Lucian:VOL 1 part 5

Capitulo 5

Esclarecimentos

Depois de um banho pra tirar a sensação de sujeira Wade bateu na porta umas cinco vezes até eu ter coragem de abri-la.

Ele estava do mesmo jeito, é claro, sem camisa e de calça enquanto eu estava de toalha na cintura.

- Me desculpe. (ele disse num tom sincero)

- Pelo quê? (perguntei)

- Você sabe, eu não devia... (coloquei o dedo na sua boca)

- Eu retribuí. Não há porque se desculpar. Isso aconteceria cedo ou tarde. (conclui)

- Como agente vai ficar? (perguntou)

- Vamos levando. Eu não quero me afastar de você. (confessei)

- Luc... Nada não. (desistiu)

- Nós podemos conversar sobre isso depois. Você fez o jantar? (perguntei)

- É claro... Que não. Eu me esqueci. Vou pedir uma pizza. (avisou)

- Ok. Posso me vestir? (isso não foi legal)

Ele saiu fechando a porta sem dizer nada. Isso foi ruim, nós nunca tivemos vergonha um do outro. O beijo mudou todo conceito de amizade.

Até que ponto uma amizade pode ser levada? Mas porque não levá-la a esse ponto?

Ele quer tanto quanto eu quero e nós não temos malicias, isso é puro. Nenhum de nós forçou nada. Nós apenas deixamos acontecer.

Jantamos em silêncio, ele terminou primeiro lavou a louça e subiu pro quarto. O clima estava estranho. Eu subi pro quarto um tempo depois ele nem estava lá. Havia um bilhete.

“me desculpe. Eu estou pensando na vida e não se preocupe eu voltarei logo”

Ele deve ter saído pelos fundos. Aquilo me corroeu, eu jamais queria deixá-lo triste. Ele era a única exceção de todo mal da minha vida, era tão bom ser eu quando eu estava com ele, eu não queria dormir, pois fechar os olhos não aliviaria minha angústia. Vaguei em pensamentos durante a maior parte da noite, quando consegui dormir já eram três da manhã e quando abri os olhos novamente eram sete da manhã.

Não havia sinal de Wade no quarto, eu escovei os dentes e desci procurando por ele inutilmente. Ele não estava lá.

Fiquei muito ansioso e nervoso, eu queria encontrá-lo logo e dizer que não me importo com o que aconteceu, era frustrante ter que esperar.

Até quando eu estava na sala andando pra lá e pra cá durante horas a porta se abriu ele entrou. Não houve dúvidas eu corri e o abracei.

- Eu tive tanto medo que você tivesse sumido. (me afastei pra olhar seus olhos)

Seus olhos estavam vermelhos, ele deve ter entendido errado, pensado que eu iria embora e o deixaria pra sempre.

- O quê? (ficou confuso)

- Onde você tava Wade? Não faça isso de novo eu quase não dormi de tanta preocupação. Oh. (era um alívio)

- Eu pensei que... (silenciei-o)

- Não fale nada, aquele beijo não vai me afastar de você.

O abracei de novo e de novo até perceber que ele não iria embora. Finalmente eu o soltei e ele pareceu não gostar.

- Me desculpe. (pediu)

- Não há porque se desculpar. Isso acabaria acontecendo. (continuei a abraçá-lo)

- Eu tive tanto medo que você não quisesse mais me ver. (disse num murmúrio)

- E eu tive medo que você sumisse. (confessei)

Uma lágrima escapou dos olhos dele.

O abracei novamente, foi simplesmente lindo. Nos tranqüilizamos. Com minha mão enxuguei as suas lágrimas e ele descansou o rosto no meu ombro.

- Vem tomar café-da-manhã. (convidei)

Não fiz a mínima idéia de o que fazer, mas ele salvou o dia, fez uma comidinha e eu lavei a louça.

- Vamos caminhar. (eu não perguntei)

- É nós vamos. (respondeu a pergunta que não fiz)

Foi uma afirmação.

