[Mcfly] 2ª temporada - Alguém Como Você - Capítulo 32 e 33
Josh King encarava os dois jovens a sua frente com atenção. A menina pequena e loira, o adolescente alto e de porte arrogante. Anna e Max, a sensibilidade com a autoconfiança. Dois jovens e um destino incerto.
King lembrava-se bem dessa mesma cena, mas diferente de agora. Era Daniel Jones que estivera ali, encarando o homem com descaso e impaciência.
De fato, Josh nunca tivera muita paciência com o menino Jones. Ele era mal educado, respondão e não tinha o mínimo interesse pela empresa mas ele jamais desobedeceria às ordens de sua chefe e grande amiga. O homem tinha uma grande consideração pela senhora Jones e admirava seus esforços. Se ela queria que o rapaz aprendesse sobre a empresa com os ensinamentos de Josh, ele ensinaria.
Afastando pensamentos do passado ele iniciou uma longa explicação sobre a SummerJ. Indo desde a abertura da empresa, até suas filiais e grandes feitos. Max absorvia cada palavra atentamente, já Anna parecia confusa e pouco interessada.
Existia uma estranha tensão entre os dois jovens.
No final da tarde, Anna e Max voltaram pra mansão Jones e se depararam com uma ambulância parada em frente à mansão.
– O que está acontecendo aqui? – Perguntou Max, enquanto o motorista estacionava o carro.
– Droga! Deve ser com a vó! Só pode!
Os dois desceram do carro, apreensivos. Anna perguntou ao médico o que havia acontecido.
– Sua avó, mas não se preocupem.
Max pensou seriamente em dar um soco na cara do maldito homem, mas preferiu entrar com Anna pra casa. Ele odiava ver mulher chorando, e ver sua adorável irmã chorando era pior ainda.
“Ela ama a nossa avó mais do que amou nosso pai... ela não merece nem estar pisando aqui, traiu Daniel, traiu os Jones! Porque eu sinto pena dela?”
Anna Jones sentou-se no sofá e deixou uma onda de pensamentos lhe invadirem. Sem sua avó, estaria sozinha. Como dormir na mesma casa que Max?
“Já não basta o maldito evento que iremos juntos? Eu não quero ficar sozinha com ele... Não quero!”
– Anna? Esta com fome? – Perguntou Max, preocupado com o silencio de sua irmã. Ele se assustava com a fragilidade de Anna, desde pequeno sempre vira Eva forte, jamais exibindo fraqueza. Não estava acostumado com isso.
– Não.
Sem dizer mais nada Anna subiu as escadas de seu quarto. Não suportava Max, e odiava a si mesma por pensar nele, querer tocá-lo.
(...)
Anna despertou com a ligeira ideia de que sábado era o pior dia do mundo. Em particular, o pior de sua vida.
Max e ela teriam que ir a um evento pela SummerJ, mas não apenas isso que a assustava, e sim o fato de que Anna ficaria sozinha com o irmão.
Para a garota era irritante o fato de ter a sua presença, de ter que olhar em seus olhos intensamente azuis. Em admirar o contorno de sua boca e lembrar que eram irmãos.
Pelo sim e pelo não, Anna decidiu sair de seu quarto apenas na hora de sair para o evento, mas claro que Max não a deixaria em paz.
– Anna, tudo bem que minha presença é realmente intimidadora pra você, mas será que tem como você descer pra tomar café comigo? Seus pais não te ensinaram que a primeira refeição da manhã é na mesa?
– Porque você não vai se foder?
– Ah os bons modos, isso você aprendeu com o Poynter!
– Sem dúvidas! Não cresci me escondendo na aba de ninguém!
Irritado com a indireta da garota, Max esmurrou a porta.
– Vai ver é porque você não teve ninguém não é mesmo? O único que te amava, você traiu...
– DO QUE VOCÊ ESTA FALANDO SEU CRETINO?
Sorrindo perigosamente para a porta, Max continuou.
– Nosso pai Anna! Ele fez tudo por você e você o que fez? O traiu na primeira chance!
– AH POR FAVOR! Eu não tenho que discutir nada disso! Você me dá nojo!
– Uhh, claro! Minta para você mesma Anna, quem sabe o seu coração acredita?
Ele sabia que Anna não responderia, então simplesmente desceu as escadas vitoriosamente, era a segunda vez que a deixava sem palavras.
(...)
