[Original] Refém De Você - Capítulo 11
Capítulo 11
Angélica estava sentada na escadaria da escola quando viu João se aproximar, sentando-se ao seu lado.
- Eu lembro quando começamos a conversar. – Ele disse, sorrindo de canto. – Aquela garotinha loira que gostava muito de MPB, mas aceitava ouvir reggae porque gostava da minha companhia. – A tristeza na voz do ex-namorado a desconcertou. – A minha melhor amiga que logo se transformou na minha namorada. E também a única mulher que confio depois da minha mãe.
A loira já podia sentir o nó se formar na garganta. Gostava de João e da segurança que sempre recebera dele. Do amor inocente que nutria por ela há anos. Coisa que jamais teria em seu turbulento relacionamento com Leandro. Angélica se arrependeu na mesma hora de tudo o que fez com o garoto.
- Você merece alguém melhor. – Ela disse, tentando manter-se impassível.
- O que com certeza não é a Giovana. – Rebateu, entojado.
- Talvez. Vocês pareciam bem próximos, não é? – João piscou os olhos, aturdidos. Angélica estranhou ao notar que sentia ciúmes dele. – Enfim, não importa mais.
- Angélica! Ela tá praticamente pedindo pra eu leva-la pra cama e eu não fiz isso porque amo você!
- Não perca seu tempo por mim.
- Você está sendo dura.
- É a realidade. – Ela deu de ombros. Sabia que o afastaria quebrando seu coração com palavras duras. E se precisasse salvar João dela fazendo isso, faria sem hesitar. – Fique com ela.
- QUAL É A PARTE DO “EU AMO VOCÊ” QUE NÃO TE ENTRA NA CABEÇA? – Ele a segurou pelos ombros. Angélica desviou o olhar, pois se olhasse nos olhos de João, choraria. – SERÁ QUE É ASSIM QUE TEM QUE ACABAR UM RELACIONAMENTO COMO O NOSSO?
- João, nosso namoro esfriou. - Ele baixou a cabeça, desolado. – Namorávamos por conveniência e não por amor.
- Diga isso por você mesma. Não por mim. Eu sempre fui louco por você.
Todas as palavras dele a tocavam a fundo, mas não era dele que queria ouvir aquilo.
- Eu apenas fiz o que eu devia.
- Terminar comigo alegando que a Giovana está apaixonada por mim foi sem dúvidas a pior justificativa que alguém poderia usar. Você sabe que ela tá dando em cima de mim e não fez nada! Droga, você costumava ter ciúmes de mim!
Angélica gostava de como João continuava o mesmo depois de tanto tempo. Ele não tinha medo de parecer um idiota sentimental.
- João... Por favor.
- Não! – Ele estava se descontrolando. E ela, sem saber mais o que fazer, o abraçou desajeitada. – Se você queria um namoro diferente, poderia ter me dito. Você sabe que eu faria qualquer coisa para te fazer feliz.
- Eu sei. Me desculpe.
João beijou o rosto de Angélica e foi trilhando um caminho até seus lábios. Ela pensou em desviar, mas descobriu após todas as palavras do ex que ainda era a mesma egoísta de sempre e precisava do amor dele como sua base. O garoto que era grande e um tanto atrapalhado, foi deitando seu corpo na escada sem o menor pudor.
- Volta pra mim. – Pediu João, a voz grossa soando pela primeira vez, suave.
- Me dê um tempo pra pensar, por favor.
- Todo o tempo do mundo.
Ele ficou de pé e a levantou habilmente. As mãos dele foram para a cintura da garota.
- Bobo. Você não passa de um menino bobo.
- Seu menino bobo.
De cantos estratégicos do refeitório Leandro e Giovana assistiam a reconciliação do casal. Ela, queimando de um ódio descomunal, jurou vingança. Ele, pela primeira vez sentiu orgulho da garota por quem ridiculamente se apaixonara. Angélica precisava de alguém que pudesse ama-la a ponto de perder a própria identidade e esse alguém sem dúvidas era João.