Tomei um banho antes, ele estava no quarto enquanto eu estava no banheiro. Vesti uma camisa de botão preta e uma calça, ele de regata e shorts e fomos caminhar na trilha que começava atrás de sua casa.

Caminhando pela floresta em silencio, vendo pássaros e animaizinhos fugindo assustados eu não tirei os olhos dele e não parei de pensar em nós. Como ficaríamos?

- como ficamos? (pareceu ler meus pensamentos)

- Vamos indo. (não soube o que falar)

- Ok.

Ele não insistiu, depois de uma hora e meia andando, eu acho, chegamos num lago esplêndido.

Magnífico, águas claras e convidativas num dia quente como estava hoje.

- Eu não vou agüentar. (afirmei)

- O que? (não entendeu)

- eu tenho que me banhar nesse lago. (corrigi)

- Não seja por isso. (falou-me)

Tirou a camisa e o short antes de eu falar novamente. Mostrou seu corpo magnífico que combinava perfeitamente com o lago.

Eu fiz o mesmo, mas na hora de entrar eu travei.

- Vamos a vida não dura para sempre. (disse me encorajando)

Eu continuei parado.

- Vem segure minha mão. (não me movi)

Ele pegou minha mão e foi se direcionando pro lago.

Fui devagarzinho passo a passo, não havia o que temer, pois o lago era com uma praia.

Se não fosse situado no meio da floresta eu diria que era uma praia.

Eu vacilei no passo e ele percebeu. Eu só estava apreensivo caso acontecesse de novo.

- Wade... (não pude adiar isto)

- Sim Luc. (respondeu-me)

- Eu preciso de você. Eu não quero ficar sem você. Fica comigo. (implorei)

Ele me abraçou novamente e automaticamente nos beijamos, foi como um choque, centenas de emoções se passando por ali. Eu estava tão bem enquanto retribuía. Eu segurei seu rosto em minhas mãos e o beijei novamente e mais umas cinco vezes.

- Eu te amo. (falei)

- Também te amo. (nos abraçamos)

Ficamos agarrados dentro do lago a maior parte do tempo. Eu senti seu entusiasmo e percebi que ele estava envergonhado.

- Era isso que você não queria me falar. (afirmei)

- Era. Mas agora não há porque não dizer.

Eu ri.

- se isso não acontecesse seria pior. (rimos com o pensamento)

Ele me colocou em suas costas e nadou mais a fundo me levando junto. As águas escureciam conforme a profundidade. Quando estávamos numa parte onde não sentíamos mais a areia em nossos pés ele me soltou e mergulhou pra baixo. Ele voltou com um pano na mão, era sua peça íntima.

Não seria nada de mais eu pensei comigo. Ele percebeu minha hesitação e a vestiu novamente.

- Vamos com calma ok? (pedi)

- Ok. Me desculpe. Eu não tenho pressa.

Eu o abracei enquanto nadávamos até a margem novamente. Deitamos na areia e ficamos lá olhando pro céu.

- É tão lindo. (disse-me)

- Prefiro quando está assim ensolarado. (ele riu)

- O que foi? (perguntei ao perceber que ele estava olhando pra mim ao invés de olhar pro céu)

- Eu falei de você. (explicou)

- Ah. (ele gargalhou)

Nós ficamos deitados olhando um pro outro como dois bobos sem ter mais o que fazer. Era mais ou menos uma da tarde o sol estava quentíssimo.

Sua pele branca estava brilhando com o suor que ele não havia percebido. Eu rolei pra cima dele e o beijei.

Depois fomos para sombra, ele se deitou e eu me deitei no seu peito.

- lindo. (sussurrei)

- Vamos pra casa. (chamou depois de muito tempo)

Ficamos ali por tanto tempo encarando um ao outro que quando percebemos o sol já estava se pondo.

- Vamos Wade. (chamei)

- Ok. Só me dê mais um beijo. (pediu)

Eu o fiz.

