[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 24
Entre o Inferno e o Céu
Desde a minha morte eu venho cuidando e guiando os passos do maior bem que eu tive e perdi por não merecer: Minha filha Anna.
Lembro-me exatamente da alegria e satisfação em tê-la trazido ao mundo. Um anjo feito por mim... E Daniel.
Não digo que sinto orgulho do que fiz quando estava entre os vivos.
Tento me redimir cuidando de Anna, meu bebê, que mesmo com câncer continua sendo a criança mais feliz do mundo.Tantas pessoas que amam, cuidam, todo o amor que eu sempre quis dar pra minha filha.
O único que não percebe isso é o pai dela.
Daniel acha que matando resolvera a doença de Anna.
- Patrícia, as coisas não estão fáceis pro jovem Dougie.
Encarei Rafael sabendo que além de Gabriel ele era o único que poderia me ajudar.
- Eu sei, preciso de sua ajuda.
- Seja mais clara.
- Impeça Daniel de matar a Kate.
Rafael não era do tipo de anjo que defendia os protegidos dos outros, mas ele sabia que não estava fácil.
- Nosso pai tem outros planos pra ela.
- Por favor, Rafael! Você sabe que é uma grande besteira o que Daniel esta fazendo!
- Sim sei, gostaria que você se acalmasse Patrícia, pode ter certeza que vai dar tudo certo!
- Tenho permissão pra conversar com minha filha?
Ele suspirou, impaciente.
- Sim, tem! - Eu sorri, aliviada. – Não se esqueça de que Anna é uma criança.
- Ora Rafael, eu sou a mãe dela! Não um monstro!
Ignorei seu murmúrio de indiferença me concentrando em Anna e me sentindo ansiosa por ter a permissão em poder falar com ela.
(...)
Anna Jones
Depois de sair da capela do hospital eu voltei protegida pela enfermeira Mary.
Apesar de insistir ao Dougie pra que me deixasse ver a Kate, ele não deixou. Disse que aquele não era o meu lugar. Ah! E qual seria o meu lugar?
- Mary que dia vai ser a minha cirurgia? - Perguntei, firme. Eu sabia que tudo ia dar certo, esse câncer ia sair do meu corpo e eu ia viver, ser uma criança feliz como todas as outras.
- Logo pequena, precisamos falar com o Dougie e com sua avó! - Respondeu, me colocando na cama e me cobrindo carinhosamente.
- Mary... Você bem que podia me levar até lá né?
- Ora Anna, o que meu chefe diria se eu a levasse lá?
Eu sorri, sapeca.
- O que o doutor Climber não vê, Doutor Climber não sente.
(...)
Kate Judd
A dor da facada que recebi de Daniel havia passado. A única coisa que eu sentia agora era pura serenidade.
- Kate, devo dizer que é um imenso prazer vê-la! - Procurei o dono da voz, mas a única coisa que eu via era uma fumaça branca.
- Quem é?
Olhei novamente. E um homem de capuz vermelho saiu da fumaça, com um porte atlético, forte e até mesmo presunçoso.
Eu me senti estranha, aquele sorriso estava me deixando em pânico.
- Prazer, Lúcifer! Ou pra vocês humanos, capeta, diabo, chifrudo... - Ele riu, enquanto eu sentia minha boca abrir, de espanto, horror. Então era assim que era o dito cujo?
- Kate, chifres, garfo e essas bobagens são invenções da cabeça de vocês, mas apesar de que eu posso tomar a forma que eu quiser...
Ai meu Deus! Aonde é que eu estou?
- Não chame esse nome!!
- Quem???
- Eu, Kate. - Respondeu outra voz, forte, calorosa, isso só pode ser um sonho realmente estranho. Deus, o diabo e eu tudo num sonho só. Que comédia.
- Mas pelo o amor hein? Essa daqui já era! Não se meta, José. - Disse o diabo, sem me olhar nos olhos. Deus riu e acariciou sua barba, e se sentou em um banco que não estava ali a dois minutos atrás.
- Não Lúcifer, Kate não vai com você! Ela não tem nenhum pecado que consta que ela deve deixar o mundo dos vivos!
- COMO É QUE É JOSÉ?
Ah que lindo, o capeta quer a minha alma.
