porta para dois mundos - parte 5

Pring diz: como hoje tinha sol, eu resolvi ir passear no parque com a Belinha. Só que aconteceu algo inesperado. Ela correu para a rua e foi atropelada. Estava sangrando muito e um garoto veio me ajudar. Fomos ao veterinário e ela não resistiu. Quando eu soube que ela tinha morrido, desmaiei. Foi muito horrível e teria sido pior se o garoto não tivesse me ajudado. E eu nem conhecia ele.

Frederico não acreditou no que viu, ou melhor, leu. “Não pode ser. Pring não pode ser...”

-Alice? Você está aí? – chamou a mãe da garota – Filha, chegamos! – Alice saiu imediatamente do computador e foi ver a mãe.

-Mãe! Vocês chegaram dois dias antes. Está tudo bem? – perguntou Alice abraçando o pai e a mãe.

- Com nós sim, mas viemos antes porque ficamos sabendo que Belinha... Você sabe, filha. Eu sinto muito – disse a mãe.

-Sim, tudo bem. Nada é para sempre. Algum dia ela teria que morrer.

-Filha não fale assim. Vamos comprar outro cachorro para você – prometeu o pai.

-Não. Tudo bem. É sério. Por enquanto vou tentar viver sem animais domésticos – falou Alice engolindo as lágrimas.

-Oh filha. Não fique assim. Vem aqui – disse a mãe abrindo os braços. Alice jogou-se neles e chorou. Chorou o que tinha aguentado durante todo o dia. Chorou o que não pôde chorar com um garoto estranho ao seu lado. Frederico. Ele era um estranho. Algum tempo se passou e Alice se lembrou de Galun. Ela saiu e o deixou esperando.

“O que será que aconteceu? Ela não sairia desse jeito por tanto tempo. Algo está fora do comum. E será que Pring é...”

- Filho! – disse o pai de Frederico batendo na porta – lembra que temos uma janta hoje à noite?!

-Ah não pai... A janta é da sua empresa. Não preciso ir. E além do mais, essa janta não havia sido desmarcada?

-Sim. Mas marcaram novamente, pois um dos nossos colegas voltou mais cedo de viajem. E se arrume. Você tem meia hora – o pai saiu do quarto e Frederico desligou o computador. Foi tomar banho.

-Filha, lembra que teríamos uma janta hoje e ela foi desmarcada por causa da viajem de seu pai? – falou a mãe de Alice enquanto a filha enxugava as lágrimas.

-Sim. Por que? – respondeu ela.

-Porque ela foi marcada novamente. E começa daqui a trinta minutos. É melhor você tomar um banho e se vestir.

- Tudo bem, mas vamos voltar logo. Certo?

-Era o que eu queria. Mas essa janta é muito importante para seu pai. Alguém entrou na empresa. Agora ele tem um novo sócio – disse a mãe saindo entrando no quarto.

“Porque as pessoas voltam mais cedo de viagens? Agora eu terei que ir junto nesse jantar. Que coisa. Queria tanto falar com Pring.”

Duas horas depois...

Alice estava sentada em uma mesa com seus pais. Todos já haviam comido e agora estavam conversando. Ela olhava para os lados, procurando algo para se distrair quando viu alguém que não esperava ver nunca mais em sua vida. Frederico, o garoto que ela havia conhecido há algumas horas antes, estava lá. Ele, como se sentisse olhares em sua nuca, virou a cabeça. E viu Alice.