Adolescente em Choque
Parte 1
Meu coração acelerava de tal maneira que me impedia de respirar, ele se contraia em palpites dolorosos.
- Você ta bem? - Perguntou Cristina preocupada comigo, pois minha expressão era de um leão feroz que lutava pra proteger seu bando - mesmo que depois ele própio os devorasse.
- Não dá pra acreditar no que meus olhos veem - eu disse, me virando pra abrir o armário, e tentando ainda ter uma visão nítida de Paulo no corredor lotado da escola.- Ei ele só está com ela, porque você dispensou ele. Se lembra? - Cristina me lembrava disso uma vez a cada 5 minutos, ela não se conformava que eu me tivesse dispensado aquele Deus grego.
- Cristina, você não entende? Eu não posso ficar com ele e nem com ninguém. - eu murmurei virando os olhos enquanto esticava o braço pra bater a porta do armário.
- Eu acho que você tem que parar de se culpar - disse Cristina se posicionando na minha frente com o intuito de me intimidar – Quando você vai entender que não teve culpa pela morte do Ricardo?
Ela parou e suspirou...
- Desculpe - ela sabia que me lembrar do Ricardo era a mesma coisa que me dar uma arma carregada.
- Tudo bem - eu sussurrei tentando deter minhas lágrimas para não fazer ela se sentir culpada, porque ela ia me encher tentando encontrar uma maneira de se desculpar.Mas meu coração ficou pequenininho, meu olhar perdido e minha garganta se fechou. Então eu me desviei de Cristina que me olhava com uma cara de dó e com uma estrutura armada que deixava seu cabelo cacheado e de tom ruivo cobreado fazer sua cara parecer mais cheia do que realmente era. Eu abaixei a cabeça e sair disparada, no começo sem direção mas depois me lembrei que tinha aula de Biologia. Meu cabelo liso e castanho-escuro voou quando eu desviei com pressa o rápido olhar para Paulo que estava aos beijos com Priscila Ferreira - a garota do clube de dança -, encostados na porta da sala da turma dela.
Parece que ele sentiu meu olhar, e parou de passar os dedos por entre os cabelos ondulados e perfeitos dela, e descansar um pouco de sugar os lábios volumosos dela. Ela suspirou enquanto o olhar penetrante dele encontrou o meu confuso. Me seguiu mesmo depois que eu desviei, que eu lutava contra o íman daqueles olhos azuis que pareciam atrair os meus castanhos caramelo. Lembrei de quando ele disse que eu tinha olhos gueixa, e senti arrepios.
- Renata...- gritou Cristina, e correu acelerada atras de mim, vendo o olhar de Paulo e prevendo os meus ataques emotivos súbitos e descontrolados.
Mas achei até bom porque provavelmente eu não encontraria a sala de aula naquele estado, com o coração quase saindo pela boca e cega de raiva. Mas por outro lado, eu não queria ir para a aula, eu ir pra lá naquele momento com tanta gente patética seria pior que o atentado terrorista do 11 de Setembro. A "Maria bombinha" ia explodir. Ia fazer jus ao apelido que me deram quando, que uma semana depois da morte do Ricardo eu tinha ido pra escola obrigada por Cristina e Branca, minha mãe, elas acharam que eu precisava me distrair. Mas me estressei mais ainda quando Bianca Carrara escreveu um bilhetinho perguntando se eu tinha morrido junto com Ricardo (nem vou dizer o apelido que ela deu a ele) porque eu parecia um zumbi. Eu abri o bilhete sem vontade alguma e depois que li parti pra cima dela, e fiquei com vontade matar ela quando ela fingiu que não tinha feito nada, com uma expressão confusa naquela cara de sonsa. Senti o mesmo desejo de matar ela ao lembrar disso.
- Renata o que aconteceu? - Perguntou uma voz melódica que me tirou de minhas lembranças a tempo.
Eu vi olhos verdes arregalados de Cristina, que obviamente expressava preocupação. Eu segui a direção deles e me deparei com a latinha de jogar chiclete amaçada em minhas mãos e foi ai que eu senti dor, meus olhos se encheram de lagrimas numa explosão de sentimentos - preocupação, medo, dor, tudo com uma pitada de confusão. Eu ainda me lembrava do dia que o diretor falara da resistência daquela latinha, e foi comprovada pelos lobos más da escola.
Olhei pra cima ainda mais confusa e o meu redor estava repleto de gente curiosa. Naquela multidão de olhos arregalados, encontrei um que me chamou atenção, não pelo tom de azul celeste, mas pela intensidade da expressão, era Paulo que me olhava apavorado.
- Renata... Como? - me perguntou Cristina com uma voz áspera
- Eu não sei - respondi atordoada.
- Vem comigo... - Ela me puxou furiosa com toda aquela gente ao nosso redor.