A ESPERA DO AMOR VERDADEIRO
Saindo fora de si mesma, Ana gritava pela janela as últimas palavras que diria aquele dia, para seu amor antes que as lágrimas tomassem conta daquele cenário de dor e tristeza que desunia dois seres.
- Você não existe mais pra mim!
Algo a despertou de um sono, que estava amargando sua mente como detalhes que ela já não sabia se era real ou era a lembrança do que não voltava mais a acontecer. Em disparada correu para a janela e viu que o dia nublado e frio escondia os sentimentos de algumas horas atrás. Deslizou o corpo trêmulo e fadigado apoiando-se na parede, sentou-se por alguns instantes, olhando o vazio da sua vida e cada parte da casa marcada de desordens, livros atirados pelo chão, explicando cada minuto que se passou. E assim permaneceu por longos momentos, desacreditando no que se passou.
- Ana, Ana! Você está bem?
Sacudida pela amiga, que naquele instante retornava a sua casa, do trabalho. Ana não respondia, mas somente ainda retraída pela última lágrima que tentava dificultar suas palavras, pronunciava o desgosto que tem passado com sua vida amorosa.
- Eu sonhei demais amiga! Deixei que tudo girasse em torno de minha ilusão, mas eu ainda o amo.
O silêncio concebia cada fim de tarde, até que Ana saiu do quarto com uma mala, um rosto pálido revelava a desmotivação que tinha em cada passo que tentava dar na escada sólida e barulhenta. Na saída antes de entra no carro, olhou para traz e ouvia os gritos que não se calaram nenhum segundo na sua mente, desde aquele dia que decidiu nunca mais esperar amor de quem nunca lhe demonstrou dedicação. Olhando fixo e sem muitas palavras falou:
-Pode ir até o fim do mundo.
Transferiu o silêncio ao taxista que agora, não sabia o que fazer nos seus quarenta anos de trabalho, seguiu ciente de que mais tarde falaria algo mais convincente do sentido que levaria a sair de casa. Logo passando toda a estrada estreita e empoeirada que levava até a cidade, Ana olhando de forma aleatória para o nada deixou sair uma pergunta:
- Será que um dia ele me amará de verdade? Existe esse tipo de amor?
O taxista surpreso pelas perguntas totalmente diretas perturbou-se na direção, mas pediu que esperasse o tempo passar, pois ele daria respostas a um coração ferido.
Ana então cruzou os braços e continuou em silêncio, acenando com a cabeça que estava convencida com a resposta. E a viagem continuou, mas no seu pensamento as perguntas ainda existiam e eram ansiosas por uma resposta, tanto que ela as deixava escapar num murmúrio acompanhado por lágrimas caladas:
- Você vai voltar pra mim meu amor? Esse amor existe?