porta para dois mundos - parte 4
Quando abriu os olhos Alice pôde ver o garoto a observando nervoso. Ela enxergava tudo embaraçado e aos poucos sua visão e memória foram voltando. Belinha havia morrido. “Ela se foi. O veterinário estava falando isso quando eu desmaiei e agora...”
-Ei, como você está? – disse o garoto.
-Acho que estou bem. Mas Belinha...
-Tudo bem. Não vamos falar sobre isso. Você precisa ir para casa – falou enquanto se ajoelhava ao lado dela. Alice não sabia quem era ele.
-Está certo – ela se levantou – Eu vou indo. Muito obrigada por tudo.
-Não. Você não pode sair assim. Vamos chamar um táxi e eu te deixo em casa – o garoto segurou Alice. Ela estava fraca. E então, apoiada em um estranho, Alice saiu do veterinário. Ele chamou novamente um táxi e eles, agora somente dois, entraram.
-Bom, já que estamos aqui, me diga seu nome. Ainda não sei – ela disse, virando-se para o menino.
-É mesmo. Me chamo Frederico. Prazer – falou ele com sarcasmo e estendeu a mão para cumprimentá-la. Ela sorriu e retribuiu o aperto de mão.
-É um enorme prazer te conhecer. Você me ajudou muito. Obrigada de novo.
-Não foi nada, quando precisar é só dar um grito na rua novamente – os dois riram. “Ainda não falei com Galun. Ele deve ter estranhado que eu ainda não entrei. O que será que ele está fazendo?” Pensou Alice.
“Pring deve estar esperando. Mas agora não posso falar com ela. Daqui há alguns minutos”. O táxi parou em frente à casa de Alice.
-É aqui. Bom, foi muito bom te conhecer. Mesmo. Nem sei como agradecer. Se você não tivesse vindo me ajudar, eu nem teria levado Belinha ao veterinário e ela não sobreviveria com certeza. Quer dizer, ela mesmo assim... Tá. Você entende o que eu quero dizer. Obrigada.
-Sim entendo. Espero que a gente talvez se encontre novamente. Agora é melhor você entrar que seus pais devem estar preocupados.
- Ah não... Eles estão viajando. Voltam na terça.
-Na terça? – perguntou Frederico, lembrando de Pring.
- Sim. Mas seus pais não devem estar viajando e devem estar preocupados por você não ter ido almoçar em casa. O tempo voou. Tchau – ela saiu do táxi e abanou.
-Tchau, Alice. Até outra hora – falou Frederico sorrindo.
A garota entrou em casa e correu para o quarto. Ligou o computador e viu que Galun não estava. “Vou comer alguma coisa. Ele deve estar almoçando.”
Frederico entrou em casa e foi recebido pelos gritos da mãe:
-Onde você estava? Sabe que horas são?! Seu pai e eu ficamos preocupados, você nunca correu por tanto tempo – a mãe botou os braços na cintura e o olhou esperando uma reposta.
-Calma mãe. Aconteceu uma coisa. Um imprevisto. Eu estava chegando ao parque quando vi uma garota gritando. A cadelinha dela foi atropelada. Fui ajudar e então fomos ao veterinário, mas infelizmente ela não sobreviveu. Não a garota, o cachorro. Foi ruim e quando a garota soube disso ela desmaiou e eu tive que esperar ela acordar. Mas agora está tudo bem. Eu acho.
-Sério meu filho? Viu Jorge?! Ainda existem homens cavalheiros nesse mundo – disse a mãe olhando para seu marido – Mas filho, sente e coma alguma coisa.
-É mesmo. Já são quase duas horas da tarde – Frederico almoçou e subiu as escadas. Entrou no quarto e ligou o computador. Queria falar com Pring. Ela não poderia estar braba pela noite anterior.
“Ele entrou! Galun nunca vai acreditar no que aconteceu hoje. E muito menos que Belinha...” pensou a garota enquanto clicava no nome de seu amigo.
Galun diz: oi!
Pring diz: oi. Tudo bem?
Galun diz: sim. E com você?
Pring diz: mais ou menos. Você não vai acreditar no que aconteceu hoje.
Galun diz: e o que aconteceu?