Na sua pele. Cap. 9.

Cap. 9

POV Débora

Depois que Lucas perguntou um milhão de vezes porque eu chorava, e eu o ignorei, resolvi me recompor por alguns segundos. O ônibus estava prestes a parar. E eu ia ter que vê-la. Não poderia fugir. Talvez até visse os dois juntos. O que era pior, mil vezes pior.

Eu já tinha sofrido demais por um dia.

Simplesmente porque o garoto que eu amava, amava a minha melhor

amiga.

E isso doía demais.

Mas o que eu faria?

Sairia berrando com a Belle? Isso não ajudaria em nada. Pelo contrário, sem mim, ela ficaria mais tempo com ele, e ainda não entenderia o porque. Mas eu não conseguia mas me enxergar a tratando bem. Tudo o que eu queria é que ela sofresse. A garota mais sortuda do mundo. O que eu faria?

Mas o ônibus já havia chegado, e pousado em frente ao colégio.

Quando freou, diversos alunos se precipitaram e já corriam para saída. Meu primeiro objetivo era fazer Lucas largar do meu pé.

-Lucas, eu vou no banheiro, então, por favor, não me siga. – Começei.

-Mas eu posso te esperar.

Suspirei.

-Não, obrigada. – Disse amargamente. – Quanto tempo vai demorar para perceber que eu não preciso de você? – Tentei dizer isso da melhor forma. Mas é claro que ele se magoou. ARGH. Como eu podia

ser tão estúpida e idiota? O garoto gostava de mim, e era do segundo ano. !!! Mas eu não agüentava mais ficar perto dele. Estava me deixando louca, escutar fofinha a cada cinco segundos. – Ah qual é? –

Murmurei para cara de depressão dele. – Somos amigos.

O humor não parecia ter melhorado. Ele ainda estava triste.

ÓTIMO. ¬¬

-A gente se vê. – Foram minhas últimas palavras. Saí do ônibus sem olhar para trás. Olhar para aquela cara de cachorro sem dono não iria me ajudar.

Quando desci do ônibus, olhei para os lados, em busca de algum vestígio dela.

Não havia nada.

Dei um suspiro de alívio.

Comecei a andar, entrando no prédio.

Eu iria ao banheiro, e depois embora, direto pra casa. Depois eu faria algo.

Quando saí do banheiro, as mãos levemente úmidas, percebi que meus pensamentos estavam congelados. Eu sentia ódio, repulsa e tristeza.

Mas era como se eu tentasse deixar esses sentimentos num canto

reservado e estivesse usando a parte automática do meu cérebro para as outras coisas.

Saí do banheiro sem me preocupar, ela não devia ter chegado ainda.

Só que quando coloquei o pé para fora, a primeira pessoa que eu vi, foi uma garota linda, mexendo no BlackBerry, a propósito, ela.

Fiquei imóvel. Meu cérebro começou a trabalhar com a parte de ódio.

Meu lábio começou a tremer apontando o meu nervosismo.

Até que ela me viu, ali, parada como uma monga. Ela abriu um sorriso

tão lindo, que daria vontade de apertar suas bochechas rosadas.

-Aí esta você! – exclamou ela com entusiasmo, saltitando em minha direção, os cabelos presos num rabo de cavalo regular com um presilha faiscante.

Não me mexi. Tinha medo de que se me mexesse começasse a socá-la.

Algumas imagens voltaram com fervor a minha cabeça. Aquela não era a minha amiga Annabelle. Era a cadela que estava com o meu garoto.

-Oi, Débss! – Disse ela feliz. Me deu um abraço. Mas eu fiquei parada, recebendo o toque da pele macia, a pele que o meu garoto gostava de tocar. Meu rosto não expressava emoção alguma, mas era uma mascara para o ódio. –Como você tá? – Perguntou ela, me olhando. Mas não esperou uma resposta. Ainda bem, porque não viria. –Aiii, me desculpa. Sériooo. Eu juro que queria ir com você, mas sabe como é. Eu tinha esquecido. – Ela deu um risinho. – Débs, você precisa conhecer o Dani...Já ouviu falar nele? Perae, DANIII! – Berrou ela, precipitada. Não esperou eu falar nada. E logo ela estava chamando, alguém, que eu não tinha reparado (meu choque ao ver Annabelle), estava à apenas alguns metros da gente, conversando com seu melhor amigo. Quando a voz meiga dela, mesmo em gritos, o chamou ele se virou. Pude sentir meu coração palpitar mais forte quando ele sorriu para Belle, enquanto terminava de falar com Léo.

