Na sua pele. Cap. 11

POV Annabelle

Nos dias que se passaram, eu não falei mais com a Débora. Não por que eu não quisesse. Mas ela simplesmente me tratava como se eu fosse um lixo. Eu não conseguia entender o que de tão ruim eu tinha feito a ela. Mas ela passou a me ignorar e espalhar alguns boatos maldosos sobre mim por todo o colégio. Quando Bridget e suas seguidoras, me viram, tentaram colar em mim para tentar me convencer a ser amiga delas, eu me esquivei e me aproximei do Dani. Somente ele entendia como eu me sentia. Só suas palavras de consolo e seu rosto perfeito para não me deixarem profundamente triste com a amiga que eu havia perdido aparentemente para sempre, sem saber nem ao menos a razão.

POV Débora

Já fazia um mês que eu não dirigia à palavra a Annabelle Kouren. Tirando o fato de estudarmos na mesma classe, eu não a via em lugar nenhum. E nos dias que se passaram depois que eu havia literalmente rompido a nossa amizade, muitas pessoas começaram a não falar comigo e me olhar feio nos corredores. Como se eu me importasse! Nada poderia estar pior para mim. Eu estava cada vez mais tenebrosa com as minhas tentativas falhas de passar o lápis de olho, e cada vez mais as pessoas queriam distância de mim no colégio. Mas eu não esperava nada diferente. O que eu realmente sentia era uma dor. Uma dor profunda e uma inveja enorme e exasperante da felicidade DELA. Annabelle Kouren tinha tudo que eu sempre quis na vida. Beleza, dinheiro, e Daniel. Eu não suportava olhar para ela sem querer ser ela, ao mesmo tempo que a odiava por ela estar vivendo tudo que eu sempre quis para mim. A vida era tão injusta! Tão injusta!

O Dani devia me odiar agora. Eu a garota que aparentemente estava fazendo a garota dos sonhos dele se sentir mal.

AH, COMO A VIDA É INJUSTA!

Eu estava sentada no banco da cantina, rezando para ninguém vir falar comigo. Bridget adorava vir falar comigo para me perguntar sobre os podres da Annabelle e eu falava com prazer um monte de mentiras, que ela não tomava banho, que tinha enormes espinhas nas costas, e Bridget espalhava para todo mundo. Mas como ninguém dava atenção as fofocas, ela parou de me incomodar e a única pessoa que ainda falava comigo naquele colégio, em que agora eu tinha me tornado ODIADA, era o Lucas e a paixão insuportável dele por mim.

-O que aconteceu com você, fofinha? – Perguntou ele com aquela voz irritante se sentando ao meu lado cauteloso. Ele até que estava

bonito, mas isso não ajudou. –Tem me evitado.

-Lucas, caso você não tenha percebido, eu sempre te evitei. –Respondi, friamente.

-É, mas agora você tem me evitado mais do que o normal. – Retrucou ele. – E está usando essas coisas horríveis no seus lindos olhos! Pelo amor de deus minha Débora, tire isso, te deixa parecendo uma gótica,

fofa!

-Grr...Pouco me importa se fica parecendo uma gótica, ou se fica

parecendo uma banana africana, só sei que contracena com o meu humor, e você já deve ter percebido está zero!

E dito isso me levantei enfurecida, esperando a sineta tocar para retornar a sala de aula. Estudar vinha se tornando uma missão difícil quase impossível. Peguei uma caneta e comecei a rabiscar o nome do Dani em várias letras diferentes, e no outro lado escrever “Annabelle Kouren, é uma vaca.”

Quando chegou a hora de sair, eu não pude agradecer mais. Não via a hora de sair daquele inferno, na verdade só não pedia para minha mãe me transferir de escola, porque o grande amor da minha vida, ainda estudava naquele colégio, embora eu fosse obrigada a vê-lo todos os dias envolvido em amassos com aquela que se dizia minha melhor

amiga.

E por acaso foi só pensar nos dois, que esbarrei na cena, eles trocando saliva para todos apreciarem, de uma forma espetacular, parecia o casal mais lindo do mundo.

Íncrivel como aquela cena, que eu já vira tantas vezes ainda me afetava tanto. Todas as vezes que os via juntos, meu coração parecia estar sendo arremessado a uma tábua cheia de pregos e sendo perfurado em todos os sentidos.

Dei uma ultima olhada na perfeita Annabelle recebendo mais um beijo dele, e saí correndo, apressada para a minha casa.

Não olhei para trás, com medo de que Lucas tivesse me seguindo. O

que eu menos precisava era que ele me visse chorando.

Todos os dias desse último mês, eram iguais, todos os dias a mesma coisa, VER OS DOIS, ver a linda aliança no dedo perfeito de Belle, me faziam chorar todos os dias. Todo santo dia.

Sequei as lágrimas antes de entrar no meu apartamento, não queria que minha mãe se preocupasse.

-Olá, filha. Está com fome? – Perguntou ela. Ela estava pintando um quadro na sala, mas eu passei apressada.

-Não, mãe, já comi. Vou estudar. Muito dever. – E me tranquei no quarto.

Era sempre isso.

Mas um rio de lágrimas.

Eu comecei a me perguntar porque eu tinha que ser eu. Porque eu

tinha que ter aquela vida tão infeliz.

Me estendi na cama.

E fiquei fitando o vazio. Começei por pura distração a mexer numa caixinha, então envolvi um amuleto com as mãos. Era o amuleto da minha avó. Ela havia me entregado antes de morrer. Ela disse que realizava desejos. Fitei o amuleto com interesse e senti uma lágrima escorrer, olhei para ele, e pensei, ironicamente.

“A meu único desejo é ser Annabelle Kouren.”

Sorri para mim mesma,com pesar, e então adormeci com o amuleto na

mão pensando no quanto seria bom se o meu desejo se tornasse realidade.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 03/10/2010
Código do texto: T2535631
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