“Ele está certo! Eu não devia estar aqui! Maldito Max que sempre saí com a ultima palavra!” – Pensou a jovem enquanto procurava em sua mala o precioso presente que ganhara de Kate em sua festa de 14 anos. Ao acha-lo, sorriu. Escrever a acalmava. Era como abafasse parte dos seus problemas. Deitou-se em sua cama e como de costume, escreveu um trecho de musica para depois iniciar o desabafo.
Era um trecho de Ignorance - Paramore a banda preferida dela.
“When you swear it's all my fault
But you know we're not the same”
(Quando você jura que é tudo culpa minha
Porque você sabe, nós não somos iguais)
Paramore – Ignorance.
Olá Diário.
Eu sei, faz um tempo que não me atualizo, ahn... Desde...? Oh sim, desde que teve a festa na casa do Harry, parece que foi ontem eu sei, mas já faz dois dias que eu estou aqui na casa da minha avó.
Inundada por lembranças, e com presenças perturbadoras.
Vamos ser sinceros, você é meu melhor amigo (Que Camille, não veja isso! rs) e grande confidente.
Eu sinto algo pelo maldito Max, não é igual ao que eu sentia pelo Taylor, é algo muito mais forte, muito mais tentador, Deus do céu! Eu pensei nele e me senti... Excitada!
Se Camille estivesse aqui eu com certeza não ficaria tanto tempo pensando nele, mas...
Eu gosto de pensar nele, na minha mente Max não é o cretino de nariz em pé, ele é um garoto comum.
Quero deixar claro que eu NÃO o amo, mas a atração que eu sinto por ele é forte, muito forte.
E eu estou com medo do que possa rolar nesse evento, sei que ele não seria capaz de me beijar novamente. – até hoje eu tento juntar 1+1 pra tentar entender aquele beijo, mas minha mente não produz nada de útil.
Bem, por hoje é só isso.
Anna.
A loira fechou o diário e guardou a caneta em seu criado mudo, encarou o teto bem decorado de seu quarto e lembrou-se das debochadas palavras de Max.
“Minta pra você mesma Anna, quem sabe o seu coração acredita?”
“Como ele conhecesse de coração! O infeliz nunca deve ter amado na vida! Deve ter uma pedra no lugar do coração! Argh! Como eu o odeio!”
Com raiva, Anna afundou a cara no travesseiro, como se isso fosse capaz de tirar Max de sua cabeça.
(...)
A noite finalmente chegara e Anna se encontrava sentada em sua cadeira, mexendo relaxadamente em seu notebook e teclando com Camille no Messenger.
“Mille, olha esse texto e vê aprende! :D”
“Manda ai feinha :P”
“Ele é só um cara... E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras. Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o ginecologista, o padre, o dealer. Ele estava ali o tempo todo, e não estava. Ele é só um deles. Vários, uma legião, e ninguém mais. É só um cara e não a sua vida. E não todos os dias da sua história, e não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. é um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar, não sabe que nome daria a um filho, não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou, e perdeu. Ele é só um cara. E você já esqueceu outros caras antes.”
“:OOOOO OMG! Curti mto Annete!! vou ter que sair agr! Me liga amanhã se der!”
“ Annete?”
“KKK Te amo, te amo <3”
“Eu também, doida!! Tchau”
Anna desligou seu notebook e suspirou. Já era hora de se arrumar para ir ao evento. E quanto mais pensava nisso, menos vontade sentia de sair do quarto.
Parou em frente ao seu luxuoso closet e viu todos os tipos de vestidos, curtos, longos, médios. Mais pra esquerda encontrou sapatos e variados tipos de sandálias.
Tanto luxo, tanto glamour e Anna sentiu vontade de queimar tudo, mas a boa educação que terá quando criança a impedia.
“Preto não, eu já não sou animada em festas, se eu for de preto pensarão que eu estou de luto, e meu pai já morreu há muito tempo.” - Pensou, analisando um vestido preto de costas nuas. Jogou-o pra longe e pegou um vermelho, simples mas bonito. “Talvez pensem que eu sou uma vadia, mas eu estou pouco me importando.”
Pegou uma calcinha e entrou para o banheiro que graças aos céus era em seu quarto.
(...)
“A arte de vencer se aprende nas derrotas.”
Max encarou a frase com certo sarcasmo, nunca vira tamanha bobagem em toda a sua vida. E culpava a maldita Anna por ficar perdendo tempo lendo revistas femininas, afinal, porque a garota demorava tanto pra descer?