Ele estava tão lindo. Lindo, lindo, lindo. O cabelo, que antes ficava oculto por um boné, estava à mostra, despenteado e despojado, que deixava ainda mais perfeito o seu rosto com feições sempre sedutoras e seus olhos castanhos que brilhavam ao sol. Estava SEM o agasalho, só com a camiseta branca do colégio. Não existia, simplesmente não existia, garoto mais lindo.

Ele começou a andar em minha direção, ou melhor, na direção de Belle, sorrindo maravilhosamente. Quando olhava para ele, mal dava para sentir ódio da minha melhor amiga. Era como odiar diante de um Deus.

Meus pensamentos fugiam à cabeça.

Mas quando ele chegou bem perto, meus olhos analisando cada centímetro dele, suas mãos agarraram Annabelle pela cintura, e senti os olhos dela cintilarem para ele.

Quando ouvi a voz dela, foi como um baque.

Os detalhes se encaixaram novamente. Belle namorava o Dani. Eles estavam juntos, juntos. Eu não tinha a menor chance. Ele devia me achar patética e eles estavam felizes juntos.

Quem eu era?

-Dani, essa é a Débora, minha amiga. – Apresentou ela, como se também respondesse à minha questão anterior.

Quando ele sorriu, dessa vez para mim, o ódio que me tomava, deixou de ser tão violento por dois segundos.

-Oi, Débora. – Falou ele num timbre rouco. A voz dele era tão viciante que eu poderia escutar milhões de vezes aquele cumprimento sem me cansar.

Ele estava falando comigo! AAAAAAAAAAAAH!!!!

Mas... Porque Annabelle pediu.

Então, quando me dei por mim, lembrei que eles esperavam a minha

resposta. Mas eu não conseguia.

Fitei a mão dele a envolvendo.

Aquilo foi suficiente para marcar que me coração estava como pó. Não havia o que fazer.

Então aconteceu. Eu saí correndo feito uma louca, deixando os dois para trás, e me dirigindo a saída. Não havia quem visse que não me achasse retardada. Mas não importava, eu tinha que sair dali antes que acabasse vomitando de tão mal que eu estava.

Eu corria como jamais corri.

POV Annabelle

-O que ela tem? – Perguntou Dani olhando para o vulto da minha amiga que desaparecia no meio da multidão.

-Eu...Eu não sei. – Eu realmente estava chocada com a reação da Débs. Não sabia explicar.

-Hmmm... – Ele passou as mãos no cabelo confusamente. – Ela não gostou de mim? – Arriscou ele.

Mas aquilo era impossível. O que ele tinha feito?

-N-não. Não é isso. Ela não tem facilidade para lidar com pessoas.

-Ann...

-Desculpa. –Falei confusamente.

-NAAADA. Quer ir atrás dela? Ela REALMENTE não parecia bem, ela olhava para gente como se fosse desmaiar sei lá...

-Não, acho que depois eu falo com ela.

-Nossa...

-Foi muito ruim mesmo.., O que será que deu nela?

-Ela viu alguém... ?

-Acho que não...

-Belle, se quiser ir atrás dela, não precisa ficar por minha causa...

-Ah, que é isso Dani. Eu não perderia um segundo sem você.

Necessito ficar ao seu lado. – Disse para ele, com uma voz imensamente apaixonada.

-Oww...Nesse caso...- Ele me puxou para os seus braços fortes, me levantou e girou. Eu sorri. Nos beijamos uma vez. E todo o incidente já parecia ter sido superado...Depois eu resolveria aquilo. Me sentia culpada é claro. Mas como poderia ficar preocupada com ele ao meu lado, me distraindo?

Impossível.

Lívia Rodrigues Black
Enviado por Lívia Rodrigues Black em 21/08/2010
Reeditado em 22/07/2011
Código do texto: T2450719
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