[Mcfly] Ironic - Capítulo 1
A procura do emprego perfeito - Capítulo 1
Johanne Hurt
- Johanne! - A voz de meu pai era irritada, mas não me importei. Eu não quero trabalhar ali e não serei obrigada pelo meu pai. – Não é tão longe de casa assim meu amor!
Eu o encarei, arfando.
- Pai, moramos em Boston!
- OK Joh, eu entendi, mas vamos até lá tá legal? Não é certo você desistir assim.
- Pai! Rice Hill é o bairro mais sinistro que eu já vi em toda a minha vida!
- Johanne Hurt! – Só sou chamada pelo nome todo quando meu pai perde a calma. – Vamos lá e pronto!
- OK!
(...)
Meu nome é Johanne Hurt. Eu não gosto desse papo de se apresentar, acho chato, vergonhoso. Vamos lá. Tenho 18 anos e procuro por um trabalho, não acho que eu seja nova para trabalhar, mas acho que falta oportunidade no mundo de hoje.
Eu moro com o meu pai, Ben Hurt. Ele tem 41 anos, e é viúvo. Perdemos a minha mãe em um acidente de ônibus, uma verdadeira tragédia. Isso aconteceu quando eu fiz 14 anos.
Não me considero uma unanimidade em aparência. Na verdade eu sou muito é sem graça, “comum”. Tenho 1,70. Meus cabelos são claros, algumas mechas loiras, sou magra demais, sem nenhuma curva que me torne atraente. Na aparência eu sou a cara do meu pai, já na personalidade eu puxei à minha mãe.
Não sou muito paciente com algumas coisas.
Hoje meu pai e eu fomos procurar emprego juntos. Ele trabalha em uma pizzaria. Seu salário não é lá grandes coisas, por isso que eu decidi começar a trabalhar sem contar que... Eu já não sou uma criancinha. Preciso ter o MEU dinheiro, a MINHA independência.
Caminhamos silenciosamente pelas ruas de Rice Rd, meu pai assoviava tranquilo. Já eu queria a todo custo ir para casa.
O dia hoje estava quente. Típico de Nova York e as pessoas caminhavam sem pressa de chegar aos seus destinos.
- É aqui o endereço? - Perguntou meu pai, observando as ruas movimentadas.
- Sim, é! A empresa se chama – HB é de Marketing!
Não tive como não rir, não era irônico demais eu ser chamada para fazer uma entrevista logo pra um tipo de emprego que eu odeio?
- Filha! Se você não passar não precisa ir!
- É, que seja. Vamos!
Seguimos em direção ao final da rua e logo encontramos a empresa. Eu torcia internamente para não ser aprovada na entrevista. Antes de ser chamada aqui eu pensava que se me chamassem para trabalhar em qualquer lugar eu iria. Hoje eu mudei de ideia. Eu não quero trabalhar em Rice Rd com seus macabros assassinatos e estupros.
A empresa era comum, mas movimentada. Muitos funcionários andando de um lado pro outro apressadamente. Eu me sentei no sofá e ajeitei minha calça jeans. Mesmo sabendo que o serviço exigia roupa social eu preferi não vir com esse tipo de roupa. Eu odeio roupa social. Claro que meu pai achou errado eu vir de calça jeans, blusa de frio e all star. Eu não me importo.
10 minutos após eu chegar à empresa, uma moça baixa e de cabelos enrolados se aproximou com um sorriso gentil.
- Johanne Hurt?
- Sim.
- Pode entrar, Sr Mendez está te esperando na primeira sala a esquerda.
Olhei pro meu pai, ainda esperando que ele me dissesse pra irmos embora, mas de resposta eu recebi um sorriso cheio de incentivo.
Obrigada mesmo pai.
Daniel Jones
Era mais um estressante dia na Jones Commercial. Sempre que estão produzindo novas edições de revista é assim, cheio, turbulento e o dia parece que se estende.
Ouvi o rangido da porta se abrindo e revirei os olhos. Foi-se o tempo em que minha secretária me avisava sobre quem chegava à sala.