– Oh, finalmente! Eu pensei que teria que ir te buscar no seu quarto! – Disse Max, que estava de costas e ao ouvir Anna descer as escadas virou-se e tentou disfarçar a surpresa em que seu rosto se encontrava.
Anna estava perfeita, trajava um vestido vermelho vinho, que era de comprimento médio, indo até o meio de suas torneadas pernas, um belíssimo laço fechava o look com precisão. Nos cabelos, Anna preferiu solta-los dando-lhe um ar doce e nos pés, usava uma sandália de tiras branca.
– O que foi? – Perguntou Anna, sentindo as bochechas corarem com o olhar sensual de Max.
– Nada.
Max tinha prometido a si mesmo que não beijaria Anna novamente, mas já não tinha tanta certeza se poderia cumprir o que tinha dito.
PARTE II
Anna sentiu-se ligeiramente cansada após cumprimentar metade das pessoas do evento, mas estava feliz. O ambiente que estava era interessante, o que distraia parte de seus pensamentos.
Via Max ir de pessoa a pessoa sorrindo confiante, trocava algumas palavras e depois ir a outro grupo.
“Ele tem o poder... O que eu vou fazer? Terei que desistir de tudo...”
Ao vê-lo se aproximar, Anna sentiu toda a sensação de estar num filme. Max lembrava a um galã de filmes adolescentes, bonito, atlético e dono de um sorriso que fazia qualquer garota suspirar só quem em Anna o impacto era um pouco pior.
– Dança comigo irmãzinha? – Perguntou o moreno estendendo a mão e com um sorriso levemente perigoso.
– Não, obrigada.
Max sorriu e puxou Anna a força, não se preocupando com as pessoas na festa. Todos estavam conversando animadamente demais pra perderem tempo vendo os jovens.
– Pra que pedir? Obrigar é mais interessante. – Disse, colocando as mãos ao redor da sua cintura de Anna.
“Tão linda e tão burra...” - pensou, enquanto via a loira fazer um bico emburrado.
– Porque você não vai dançar com aquelas outras que estão te encarando? Uh eu disse encarando? Quis dizer te despindo com os olhos!
Anna sentiu-se mole ao ouvir Max rir roucamente em seu ouvido.
– Não... Se eu te deixar aqui serei obrigado a suportar todos aqueles garotos em cima de você.
“Eu estava procurando
Você estava em uma missão
Depois nossos corações combinaram
Como uma colisão de estrelas de nêutrons”
A risada debochada de Anna fez Max agarra-la com mais vontade. Aos poucos as conversas altas estavam diminuindo – ou pelo menos os dois se sentiam assim – em um mundo particular.
“Não tenho nada a perder
Você não teve pressa pra escolher
Depois dissemos um para o outro
Sem rastro de medo que...”
– Qual é a sua hein, Max? – Anna perguntou, arqueando a sobrancelha com desconfiança.
– A minha por enquanto é você.
– Engraçado, pensei que irmão com irmão fosse pecado.
Max alisou o rosto de Anna.
– E é, mas o pecado diminui quando se são meio irmãos.
A garota fitou Max e balançou a cabeça negativamente não acreditando que estava falando de incesto com o irmão.
“O mundo está destruído
Auréolas não brilham mais
Você tenta fazer uma diferença
Mas ninguém quer ouvir”
– Isso não é coisa que se diga! E aquela história de “você tem um inimigo eterno lutando pela herança dos Jones”? – Lembrou Anna encostando o queixo no ombro de Max.
– Não leve a serio tudo o que eu falo e sim o que eu faço!
– Claro! Palavras são apenas palavras, atitude é o que conta... Entendo.
“Alto,
Os pastores, falsos e orgulhosos
Suas doutrinas serão como nuvens
Elas se dissiparão
Como flocos de neve no oceano”
– Senti uma leve ironia.
– Que bom.
“O amor é para sempre
E morreremos, morreremos juntos
E mentira, eu nunca digo
Porque o nosso amor poderia ser para sempre”
Max sorriu, Anna sentiu o coração bater dolorosamente, o que estava fazendo era errado, imoral e pecadoramente atraente.
– Vai indo para o carro, me espere lá. – Max disse, ao ver uma pessoa que jamais esperaria ver ali.
O rapaz esperava algum argumento inútil de Anna, mas para seu total prazer, ela o obedeceu.
Fitou Eva, sem acreditar que ela ousara vir ao evento.
Poucos ali tinham conhecimento sobre a mãe de Max, e a única presença que o intimidava era Josh, mas ele não estava por ali.
