Meu coração é todo seu. cap 18.

Eu fui na casa da Lydie, mas ela não estava tinha saido com a mãe, ela estava chateada comigo, não podia deixar as coisas continuarem assim. Armei acampamento em frente sua casa.

Esperei até ela chegar sentado na calçada.De lá eu não saia.

Nem chuva me tirava de lá.

Ah! por que fui abrir minha santa boca? E não foi que começou a trovejar e pingos de água caiam sobre minha cabeça?

Mas vamos lá kaléo, firme e forte debaixo da chuva, uma prova de amor que ela não vai poder se quer duvidar!!! Que tipo de louco apaixonado faz isso pela amada? O meu tipo...

O carro estacionou, a janela abaixou, Lydie e sua mãe.

- O que é que está fazendo debaixo deste temporal menino!? Vai se resfriar! - Mãe de Lydie gritou.

- Só vou embora assim que eu falar com sua filha!

- Hojé não é o melhor dia, sinto muito...

A porta de trás do carro abriu, Lydie saiu de dentro dele, a chuva caindo ainda.

- O que você quer?

- Lydie Atonny, entre neste carro agora mesmo!!! - a mãe dela estava tendo um colapso, não sabia se dirigia o carro ou se perseguia a filha.

- Quero falar com você...

- Ta, tudo bem, conversem crianças, mas dentro de casa. - Decidiu por fim a mãe de Lydie, que não sei porque, acho que não ia muito com a minha cara.

Nós ficamos no quarto, só ela e eu. Lydie havia trocado a roupa molhada, e me deu uma toalha. Começava a me secar.

- Desembucha kaléo.

Desde quando ela falava assim comigo? Parecia que tinha voltado tudo ao normal, como era antes... como cão e gato.

- O que ta rolando? Eu te fiz alguma coisa?

- Nada, não fez nada!

Ai que "merda"...

- Como vai ser? Vai ficar nesse lenga lenga? Não tenho bola de cristal, se não me dizer não tenho como adivinhar pow!

Ela me olhou, aqueles olhos desafiadores voltaram com toda a força do mundo!

- Não me disse nada sobre a Estella! Nojenta!

- É isso? Só isso?

- Por que? Tem mais?

Eu ri.

- Não claro que não - Segurei ela pela cintura - Só você.

- Me larga Kaléo, não sei quanto tempo mais consigo resistir a você!

Eu ri mais ainda:

- Não resista então...

- Não é bem assim - Ela se aconchegou em meus braços - Eu ainda estou brava com você! Ela te ama também, não sei até quando eu vou continuar vencendo essa disputa, não sei até quando você vai me escolher...

- Deixa de ser boba Lydie... Te amo.

- Ai!!! É que você me deixa louca!!! Ela me atacou com tudo hoje! Todos são contra nós!

Passei minha mão pelo seu rosto carinhosamente, olhei nos seus olhos e tornei:

- Nada vai nos separar, nem a morte não é?

Nos beijamos.

A sensação que eu tinha ao beija-la é totalmente indescritivel! Sua boca era macia e parecia ter feita sob medida só pra mim, era caliente e ao mesmo tempo selvagem como se o mundo fosse acabar e aquele fosse o último dos últimos beijos, e ai é que está a magia, abrimos os olhos e nos deparamos que o mundo não acabou e que temos a chance de experimentar de novo este beijo.

Mas uma coisa martelava sem parar em minha mente... Lydie doente, não era possível...

- Até a morte não é... daqui muito muito tempo... não é...?

Ela saiu do aconchego do meu abraço e foi até a janela sentir a brisa suave do vento, ela sempre fazia isso.

Fui até a janela.

- Responde.

Ela voltou para dentro do quarto e retirou do armário um rádio portátil, apertou play.

- Essa música... música clássica... sempre imaginei que era um velhinho ouvindo ou mais um desses riquinhos que tivessem se mudado para esta casa... ela me acalma.

Lydie sorriu, estava serena, calma.

- A mim também.

- A unica coisa depois de você que me acalma sabia?

Nos beijamos.

- Até a morte pode até ser, só não sei se será daqui a muito tempo Kaléo...

Não, não... conseguia entender o que ela quis dizer com isso.

- Lydie... não... - Tinha medo de ir mais além - Não entendi...

- kaléo, eu sou doente! Muito doente!