- Oi amor. - Observei Olívia se aproximar com seu olhar cheio de malicia. Sinceramente, o que eu faço com essa garota? Todo dia é a mesma coisa: bebemos uma garrafa de vinho e depois transamos. Bem que o Tom diz, minha vida “amorosa” é um tédio. – Desculpe entrar assim, mas a velhota da sua secretaria estava no 8º sono.
- Eu sei, vou despedi-la.
Olívia balançou os longos cabelos negros e se sentou em meu colo.
- Eu senti tantas saudades Dan.
- Nó nos vimos não faz nem 24 horas, Olívia.
- Eu sei, mas eu senti saudades! Vim me despedir, estou indo pra Boston, vai ter um desfile pela grife da D&G, e eu estarei lá, linda e bela.
- Hum.
- Você vai?
- Não!
Ela me deu um beijo na testa.
- Por quê?
- Muito serviço Olívia.
- Tudo bem, até o mês que vem amor.
- Até.
Olívia esperou por um beijo, só que eu voltei a mexer em uns papéis, totalmente concentrado. E suspirei feliz ao vê-la saindo irritada.
“Obrigado senhor, um mês longe do chiclete!” - Levantei as mãos pro céu e sai da sala. A procura de Tom, meu melhor amigo.
Johanne Hurt
- Assim que sair o seu resultado senhorita Hurt, nós ligaremos. – O senhor Mendez disse. O homem que me entrevistou, e pela sua expressão eu sei que não passei.
Minha falsa tremedeira e minha gagueira vão me impedir de ficar nesse emprego. O que de fato não é tão mal assim.
- Obrigada.
Sai da sala e encontrei meu pai sentado no mesmo sofá em que eu estava.
- E ai?
- Vão me ligar assim que sair o resultado.
- Pela sua ansiedade, você se saiu muito bem não é mesmo? - Perguntou ele com MUITA ironia.
- Ah pai, por favor, né... - Eu não estava a fim de discutir com ele sobre isso agora.
Eu só queria chegar em casa e descansar meus pés.
Daniel Jones
- Não sei por que você ainda não deu um fora na Olívia cara!
- Não é tão fácil assim Tom. - Atravessamos a faixa de pedestre e fomos ao meu restaurante preferido, Mcdonalds! – Sabe que meu pai gosta dela.
- Ela é namorada do seu pai?
- Lógico que não!
Tom me observou com cautela, quando ele me olha assim com certeza vira com suas analises não tão fajutas.
- Você está com medo de sentir falta da Olívia?
Eu dei de ombros, indiferente.
- Talvez...
- Se você me falar que ama ela eu te darei um soco!
- Eu não amo ela cara, mas sentirei falta dela na minha cama. - Ele riu alto. Uma atendente se aproximou de nossa mesa.
- Bom dia, o que os senhores desejam? - Tom fitou a mocinha com mais precisão, e depois sorriu, malicioso.
- Que tal o seu telefone baby?
- Sou casada, senhor.
- Eu não sou ciumento.
- Meu marido é.
A garota finalizou assunto ao me olhar esperando pelo meu pedido.
- 1 Big Mac completo, e uma coca de 700.
- OK.
- Eu quero o mesmo dele... Baby.
(...)
- Tom, você não conhece ninguém que queira trabalhar como secretaria? - Perguntei após terminar de comer. O único problema é que agora me dá uma preguiça infeliz de voltar para a empresa.
- Não, por quê?
- Vou despedir a Starley.
- Demorou pra você fazer isso. Se você quiser eu anuncio na internet.
- Beleza então!
- Vamos voltar antes que seu pai ligue pra você enchendo o saco.
Eu fui até o caixa e paguei o meu lanche. Tom fez o mesmo e voltamos pra empresa.
Johanne Hurt
- Quer almoçar? - Perguntei, depois de uma hora de descanso. All star é ótimo, mas andar com ele demais dói o pé.