Caminhamos pelo crepúsculo de mãos dadas até chegar a casa, o tempo passou incrivelmente rápido. Ele subiu pro banheiro e eu fui procurar algo pra fazer pra janta, o dia se passou como num sonho. Fiz café e uma lasanha meio louca e jantamos. Ele lavou a louça sozinho. Tão lindo, só de calçãozinho de dormir. Super sexy.

O deixei na cozinha e fui tomar banho. Um banho frio relaxante pra um dia de calor. Saí de short depois da higienização e sentei na cama. Liguei pra Adrian só pra não perder o costume.

“alô?”

“sou eu”

“ah, oi”

“e aí como vão as coisas?”

“ótimas, fui excelente no trabalho, amanhã gravaremos mais alguns programas de TV e voltarei pra casa pela madrugada”

“Ok. Vou arrumar umas coisas. Tchau.”

Desliguei. Já que nossa relação não era a mesma, pra quê ter uma relação?

Eu simplesmente o ignorarei como faço com Margareth. Minha vida gira em torno do Wade, apenas dele.

- O que foi? (perguntou Wade)

- Ah eu nem te vi. Liguei pro Adrian, ele não é o mesmo. Eu não quero manter uma relação com ele. Ele nem se importa mais. (desabafei)

- Não pense nisso. Nós temos outras coisas com o que se preocupar. (disse mostrando-me dois papéis)

- O que é isso? (assustado)

- São ingressos para o show do evanescence. (fiquei imóvel)

Essa banda era simplesmente a minha favorita, eu sempre quis ir ao show, mas não tive a oportunidade.

- Você comprou? (gaguejei)

- É claro, eu sei que você gosta. (riu cinicamente)

- Eu não gosto, eu adoro. Você não podia ter me dado nada que eu quisesse mais. Mas por quê? (eu realmente não imaginava o porquê do presente)

- Em que mundo você vive? Amanhã é seu aniversário.

- Eu me esqueci de novo. E o show quando será? (perguntei)

- No Key Arena no outro domingo.

- Perfeito. Já me vejo lá.

- E eu me vejo lá com você. (corrigiu-me)

- Com certeza. Só você mesmo Wade, eu te amo. (beijei-o)

- Ainda não acabou.

- Como assim? (curioso)

- Toma. (me deu algo de prata)

Era uma caixa de prata com o nome Sensaciones. Abri a, era um colar com um desenho lindo, me parecia um brasão, com um “L” e um “W” juntos. Fiquei sem palavras de novo.

Costuma-se dizer que quando faltam as palavras os beijos tomam seus lugares, foi o que fiz, apenas o beijei. Coloquei o colar prateado em mim.

Nos namoramos um pouco ali depois nos sentamos na cama e conversamos.

- Wade o que sua família sobre isso? (era necessário saber disso)

- Eu não posso dizer certamente, mas eles aceitariam, na minha família há os mais diferentes tipos de pessoas, emos, góticos, panks, tenho uma prima bissexual também.

- Isso é bom. (notei)

- e a sua? (ele fez a pergunta que eu temia)

- Não sei. Mas acho que eles entenderiam. (talvez eu tenha mentido)

- Você viajaria comigo? Tipo só você e eu? (perguntou me surpreendendo)

- Sim. Eu viajaria. Você quer fazer planos? (atirei)

- Sim, eu quero, talvez iremos a America do sul ou à Itália.

- É as férias de verão não será muito longa esse ano, mas acho que são o bastante.

- Você vai passar o natal aqui comigo. (disse)

- vou? (questionei)

- É vai. Eu vou assumir isso pra minha família. (completou)

- Tem certeza? (me apavorei)

- Absoluta. Não será problema aqui. (tranqüilizou-me)

- Eu fico meio apavorado com isso. (tive que confessar isto)

- É normal. Eu falarei com eles assim que eles chegarem, eu te ligo pra contar como foi.

