, o tempo é curto.
Doutor Pestanhas deu meia volta e adentrou o corredor das salas de cirurgia.