- Não só a sua alma, ele te quer como a princesa dele! Ridículo!
- Ora, o que eu desejo pra ela não é da sua conta homem!
Eu encarei Deus não acreditando que aquilo podia ser tão real.
- É sim, Kate volta pra terra hoje mesmo, ela tem que terminar a missão dela ao lado de Dougie Poynter.
- Pelo menos terei um deles para mim?
- Não sei, eu já escrevi o destino de cada um deles.
- Que seja, mas sua alma ainda é de meu interesse Kate, saiba que eu posso realizar todos os seus desejos...
Deus me olhou, esperando que eu respondesse a tentação de Lúcifer.
- Não, eu quero voltar pra terra, pro Dougie, pra minha família!
- Argh! - Exclamou, enquanto batia com o pé com força no chão, que abriu um buraco profundo e se jogou lá dentro.
- Certas coisas não mudam mesmo. - Murmurou Deus, negando algo com a cabeça, depois sorriu pra mim. – venha Kate, temos que conversar algumas coisas antes de eu mandá-la de volta a Terra.
O senhor estendeu a mão pra mim e juntos nós atravessamos um portal de Luz. Parecia o inicio de um passeio surreal.
Dougie Poynter
Eu olhava o rosto sereno de Kate com certa curiosidade e não tive como não me lembrar de meu sonho meses atrás. Ela morta e feliz por estar em tal condição.
- Só você mesmo Kate... Mesmo desacordada, parece totalmente serena. - Sussurrei em seu ouvido, mesmo sabendo que ela não ouviria.
Tentei ignorar o irritante barulho do meu celular, mas como nessa etapa da minha vida eu não estou podendo negar nem atender ao celular, atendi.
Me afastei da cama de Kate e fui atender perto da janela.
- Quem é?
“Olá Dougie, como vai à vida?”
- Daniel? Como você ousa me ligar seu...!
“Dougie, deixe os elogios pra depois, vamos ao que interessa!”
- O que você quer?
“Simples, eu vou deixar você e sua adorável namorada em paz, maaaas... Antes eu quero que você me traga Anna, eu irei leva-la comigo pra bem longe daqui!”
- O QUE?
“Sim, sim... Só darei o tempo de a minha filha fazer a cirurgia pra retirada do câncer e depois a levarei embora com a minha mulher e meu filho!”
Me segurei pra não gritar com o maldito filho da puta.
- Você é um cretino Daniel!
“Ah eu sei, mas eu posso conviver com isso. Tente marcar a cirurgia da Anna pra semana que vem, tenho que viajar logo!”
- Daniel...
“Eu estou a par de tudo Dougie, não pense que eu estou por fora... Eu te ligarei em breve, mande um beijo pra Kate. Espero que ela não me odeie por eu ter a feito conhecer o poço da floresta. - Ele riu, sinistro e um suor frio desceu pela minha testa. – Até logo.
Anna Jones
- Anna, estou arriscando meu emprego por sua causa, espero que de tudo certo! - Ouvi Mary dizer enquanto entravamos no hospital, a primeira pessoa que eu reconheci sentada na recepção foi à mãe de Dougie.
- Anna?
- Oi tia! - Corri até ela e a abracei bem apertado.
- O que você faz por aqui?
- É uma longa história tia, mas deixa eu te apresentar a Mary, minha enfermeira.
As duas se olharam e sorriram.
- Anna, eu acho que agora eu posso ir né? Eu darei um jeito de ninguém perceber a sua falta no hospital! - Mary falou, timidamente.
- Aham, confio em você Mary... E ah, eu te amo!
Ela sorriu maravilhada, todo mundo se derretia com os meus elogios, porque será? Ah eu devo ser muito fofa mesmo. Dei um beijo nela que foi embora, rapidamente.
- Tia cadê o Dougie? - Perguntei, ela suspirou, parecendo muito cansada.
- Esta na sala com Kate. Estamos revezando, daqui à uma hora eu vou embora e a mãe dela vira pra cá, estou tentando fazer seu padrinho se alimentar, mas ele não quer sair daquele quarto de jeito nenhum.
Me senti triste. Eu não gostava de ver Dougie mal, quem fez essa barbaridade com a Kate é uma pessoa muito ruim...
- Eu quero vê-lo!