Tum

tum-tum

tum-tum-tum-tum...

Meu coração bate acelerado.

Minha pulsação está instável.

Não sinto minhas pernas e o quarto todo gira...

- Ainda não entendo...

- kaléo, sou doente, tenho doença terminal, meus dias na face da terra estão contados...

O quê???

E como eu fico...?

como eu fico...?

Tive que sentar, sentia que ia desmaiar.

- Kaléo, você está bem?

- Não! Eu não estou bem...

- Eu nunca quis te iludir, te enganar, te fazer sofrer, não, nada disso! aconteceu!

Eu sentia meu rosto molhado.

De suor?

De que?

Lágrimas, essa é a resposta, meu rosto estava molhado de lágrimas.

Lydie me abraçou:

- Meu amor... não chora - Suas lágrimas se misturavam as minhas no abraço - Eu te amo muito... muito mesmo...

- E como eu fico?

- Você vai ficar bem, eu sei que vai...

- Como eu fico SEM você!!!?

Ela chorava também.

- Acha que vai ser fácil ficar sem você também!!!?

- Não!!! Você não vai morrer, não vai, eu não vou deixar!!!

- Não tem como impedir - Ela chorou ainda mais - Meus pais fizeram de tudo, de tudo, tudo mesmo para eu sobreviver... nada foi possível!

- Tem que ter um jeito, tem que ter uma solução!!!

- Não tem! Meus pais.. meus pais até fizeram um acordo com a familia do Cadu, ele pagava meu tratamento que é olho da cara, uma fortuna e por mais rica que eu seja, não disponho de todo esse dinehiro, já o Cadu sim... Em troca cadu me namorava e ainda meu pai trabalhava para sua familia de graça... uma tristeza... passei minha juventude toda ao lado de um cara que nunca amei. Vim para esta cidade, procurando paz, mais em vez disso encontrei você! Bem mais que eu poderia querer!!! Obrigada por tonar minha vida tão vazia, maravilhosa! - me beijou levemente nos lábios.

Tinha que ter um jeito...

- Eu ainda vou encontrar um jeito...

Voltei a chorar com as mãos sob o rosto.

- Sem você eu não fico, pois então que a morte me leve, mas poupe você!!! Poupe você, não suportaria te ver sofrendo, não suportaria!

- Psssssiuuu! - Tornou Lydie - Nunca mais diga isso...

- Você acabou com seu unico tratamento por mim, como eu sou egoísta!!! Me odeio por isso, não sou uma pessoa boa, não te mereço!

- Eu que não te mereço meu amor... você é o que me segura!

Chorei abraçado a Lydie durante muitos minutos, diria que horas, só fui embora quando escureceu. E com uma certeza na cabeça! Eu não iria perder a Lydie, nem que pra isso, tivesse que me afastar dela, pelo menos estaria agindo certo, mesmo que pra isso tivesse que me magoar e magoa-la. Não iria perde-la!

Cheguei em casa, entrei no banho. Mas pra que me banhar se já estava banhado de lágrimas???

São seis da manhã, e eu ainda não preguei os olhos. Estão tão inchados que nem fechar eu consigo... vocês podem achar que é drama, mas não é. Não sei explicar de onde eu tirei todo amor que sinto por aquele ser magnifico chamado Lydie, e fico me perguntando se para amar é preciso sofrer tanto.

Poxa! Eu lutei para ficar no Brasil para ficar ao lado dela, enfrentamos nossos pais juntos, ela terminou com o Cadu por mim... e agora isso? Não poderemos ficar juntos por causa disso?

Doença terminal? Desde quando a vida de uma pessoa pode ser contadas nos dedos por um médico? Desde quando?

Só sei que estou arrasado! Estou no chão! Um caco! Não sei de onde tirar forças pra me levantar... não sei... só de pensar que a qualquer segundo posso perde-la, meu olhos, que não obedecem mais, derramam lágrimas sem que eu possa impedir!

Não quero!!! Não quero!!!

Mas não sei como ajudar minha menina, não sei como posso ajuda-la! Eu quero proteger ela, sou um homem ou um sacos de batatas?!!

Um sacos de batatas!

Acho que encontrei uma solução!

A pior de todas.

A mais ruim e doida de todas.

Mas é preciso... nem que para isso eu ME machuque.

Nem que para isso EU morra aos poucos.