E mais tarde...
- Você me chamou aqui pra que? – Angélica perguntou, quando entrou no quarto de Leandro. Ele estava sentado na cama mexendo no celular.
- Para terminarmos. Afinal, você voltou com o João e eu vou sair com a Vivian. – Respondeu, sem fita-la.
Angélica achou que depois de ouvir palavras tão bonitas do ex-namorado, sua injeção de dignidade e autoestima estava em um nível aceitável para conversar com Leandro, mas como sempre estava errada.
- Não voltei com...
- Não me interessa. Meus pais vão chegar daqui uns 20 minutos, é só forjarmos uma briga e fim! Cada um para o seu canto.
- Você é ridículo!
- Eu? – Perguntou, franzindo o cenho, mas mantinha-se calmo. – Tem certeza?
- EU NÃO VOLTEI COM O JOÃO! ELE ME PEDIU E EU DISSE QUE IRIA PENSAR PORQUE... – As palavras travaram novamente. Angélica abriu a boca diversas vezes, mas elas simplesmente não saiam.
- Por que? – Pressionou, levantando-se abruptamente da cama. – Porque você disse que iria pensar, Angélica? – Ela sentiu-se envolvida pela sensualidade da voz dele. O sentimento dentro dela iria consumi-la se não o beijasse imediatamente. – Você apagou as provas que eu tinha contra você...
- Isso não importa. O João é o certo pra mim. – Ele assoprou o pescoço dela, fazendo-a arrepiar. – Para com isso.
- Com o que? – Num tranco, Leandro a abraçou por trás. – Com o que é que você quer eu pare?
A mão dele subiu pela blusa de Angélica, o dedo polegar adentrou o sutiã, tocando a pele macia de seu seio. Era ousado, provocador. Ela gemeu, deliciada pela ousadia de Leandro. Ele era o fogo que faltava em João.
- Você não pode fazer isso... – Murmurou com a voz enfraquecida. Ela sentiu a mão dele massagear seu seio.
- Por que?
Leandro sentiu a excitação tomar conta de seu corpo quando tocou o mamilo dela.
- Porque eu... Eu... – A cada palavra ele a acariciava mais. Ela arqueou o corpo, praticamente entregue.
“FILHO, CHEGAMOS!”
Ao ouvir a voz de Eleonora os dois se afastaram como se tivessem levado um choque. Angélica ajeitou a roupa e Leandro desviou o olhar para qualquer coisa, tentando amenizar a vontade de agarra-la.
- Vamos acabar logo com isso. – Disse ela, carrancuda. Leandro ainda de costas, balançou a cabeça, assentindo. – EU ODEIO VOCÊ! EU... EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO, SEU CANALHA!
Ele agradeceu por ela ter dado início a mentira, pois não estava com coragem o bastante pra terminar o relacionamento que não foi totalmente uma mentira.
- QUEM MANDOU VOCÊ ABRIR ASSISTÊNCIA? AS COISAS SÃO ASSIM, MEU AMOR! – Angélica já sentia os olhos lacrimejarem. Forçou-se a continuar.
- VOCÊ É NOJENTO! VOCÊ E AQUELA VADIA COM QUEM VOCÊ DORMIU. – Leandro viu quando a porta de seu quarto fora aberta. Os pais e a tia assistiam a tudo, horrorizados. Angélica tirou a aliança do dedo e jogou contra ele. – EU ESTOU TERMINANDO COM VOCÊ, LEANDRO! E PARA SEMPRE!
Finalizando a cena com maestria, Angélica saiu correndo do quarto e as lágrimas que caiam em seu rosto era a prova que Leandro precisava pra saber que ela o amava.
Ele olhou a aliança no chão e depois os familiares. O pai abraçou o filho, emocionado.
- ESSE É O MEU GAROTO!!