- Uhum.
Eu fui pra cozinha já pensando em procurar emprego na internet novamente.
(...)
- Pai tá pronto! - Gritei, enquanto colocava o prato dele na mesa. O jantar não era nada muito fino, filé com batatas e arroz com legumes. Ben não pode comer demais, ele tem estômago fraco.
- Hum, cheiro bom! - Ele disse, entrando na cozinha, eu sorri e tirei meu avental. – Não vai jantar?
- Mais tarde pai, vou tomar um banho.
Ele assentiu e eu corri pro meu quarto para ligar meu velho e cansado computador. Coitado, mais lerdo que ele é impossível de existir.
Entrei no meu quarto e sorri, eu amava tanto esse meu refúgio.
Liguei meu computador que fez um barulho estranho antes de começar a carregar.
Juro que comprarei um novo quando começar a trabalhar, ninguém merece essa antiguidade.
Abri meu guarda-roupa e peguei meu conjunto de moletom pra tomar banho. Era o tempo certinho de esperar o ancião ligar.
(...)
E como eu disse foi o tempo certinho de eu tomar banho para o meu pc ligar. Conectei a internet e fui pentear meus cabelos.
Sentei na minha cadeira velha caindo aos pedaços, e comecei a fuçar atrás de algum emprego pela Internet.
Cliquei num anuncio pra secretaria. não ia me candidatar, mas parecia ser bem interessante, o salário era... MEU DEUS! 2,500 dólares só para atender uns telefonemas? E sem contar os benefícios.
A empresa é de Nova York... E eu tenho um primo que mora lá!
E já está mesmo na hora de visitar meu primo, Joel Madden.
(...)
“Joh, você já falou com o tio Ben?”
- Joel se você me falar que vai me aceitar morando na sua casa eu me resolvo com o seu tio.
“Bem, por mim está tudo certo, vai ser bem legal você morando aqui comigo!”
- Beleza! Eu te ligo amanhã se tudo der certo OK?
“OK, mande lembranças ao tio.”
- Pode deixar Joel, beijos.
“Tchau Joh.”
Desliguei o telefone com um sorriso de orelha a orelha. Eu já sabia o que ia fazer para conseguir esse emprego.
Disquei os números que estava no anuncio e liguei pra empresa.
“Jones Commercial, Tom Fletcher na linha, quem fala?”
- Oi, eu me chamo Johanne Hurt, é que eu vi o anuncio pra vaga de secretária.
“Sim, compareça a Rua Clinton Hill, 10h00 no dia 20 para fazer uma entrevista.”
- Dia 20?
“Sim!”
- OK.
Caramba, hoje já é dia 18...
“Jones Commercial agradece a ligação, tenha uma boa noite!”
Certo, eu nunca soube que era tão fácil assim marcar entrevistas. Desci as escadas e encontrei meu pai assistindo TV, mais precisamente, futebol.
- Pai. - Eu me sentei na poltrona, conjunto do sofá.
- Oi filha. - Ele estava concentrado em seu jogo.
- Acabei de ver um emprego em N.Y
- Nova York?
- Uhum.
- E?
- 2,500 tá bom pro senhor?
Meu pai arregalou os olhos azuis.
- Que tipo de serviço?
- Secretária.
Eu não soube definir se sua expressão após saber sobre o emprego, era ruim ou boa.
- E você iria morar com quem Johanne?
- Com o meu primo, Joel.
Meu pai não esperava por essa resposta. Ele adora Joel como um filho... Mal sabe ele que seu sobrinho e eu já tivemos um quase romance.
- Tem certeza filha?
- Ah pai, nós já conversamos sobre isso, não é? E nem precisa se preocupar que eu tenho umas economias.
Meu pai não gostava dessa minha ideia de querer ser independente tão “nova”, mas sabia que eu não ia ficar na sua aba por muito tempo.
- Tudo bem.
- Ai pai! Obrigada!
Abracei meu velho e dei um beijo em seu rosto.
Nova York! Ai vou eu!