Nem que para isso ELA não me perdoe.

Mas que não me perdoe em vida, e esqueça a morte.

Lydie, te amo!

Marquei um encontro com cadu, na rua de trás do Savana, só eu e ele, mais ninguém.

Vou confesar, foi duro levantar da cama para ir me encontrar com aquele imbecil!

- Nossa, caiu da cama, está com uma cara péssima - zombou cadu.

- É cai...Mas o assunto não sou eu.

- E quem é então?

- Lydie.

Ele sorriu:

- Não quero saber.

- Vai ter que saber, isso te favorece.

Ele se interessou:

- Anda, fala!

- Ela é toda sua, eu não quero mais ela, não quero.

Ele riu gostosamente:

- E por que eu a queria de volta?

- Simples, deixo você sair por ai se gabando que tomou ela de mim, imagine sua fama, vai poder dizer que finalmente me venceu!

Ele gostou.

- Mais o que você ganha em troca?

- Nada, só que você prometa que vai continuar pagando o tratamento todinho dela, por favor cara, é só isso que eu te peço, o tratamento dela é muito importante pra mim e pra ela também.

- Não sei..

- Anda cara, aceita... sei que você ainda gosta dela. - Como foi duro insistir.

- Tem razão, vou aceitar, e digo mais, vou fazer o possivel para que o tratamento dela de tudo certo. Mas a proposta está de pé?

- Muito.

Demos um aperto de mão como símbolo do pacto e cada um foi para o seu lado.

Se passaram três dias sem ir a escola, sem ver Lydie,sem ver meus amigos, sem ver ninguém. Só no meu quarto, definitivamente derrotado, imaginem como ficarei quando ela morrer. Mas acho que fiz a coisa certa entregando ela a alguém que possa fazer alguma coisa pela sua doença.

Minha mãe entrou no meu quarto:

- Não existe mais educação? bate na porta antes... - resmunguei.

- sou sua mãe.

- É mesmo, pensei que tinha se esquecido de que tem filho...

Ela me olhou triste, nunca vi assim antes:

- Não diga isso.

- Digo por que é verdade.

- Vim para conversar, não precisa ser uma boa mãe para perceber que você não está legal...

- Que isto te importa? Me deixa em paz!

- Importa e muito está ouvindo - ela gritou - Eu te amo, embora não demonstre muito isso.

Eu me calei, parecia ser verdade, mais se ela pensa que iria me comprar com meia duzia de palavras estava muito enganada.

- O que está acontecendo?

- Adivinha, você não é minha mãe?

- Vamos ver... - Ela sorriu. - Brigou com a namorada?

- Não, errou.

- Com amigos?

- Não.

- Ou descobriu aquilo que não queria? Descobriu que a menina que ama tem o que não queria? Hã... acertei?

Me surpreendi:

- Quem te contou?

- Ué, não mandou eu adivinhar? - ela deu de ombros - Você ama mesmo aquela garota, não é mesmo?

Fiquei calado.

- O amor as vezes nos decepciona, sei como é... embora sua decepção tenha sido forte demais...

- Não sei o que fazer... - Desabafei.

- Nada, não faz nada, deixe o tempo agir, mesmo que lhe doa...

- O tempo vai levar ela de mim mamãe.

- Pelo menos você vai saber que aproveitou tudo quanto tinha que aproveitar com ela.

De repente eu era uma criancinha no colo da mamãe.

É... aproveitar... coisa que eu não estava fazendo!

Mas então, se eu tenho que aproveitar todo o tempo ao lado dela, será que não fiz besteira entregando minha Lydie para o Cadu de mãos beijadas? Será que fiz certo? Será que pensei que fazendo isso eu estaria ofendendo ela, machucando ela pensando que estava ajudando.

Burro, burro, burro, fez tudo errado.

E precisei que minha mãe, uma pessoa que eu não ligava a mínima me abrisse os olhos... o tempo, estava jogando um tempo precioso que tenho ao lado da menina que eu amo de coração!!!

Preciso consertar isso agora, preciso muito...

Dei um mega beijo na minha mãe.

- Valeu, nunca vou esquecer este nosso momento.

Ela se emcionou.

Sai voando de casa, precisava arrumar a "merda" que fiz!!!

Lydie espera por mim!!!!

Line Alone
Enviado por Line Alone em 25/09/2010
Código do texto: T2519059
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