- Ok. Isso é melhor. (eu ri)

- Já é tarde, vamos dormir pra irmos à fazenda amanhã. (disse)

Eu me deitei em sua cama e ele se deitou sobre meu peito e ficou acariciando meu rosto até que dormíssemos. De manhã cedo acordei curvado sobre o corpo dele, foi bem reconfortante.

Me levantei de fininho, escovei os dentes e fiz um café-da-manhã simples.

Ele desceu pouco temo depois com o cabelo escorrendo.

- Fique a vontade, eu vou tomar banho. (anunciei)

Dei-lhe um beijo e subi.

-Tomei um banho corrido, peguei a mochila arrumei minhas coisas e lá percebi minha câmera que não havia sido usada. Resolvi usá-la hoje.

Houve uma batida na porta.

- Entra.

- Está pronto? (perguntou-me com um sorriso majestoso)

- Sempre. Vamos. (descemos e ficamos em dúvida sobre o carro)

- Você dirige o meu. (ele ia gostar disso)

- Ok. (dei-lhe a chave)

Fomos saindo da zona urbana pouco a pouco, Wade dirigindo era mágico, tão gracioso e calmo, peguei minha câmera e cliquei-o umas duas vezes.

- Porque tirou uma foto minha? (brincou)

- Pra me lembrar de você quando estiver longe. (expliquei)

Ele pegou minha mão, e a beijou unicamente.

Chegamos à fazenda por volta das dez horas da manhã, ele me explicou que não havia muita gente lá hoje porque os tios viajaram. Só havia alguns empregados e eles não seriam problema.

Era impressionante a diferença daqui de Seattle pra de Portland. Aqui wu poderia ser eu mesmo com Wade e em Portland teria que fingir.

A fazenda era linda, parecia uma dessas de reality show que você encontra de tudo. A entrada era de coqueiros enormes de um lado e do outro da estrada ladrilhada que parecia ser imperial. Chegamos a cede deixando o carro no gramado em frente da enorme casa.

- Uau. (consegui falar)

- gostou? (perguntou o óbvio)

- muito. Ela é bem antiga não é? (perguntei)

- Sim, de alguns séculos atrás. Mas foi restaurada há pouco tempo.

- Olá Wade! Vejo que trouxe um amigo. (disse um homem saindo da porta principal)

- Não apenas meu amigo. (beijou meu rosto me fazendo corar)

- Ah o amor! Entrem, entrem. Vamos tomar um café incrível. (ele tinha um ar de maluco)

- Oh que cabeça minha, nem me apresentei. Sou Mister Paul. E você é? (se apresentou)

- Sou o Lucian, Luc. (corrigi)

- Wade e Luc vocês se combinam. Venham entrem rápido tem um bolo de chocolate lindo esperando por vocês. (entramos)

A casa era linda por dentro, uma decoração rústica e moderna em harmonia. Muito linda mesmo e enorme, escadas magníficas.

Passamos pela cozinha imperial perfeita e chegamos á cozinha industrial.

- Sentem-se. (direcionou-nos a mesa da cozinha)

Começou a tirar um monte de comida da geladeira de duas portas e inox. Comemos muito enquanto Paul tagarelava. Wade me levou ao primeiro andar e colocou nossas coisas em seu quarto. E que quarto.

Tinha uma vista privilegiada para a parte de trás da fazenda, os milharais, os cavalos correndo pelo enorme cercado que parecia ser infinito, e uma após algumas plantações, bem ao longe, algo brilhava em um tom azul escuro, um lago ou um mar.

- Você me trouxe ao paraíso. (brinquei)

- É e você ainda não viu nada. Vamos ao lago, na cachoeira ou na piscina? (me deu três opções)

- Em todos, um de cada vez. (rimos)

Entrei pra me trocar no banheiro enquanto ele se trocava no quarto, o dia estava bom, nem quente de mais nem frio.

