Meu coração é todo seu. cap. 13
Chegando em casa, meu pai já tinha ido trabalhar, fui direto para o guarda - roupa e enfiei tudo que consegui em duas malas grandes, abri meu cofre particular e rapei todo o dinheiro que pude.
Nem uma carta de despedida deixei, nunca tive boas lembranças daquela casa mesmo. Só sei que parei em frente a casa da Estella, onde meus amigos já estavam lá:
- Conta Kaléo, qual seu plano, estou nervosa de preocupação! - Laura, tão meiga, tão amiga, tão doce... adorava aquela menina, dei um forte abraço nela.
- Eu vou me esconder.
- E onde é esse lugar? - Estella estava aflita, partia meu coração ter que me despedir dela, eu gostava muito dela, não do jeito que ela esperava, mais eu gostava. Abracei ela também.
- Não posso dizer, seria pior pra mim, e pior pra vocês.
- Não! Não podemos ficar sem nos falar! - Lucca estava com muita raiva, a pior parte era ter que ficar sem meu amigão Lucca, ele era o irmão que eu nunca tive, ele era mais que um irmão, era amizade pra vida toda, sei que esse papo pode parecer brega, mas eu sinto que daqui pra frente minha vida vai mudar tanto que tempo para os amigos? Nunca mais... só na lembrança. Eu o abracei.
- Vai dar tudo certo Cara... eu dou um jeito de ligar...Adoro todos!
Peguei o ônibus que passava por lá e fui... peguei ônibus só pra despistar porque o lugar que eu ia, era tão perto... que passava longe do óbvio!
Esperei cair a noite e pulei a janela, ela não estava no quarto, fui direto para baixo da cama, como da outra vez. A maçaneta girou. Hoje ela estava calma, serena, era o que parecia, mas.. vamos ver.
Será que vai sair tudo como eu planejei... será...?
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HAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!
Foi essa a reação dela quando me viu embaixo da sua cama:
- Psssssssiu menina! - Pedi - Não grita por favor.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO NO MEU QUARTO??? - Ixixz. não esperava isso.
"Lydie, alguma coisa meu bem?" Acho que era o pai dela gritando de volta:
- Não pai, está tudo bem...
Ela me olhou, séria:
- Como foi que você entrou aqui? Aliás como você sabia onde eu moro?
- Eita, calma, só pulei a janela...e o resto foi fácil!
- Fácil uma "pinóia"! - Ela me deu um leve soco nas costas.
- Doeu!
- Não me importo, vai ter que sair agora!
Putz! Me ferrei.
- Não Lydie... não posso, você tem que me ajudar, minha vida está em suas mãos.
Ela se surpreendeu com as minhas palavras, porque trancou a porta:
- Muito bem, explica!
Contei tudinho a ela, desde a briga, até a ajuda dos meus amigos, e o dia em que eu vim aqui também, contei tudo. Ela parecia... estranha, parecia mais... tolerável:
- Nossa, que pai...
- Pois é, não tenho onde ficar...
- E espera que eu deixe você ficar aqui?
Seu cabelo estava num rabo de cavalo, nunca parei para realmente ver como as feições de seu rosto eram simplesmente incríveis:
- Isso mesmo, pelo menos por alguns dias.
Ela começou a andar de um lado para o outro nervosa:
- Isso não vai dar certo! - E pra piorar começou a roer unha.
- Por favor... minha ultima alternativa é você... acha que eu to afim de ir para a Alemanha? Eu sei que você me odeia e tudo, mas olha só Lydie, eu prometo do fundo do meu coração, não te importunar, eu juro!
Ela se calou:
- Eu não te odeio.
- Parece!
Ela prosseguiu:
- Apenas não sei direito quem você é... você é indecifrável...
- Engraçado.
Ela olhou:
- O que é engraçado?
- Eu também não sei quem é você... gostaria muito de saber, se você deixasse.
Ela abriu a porta e verificou se não vinha ninguém. Depois me esticou a mão em forma de trégua:
- Odeio injustiças, só por isso, somente por isso vou te ajudar, ouviu?
Eu estava tão feliz que dei um beijão em sua bochecha.
O que deu em mim? Fiquei vermelho na hora e ela constrangida, ai ai, preciso me controlar!
- Valeu Lydie... brigadão!
"Filha, o Cadu tá subindo..." Gritou a mãe dela, era bom de mais pra ser verdade.
E lá vamos nós pra debaixo da cama!
Sim, minha vida mudaria muito daqui pra frente!!!