O lago chamado vida.
A tarde nadamos num lago calmo e tranquilo, cristalino e cheio de amor, onde a segurança transparecia em cada gota de água morna que tocava nossa pele e nos fazia praticamente flutuar. Era um prazer nadar de costas para ver o céu azul maguinânimo de nuvens que nos acompanhavam e nadavam do lado de lá. Não havia competição e apesar da vantagem insólita dessas companheiras, todas chegavámos juntas. Quase podíamos ouvir uma canção de paz em cada braçada que davámos e o tempo era só uma maneira de medir a aventura sem hora pra acabar.
Queriamos ser donas do mundo e acho que por um instante fomos, pois se esse não era o lugar perfeito e à parte do resto não sei decifrar o que mais poderia ser.
Porém, após muito tempo nadando, fomos nos afastando da beira e adentrando o lago desconhecido. O lago da vida já não era tão calmo e passivo todo o tempo e nos mostrou isso quando suas águas foram se tornando turvas e agitadas e já não era mais possível voltar por mais fortes que as braçadas fossem, elas só nos traziam mais para o meio do redemoinho que parecia haver no centro. Era peciso lutar, encarar a situação com a mesma convicção e disposição da beira e assim fizemos, quase afundamos e pudemos conhecer a imensidão e
profundidade desse lago, como era complexo e alguns de nós se perderam, se assustaram e não voltaram a superficíe, eu confesso, quase fiquei por lá também, pensei que afundaria e ficaria para sempre presa afundando lentamente.
Mas de repente acordei, respirei fundo e subi a superficíe, trazida de volta a calma e a esperança infinita da beira, o céu azul das companheiras. De volta ao lar, a alegria, de volta ao lago da vida.