Saímos de jipe pela estrada que entrava na pequena floresta ao lado (ao longe) da cede. Paramos no fim da estrada e de lá seguimos por uma trilha em descida. Já era possível escutar a água correndo pedras a baixo. Chegamos ao fim da trilha chegando ao lugar mais lindo que alguém já me levou. A cachoeira era muito melhor e mais bonita do que pensei. Só havia pedras e mais pedras e a água corria por cima. Não eram pedras pontiagudas em nenhuma parte, eram todas planas.

Havia partes para todos os gostos, profundas, rasas, médias, com quedas de água, escorregadores naturais de pedras.

- Eu estou sonhando. (era perfeito)

- Não, você não está. Você está com um louco apaixonado que faz de tudo pra você se sentir bem. (brincou)

Eu o agarrei e foi uma questão de segundos pra estarmos quase despidos.

- Vamos. (parei o ato de iniciação ao sexo)

Eu não queria fazê-lo, ele também não queria tanto quanto eu, mas ele se rendia. Era só instinto.

Eu o puxei pela mão e entramos na cachoeira, era maravilhoso o riacho abaixo dela era numa profundidade perfeita, nem rasa de mais nem profunda de mais.

Rendi-me aos meus desejos e o abracei forte dentro da água. Ficamos nos amassando por horas sem ir a diante e isso foi bom. Estávamos quase atingindo o ponto máximo sem estarmos fazendo nada de mais.

Quando o sol quente estava ficando mais frio saímos da água e nos deitamos sobre nossas roupas na pedra.

- Você sabe do que eu gosto. (conclui)

- É eu acertei tudo até agora. Eu quero te levar ao Brasil num lugar que meu pai me levou quando eu era pequeno. É magnífico.

- Eu vou onde você quiser desde que você esteja comigo. (ele sorriu)

Ficamos por uns minutos a mais e depois pegamos o caminho de volta pra cede.

- Oh, já são quatro da tarde. (disse quando vi o relógio)

- Tudo bem, você vai dormir aqui hoje. Amanhã nós partimos logo cedinho e chegamos a tempo da sua aula. (como assim?)

- E a sua aula? (surpreendi)

- Essa parte eu esqueci. Que droga, nós não partiremos agora. Iremos mais tarde. Eu vou com você.

- Eu adoraria que você me levasse, mas como iríamos no mesmo carro?

- Esquece então. Sexta que vem eu irei te buscar e nós dormiremos na fazenda, no domingo iremos pro show e eu te amo. (lindamente sussurrou a parte final)

- tira uma foto comigo. Nós não temos uma foto juntos.

- Ok. (concordou)

Coloquei a câmera sobre o pequeno muro que a deixava no ponto, coloquei o temporizador e click.

Entramos juntos e dessa vez não topamos com o Ms. Paul. Fomos pro quarto, tomei banho primeiro e ele foi em seguida, um banho era muito particular pra levá-lo comigo.

Eu não queria voltar para o tormento da minha vida em Portland, as coisas estavam tão belas por aqui. Mas era necessário. Ele se deitou comigo ficando pensativos, é claro que eu não sabia o que ele estava pensando, mas eu sabia o que eu pensava. Pensava sobre os obstáculos que eu precisaria enfrentar se eu contasse tudo.

E eu teria que contar.

Seis da tarde eu acordei e fui me preparando. O deixei em casa e antes que eu partisse, ele me pegou num abraço de urso.

- Já sinto sua falta. (disse no meu ouvido)

Estremeci.

- Eu também. Até sexta. (beijei e parti)

O caminho de volta foi mais curto, os caminhos de volta sempre pareciam mais curtos. Em casa não encontrei Adrian e nem Margareth, por isso fugi pra me refugiar em meu quarto. Tomei outro banho e quando fui dormir às dez da noite eu peguei uma camisa do Wade que ele me deu pra eu sentir seu cheiro quando eu tivesse longe. Era como se eu tivesse deitado sobre seu peito quente e aconchegante.

