[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 21

Quando entramos no hospital Dougie foi pra recepção. Ele gesticulava tanto que por um momento pensei em ir lá e ajuda-lo. Como? Nem eu sei o que está se passando aqui.

Ah Deus... Será que ele tem uma filha? E uma filha com câncer?

Não. Não pode ser... Poynter me contaria.

- Vem Kate. -Ele a encarou a mulher da recepção com seriedade, à mesma só balançou a cabeça e deu de ombros.

Fiquei ao lado de Dougie, que pegou na minha mão e saiu me guiando até um corredor longo e quieto. Paramos em frente a uma porta com o numero 466. O loiro colocou a mão na maçaneta e a abriu.

A minha primeira reação foi de uma grande surpresa. Havia uma criança deitada na cama, duas enfermeiras ao seu lado e uma senhora de aparentemente uns 45 anos também por ali.

A minha visão ainda estava na menininha, que mesmo estando com a aparência cansada, sorria naturalmente.

Dougie Poynter

Quando entrei naquele quarto eu só conseguia pensar em Anna.

- Dougie! -exclamou, sorrindo.

- Anna... Como você esta? - Perguntei, afagando sua pequena mãozinha. Ouvi um soluço angustiante e presumi ser da mãe de Daniel.

- Ah, eu to bem... - Respondeu e depois diminuiu o tom de voz. – Você sabe que meu tempo aqui na terra esta acabando né?

Eu balancei a cabeça, aflito. Segurei uma lágrima que insistia em querer cair. Não é hora pra isso. Não na frente de Anna.

- Anna, não fala isso, por favor! - Pedi, com a voz embargada.

- Eu estou apenas dizendo a verdade, mas quem é aquela garota ali? -perguntou, apontando pra Kate, que encarava Anna com um amor que eu nunca a vi olhar para alguém.

Kate ficou ao meu lado.

- Anna, essa é a Kate, minha namorada. Kate essa é a minha afilhada, Anna Jones.

As duas se olharam de uma forma carinhosa e compreensiva. Como se conhecessem uma a outra de longas datas.

- Fico feliz que você tenha largado aquela nojenta da Chantelle, a Kate é bem mais bonita. -eu sorri, Anna olhou pra sua avó. – a vó, por favor, não chore, vem cá me dá um cheiro que só a senhora sabe.

Dona Jones foi em direção a Anna, a essa hora as enfermeiras já choravam compulsivamente.

- Dougie, deixe sua namorada com a Anna, precisamos conversar com o médico dela. - Pediu a Sra. Jones, séria. Eu assenti, dei um beijo em Kate e sai da sala.

Kate Judd

Nunca em minha vida eu tinha sentindo tanta afeição a uma menina mesmo sem saber de sua história.

As enfermeiras saíram da sala enxugando as lÁgrimas.

- Eu não sei por que todos choram pela minha situação, Dougie e minha avó sempre souberam que meu tempo na terra era limitado!

- Só Deus sabe o nosso tempo na terra Anna.

Ela sorriu.

- Eu sei, mas tudo bem... Eu não quero falar disso! - Anna se ajeitou na cama e me olhou com ternura.

- Anna, você é muito esperta pra sua idade!

- Eu sei... Kate, você conhece o meu pai?

- Não Anna, seu padrinho não deve ter me falado dele!

- Dougie... Enfim... Meu pai se chama Daniel Jones.

- Daniel Jones... - Repeti, lembrando-me de já ter ouvido esse nome em algum lugar.

- Bem... Ele fugiu da cadeia, você deve ter visto falarem!

Droga, eu não consigo me lembrar dessa cara.

- Não, Anna... Mas pode ter certeza que eu vou perguntar pro Dougie.

- Eu preciso vê-lo. Um anjinho me disse que ele esta com pensamentos ruins, mas eu sei que meu pai não é mal, ele só precisa me ver, precisa saber que eu estou bem!

Anna enxugou uma lágrima e amarrou o cabelo num coque.

- Dougie sabe que seu pai esta assim?

- Deve saber, mas Dougie esconde muito as coisas das pessoas, sempre com sua mania de querer resolver tudo sozinho! - eu assenti e me senti idiota, Anna, uma criança, conhece mais meu namorado do que eu.

A porta se abriu e Dougie entrou com a senhora Jones ao lado. Ele estava sério, tão serio que me deu medo.

- Ah Dougie, eu gostei muito da Kate, ela é bem legal, espero vê-la novamente!

- Sim, você vai vê-la novamente e eu prometo visitá-la com mais frequência.

Dougie deu um demorado beijo em seu rosto.