– Eva... O que você está fazendo aqui? – Perguntou indo pra um canto mais reservado com a mãe.
– Max! Que orgulho meu filho, e eu pensei que você fosse se amedrontar! A ideia é boa e clichê, mas eu adorei! – Disse com uma empolgação que Max jamais vira na mãe.
– Boa idea? – Perguntou, receoso.
– Sim, sim você esta conquistando a vadiazinha com o intuito de fazê-la se apaixonar, muito bom filho!
Max sentiu a cabeça girar, odiando-se internamente por esquecer-se de seus propósitos. Sabia bem a culpada por isso.
– Max... Que cara é essa? – Perguntou Eva, preocupada com a reação do filho. – Você esta fazendo isso não é?
O garoto fitou a mãe seria, e assentiu.
Desde pequeno fora pra isso que crescerá, como fosse um robô.
– Mãe, eu vou pra casa. – Disse Max, Eva assentiu com um enorme sorriso.
“Anna me faz esquecer o que eu sou, enquanto minha mãe sem ao menos se esforçar, me faz lembrar do verdadeiro Max”.
(...)
– Com licença. – Max disse, parando em frente ao grande portão preto do evento. – Você viu a senhorita Jones por aqui? – Perguntou a um homem baixo e bigodudo.
– Senhorita Jones acabou de ir embora com um rapaz!
– Com que rapaz?
– Não sei, só vi que ele era alto, de pele clara, parecia àqueles jovens rapper’s, se não me engano ouvi algo de serem primos. - Respondeu o homem, que tomava conta da recepção.
– Obrigado.
Max fechou o punho, irritado enquanto ia à direção de seu carro, abriu a porta brutalmente e nem precisou olhar para o motorista, o mesmo já sabia para onde leva-lo.
(...)
Anna se despediu do estranho garoto que acabara de descobrir ser seu primo com um sorriso nos lábios.
“E eu que pensei que jamais conheceria o lado Ferguson da minha vida...”
Entrou na mansão e lembrou-se de que ainda tinha que falar com Max.
“O esperarei no sofá.” – Pensou com um meio sorriso malicioso, deitou no sofá e adormeceu.
(...)
Max entrou em casa e encontrou Anna deitada no sofá, pensou seriamente em dar um tiro na testa da irmã, pois estava furioso com ela, mas viu que era tolice.
“Ela ainda é a mesma nojentinha de sempre.” - pensou, fitando os cabelos claros de Anna.
Foi em direção à escada quando ouviu uma voz doce.
– Achei que você não viria mais.
– Hum e eu achei que tinha pedido pra você me esperar! – Max disse, observando a garota, que riu.
– Pediu, mas eu conheci um primo meu...
– Primo seu? Mais um Jones?
Anna riu com deboche. Max reavaliou a ideia de atirar na irmã.
– Não. É um Ferguson, John.
– E como você sabe que ele é seu primo?
A garota se aproximou e sentiu Max se enrijecer.
– Mesmos olhos, loiro que nem eu, e sem contar que ele tem uma foto da minha mãe e da mãe dele pequenas.
Max pensou em zombar da inocência de Anna, mas estava mais preocupado com o olhar cheio de malicia dela. No evento ele tinha certeza que queria a irmã, mas depois da conversa com Eva... Não sabia bem se queria isso.
Anna o abraçou, e o garoto sentiu-se inebriado por seu cheiro.
“Sim, sim você esta conquistando a vadiazinha com o intuito de fazê-la se apaixonar, muito bom filho!”
– Eu-eu vou dormir Anna... Amanhã temos que acordar cedo... – Murmurou Max, enquanto Anna dançava na frente dele de uma forma sensual e provocante.
– Você ficou com ciúmes? – Perguntou Anna, provocante. – Relaxa, o John é apenas meu primo e estava interessado em me conhecer, o único incesto de meu interesse é você.
“Sim, sim você esta conquistando a vadiazinha com o intuito de fazê-la se apaixonar, muito bom filho!”
– Anna... Eu...
– Ah tudo bem, vamos fingir que não sentimos nada um pelo o outro! Eu vou dormir e amanhã voltaremos a ser os dois idiotas de sempre. – Disse Anna, se afastando de Max e indo para seu quarto, irritada.
Max observou uma garrafa de vodka perto do armário e decidiu beber.
“Só bebendo pra esquecer quem eu sou.” – Pensou, pegando a garrafa, um copo pequeno de vidro e jogando-se no sofá.
[A música Neutron Star Collision capítulo pertence ao Muse]