Dormi exausto graças ao dia maravilhoso que tive com ele. Não sonhei e só acordei na segunda cedinho porque o despertador me acordou. Me arrumei e tomei café-da-manhã sozinho.

- Onde estão todos? (perguntei pra empregada)

- Seu irmão saiu cedinho pra fazer algo na casa de um amigo, ele chegou de Vancouver na madrugada de hoje, sua mãe foi pro restaurante. (disse-me)

Comi e fui pro colégio. Encontrei todo mundo na entrada, fomos juntos à sala e eu não parava de pensar nele, eu não conseguia me concentrar na aula e muito menos no que meus amigos falavam. No refeitório continuei no estado de zumbi. No fim de tudo fui pra casa e me tranquei no quarto pra desarrumar a mochila, lembrei das fotos que tiramos juntos e resolvi passá-las pro computador. Depois fiquei visualizando-as inúmeras vezes. Ele sozinho, eu e ele, eu e muitas outras, mandei todas por e-mail pro Wade.

Apertei meu colar e fiquei ali olhando pra janela por um tempo indefinido. Adrian finalmente chegou em casa, eram sete e maia quando ele chegou e inesperadamente Margareth veio junto.

- Chegou correspondência pra você Adrian. (disse ela dando-lhe um envelope)

- Ah é. Meu pagamento é diário, eles mandão via correio. (explicou)

- Como está indo lá? (fingi me interessar)

- Bem, muito bem. (se vangloriou)

- Que bom. (evidenciei meu sarcasmo)

- Você não parece gostar muito. (por que Margareth foi se meter?)

- Eu gosto. (menti)

- Problema dele se não gostar. E o papai como vai na cadeia? (perguntou)

Fiquei abobado quando ele disse que era problema meu se eu não gostasse. Esse não era o meu irmão.

- Não muito bem, ele está revoltado conosco e briga muito lá. Ele não quis me receber. Tô nem aí pro seu pai.

- Bem não vamos ficar conversando a noite toda. (disse Adrian impaciente)

- Que insensível. (resmungou Margareth)

Todos na mesa. Comemos e conversamos mais algumas bobagens. Fiquei assistindo na sala com Adrian que estava impaciente.

- O que você tem? (perguntei)

Eu queria resolver isso logo.

- Não é da sua conta. (disse rudemente)

- Você está se tornando um porco como nosso pai. (gritei também impaciente e transparecendo minha revolta)

- E daí? E se eu tiver? É problema meu. Eu vou trabalhar e crescer na vida. A vida não é feita de sonhos Lucian, quando você vai perceber isso? Cresce e toma juízo. (gritou mais alto ainda)

Eu me levantei com raiva e ele imitou o gesto.

- A vida não é feita de sonhos, mas ninguém vive só de trabalho e trabalho e mais trabalho. Adrian! O que houve com você? Onde está o meu irmão de algumas semanas atrás? (exageradamente alto)

- Seu irmão não existe mais. Agora vai se acostumando com o novo Adrian, eu não sou mais um bobo como você. Vai viver de sonho irmãzinha. (gritou superando meu tom)

Margareth entrou na sala.

- Ei, o que é isso? (perguntou)

- Sai daqui Margareth, você nunca deu a mínima pra nós. (disse Adrian)

- Mas ela é nossa mãe e não fale nesse tom com ela! (eu nunca pensei que diria isso)

- Ah não? O que você vai fazer irmãzinha? Chamar o Wade aqui pra te defender? (me calei)

Depois de alguns longos segundos.

- Eu não faço a mínima do que você está falando. (menti)

Minha mãe ficou entre nós.

- Ah não sabe irmãozinho? Eu peguei a sua câmera e vi tudo. Você é só um veadinho que vive dando pro Wade. (me enfureci)

- É verdade isso? (perguntou Margareth)

- Você chegou longe de mais Adrian. (soquei-lhe)

Ele empurrou Margareth que caiu no sofá e socou minha barriga me fazendo cair e se jogou em cima de mim me dando socos sem hesitar. Eu tentei me defender, mas estava imobilizado. Margareth fez algum gesto pra mim e voltou com um vaso de flores na mão. Quebrou-o na cabeça dele deixando-o desacordado de imediato.