- Eu te amo, Dougie.

- Eu também, Anna.

- Tchau, Kate.

Dei um beijo em sua testa e sai de mãos dadas com Dougie.

Dougie Poynter

- Vamos parar aqui, eu acho que você tem que me contar algumas coisinhas! - Disse Kate, sentando-se no banco do parque Clean.

Eu não estava a fim de conversar. Não depois do que eu ouvi de Stephanie, a mãe de Daniel.

- Kate, vamos embora. Eu estou com a cabeça doendo!

E eis que ela se descontrola.

- NÓS NÃO VAMOS EMBORA ATÉ VOCÊ ME CONTAR SOBRE A ANNA, SOBRE ESSE DANIEL JONES E SOBRE TUDO O QUE VOCE ME ESCONDE! E NÃO ADIANTA ME OLHAR COM ESSA CARA DOUGIE POYNTER, SE SOMOS UM CASAL VOCÊ VAI TER QUE PARAR COM ESSA MANIA DE ESCONDER AS COISAS DE MIM! -Kate respirou fundo, recuperando a voz. Eu a encarei pasmo, nunca a vi gritar assim. Ela se recompôs. – Droga Dougie, quando você vai aprender que pode confiar em mim?

As pessoas que passavam, pararam para nos ver discutir.

- Tudo bem. Vem... Vamos naquela lanchonete na esquina pra conversarmos melhor. - Pedi, enquanto ela tentava se acalmar. Suas mãos tremiam muito.

- Ok.

(...)

Kate Judd

O Dougie funciona na base do grito. Bom saber disso.

Entramos numa lanchonete e nos encaminhamos para uma mesa mais reservada onde ninguém pudesse nos atrapalhar.

Sentamo-nos e logo uma garçonete veio nos atender.

- O que desejam?

- Eu nada. - Respondeu Dougie, a mulher olhou pra mim.

- Quero um suco de laranja!

- Tem certeza que não quer de maracujá? – Perguntou o loiro, tentando ser engraçado.

- Cala a boca, Poynter.

A mulher saiu em direção ao balcão.

- Kate eu acho que pra você entender tudo eu tenho que começar beeem do começo! Só vamos esperar o seu suco.

- Claro.

(...)

Não muito longe dali Daniel Jones assistia aos dois adolescentes conversarem com cautela. Ele não dava ponto sem nó, e ao contrario do que pensava Dougie Poynter, ele também não era burro.

Sabia que sua filha não estava bem, e que sua vida estava em estagio final. Ele não deixaria isso barato.

“Promessa comigo é divida!” - Pensou o rapaz, vendo a garçonete entregar um copo de suco a Kate Judd.

Daniel sabia do perigo que estava correndo ficando na rua com a polícia em sua procura, mas ele não conseguia sossegar enquanto a justiça não fosse feita.

Ele mataria Kate.

“Uma pena, a garota é realmente bonita!”

Kate Judd

- VOCÊ ERA AMIGO DO TOM???

Meu Deus. O que mais será que Dougie me esconde?

- Kate, se você começar a gritar eu não vou te falar mais nada!

Eu assenti, fingindo passar uma chave na boca.

- Éramos amigos, mas nossa amizade terminou depois que bancou o idiota e não quis me ajudar a cuidar de Anna. Após isso nós nunca mais trocamos nenhuma palavra. E isso meio que foi esquecido.

- É... Eu jamais imaginei que vocês dois poderiam ser amigos...

- E bem... Depois disso eu passei a me dedicar muito a Anna, cuidava dela sempre e sempre, claro que ninguém além da minha família sabia disso... E eu não pretendia contar a você, mas as circunstancias chegaram ao extremo... - Dougie riu, sem vontade.

- Dougie, como era esse Daniel? - Perguntei.

- Alto, não era muito forte, tem os cabelos cacheados e com algumas mechas loiras, por quê?

- Dougie... Eu... Eu... Acho que o Phillipe e o Daniel são as mesmas pessoas!

- Ah droga, ele já sabe que você é minha namorada!

- O que ele pode fazer? Me matar? - Perguntei, já sentindo a voz ficar em desespero.

- Sim, Kate! Você não sabe do que ele é capaz!

Olhei pelo vidro da lanchonete e vi um vulto se esconder atrás de uma árvore.

- Não podemos contar nada aos outros. Não agora que Marienne está grávida!

Ele assentiu. Eu já estava doida pra entrar naquele assunto... Aquele sobre sentimento. Infelizmente, o momento não era o mais oportuno.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 04/08/2010
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T2417253
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