Eu caído no chão não consegui me mexer com a dor e apenas fechei meus olhos. Ainda pude sentir alguém tirando Adrian de cima de mim e algumas vozes em casa e uma sirene que incomodava.

Acordei com uma mão acariciando meu cabelo, meu olho não se abriu totalmente e doía em varias partes, meu braço estava engessado e eu sentia dores nas costas.

- O que houve? (eu disse querendo saber de tudo)

- Você caiu por cima do seu braço. Não se esforce. (disse Margareth)

- Quem sabe que estou aqui? (perguntei assustado)

Eu era paciente deste hospital freqüentemente.

- Seus colegas, eles sabem de tudo, tudo mesmo. Adrian explicou tudo e eles quase lincharam Adrian em praça pública. A escola te deu descanso novamente. (explicou)

Eu fechei o s olhos de novo, eles não reagiram como eu pensei que fossem. Pensei que se afastariam de mim, mas era o contrário, eles estavam me apoiando.

- Wade sabe que estou aqui? (perguntei)

- Não meu filho, ele não sabe. Não contamos pra que ele não se prejudique na escola. Eu vi suas fotos.

- O que você pensa sobre isso? (murmurei)

- Bem meu filho, eu não acho correto, mas se isso te faz feliz eu aceito. Espero que tenham sido responsáveis.

- Como assim? (não entendi o sentido da palavra)

- Estão usando preservativos não é? (perguntou envergonhada)

Eu tentei sorrir.

- Oh mãe. Obrigado. Mas eu não transei com ele. Você pensa que sou fácil assim? (brinquei)

Vi o alivio em seu rosto e descansei mais. Quando abri os olhos depois de um período de sono ela ainda estava lá.

- Boa noite seu dorminhoco. (disse-me)

- Já é noite? Me diz que eu dormi durante um ano. (pedi)

- Hoje é segunda-feira dia 15 de dezembro de 2022. (rimos)

- Falando sério agora. (pedi)

- Hoje é segunda-feira ainda. É noite, são oito horas. (esclareceu)

- Você terá alta amanhã de manhã. Seus amigos estão aqui querendo falar com você. (disse)

- Mande-os entrar. Eu estou bem. (completei quando vi sua hesitação)

Margareth saiu e uma pequena multidão entrou no quarto.

- Oh Luc que bom que você está bem. (disse Ash)

Lee, Jason e Kelvin me saudaram calorosamente ao perceber que eu já estava um pouco melhor.

- Isso não muda nada? (pergunte)

- Não importa do que você gosta Luc, você é você independente disso. Nós somos seus amigos.

- Ok. Não se preocupem que eu sei distinguir isso. (tranqüilizei)

- Só tem um problema, seu irmão está virado. Ele contou a novidade pra escola inteira e você será motivo de zombarias. (disse Lee)

- Ai de quem se meter com ele. (Kelvin falou)

- Mexeu com Luc mexeu conosco. (completou Jason)

- Obrigado gente. Amanhã eu vejo vocês na escola. (disse-lhes)

- Você não pode ir. (disse Ash)

- Eu estou quase bom, e amanhã eu irei só pela parte da tarde. (convenci-os)

Eles se opuseram e acabaram concordando quando eu disse que deixaria eles irem me buscar em casa. Depois foram embora pra me deixar descansar.

Fechei meus olhos logo depois pra aproveitar minha paz momentânea que não duraria mais que algumas horas.

Dormi e sonhei com uma vida diferente, algo que não existia e você livre de preconceitos em qualquer lugar que estivesse.

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 27/08/2010
Reeditado em 26/09/2010
Código do texto: T2462742
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