[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 20
Kate Judd
Cruzando o corredor da escola ouvi um pigarro bastante intimidador, o que me obrigou a parar. Me virei e Dougie estava encostado na parede com aquele olhar mega avaliador que me atraia e as vezes me amedrontava.
- Fiquei esperando você me ligar, Katerine.
“Katerine”
- Aham... Mas eu cheguei cansada...
- Porque não mandou mensagem?
- Preguiça.
- Ah claro, e como estava na sorveteria? - Parei na frente dele e fiz um carinho em seu rosto. Dei meu melhor sorriso de “eu não sei de nada” e peguei em sua mão.
- Muito bom, conheci um cara legal, Phillipe.
Dougie continuou me encarando enquanto eu entrelaçava nossas mãos. Às vezes (quase sempre) eu tenho a impressão de que ele quer me falar alguma coisa.
- Como ele era? - Perguntou normalmente.
- Usava óculos, era magrinho assim que nem você, e tinha uns cachinhos meio aloirados, bonito, mas estranho.
- Hum... Mas preste atenção Kate Judd. Eu não quero você andando sozinha à noite, se você morrer seu irmão me mata!
- Nossa! Quem vê pensa que o Harry esta podendo tudo isso.
- É, realmente... Ele anda tão viciado na Marienne. Às vezes eu o pego suspirando na sala de aula.
- Pega ele? Como assim? - Perguntei, abafando uma risada.
- Engraçadíssima.
- Ok, parei.
- Em minha opinião acho que eles estão indo rápido demais nesse namoro... - Dougie deu um suspiro, passou a mão por minha cintura e fomos em direção a minha sala.
- Por quê?
- Harry já comeu o bife. - Respondeu, e abafou um riso.
- Comeu o que?
- Bife.
- Que bife?
Quase vi o loiro suar gelado.
- Ahn... O bife feminino. – Ao finalmente entender a expressão chula e nojenta que ele usara, abri a boca, espantada.
- Eu não acredito!
- É Kate, seu irmão de bobo só tem a cara.
- A Marienne disse que só perderia com 20 anos. – Falei, atônita.
Encostamos na parede ao lado da porta da minha sala. Dougie revirou os olhos.
- Kate, esse tipo de coisa nós não costumamos planejar... Acontece!
- Aham, claro! Já deve ter acontecido com você e aquela sebosa da Chantelle.
Eu sei, não consigo controlar meu ciúme, mas é que às vezes eu me sinto... argh!
O loiro mordeu o canto da boca.
- Bem, eu não sou virgem faz um tempo, mas...
- Nem me fala mais nada, não quero me pegar imaginando como foi a sua primeira vez.
Dougie ficou me observando com cautela.
- É pensando bem, acho que não vou falar mais sobre isso com você não, do jeito que você pira fácil com essas coisas e...
Dei um tapa no braço dele, que riu alto.
- Começa com graça que você vai ver, eu volto pro TOM!
- Jamais.
- Pensa que manda!
- Mando sim! - Ele me abraçou e foi descendo a mão para um lugar tenso. Só que eu desviei pra minha cintura. – Você só volta para o Kaulitz quando eu morrer!
O “morrer” desceu meio quadrado pela minha garganta, mas ignorei.
- Dougie, você... Bem, quando foi que o Harry te contou isso?
Coloquei a unha na boca e comecei a roer os cantinhos. Eu to nervosa, primeira vez que eu falava disso com ele.
- Anteontem, eu acho. Por quê? Ah, Kate você não vai brigar com a Marienne né?
- Claro que não, eu só... Sei lá, achei que ela devia ter me contado afinal somos amigas há tanto tempo.
- Tsc, tsc não acredito que vai dar uma de amiga traída agora!
- Cala a boca.
- Bem, eu vou pra minha sala, nos vemos no intervalo. - Ele veio na intenção de me dar um beijo rápido só que eu o segurei e dei um beijo de tirar o fôlego.
- Dougie... Vai fazer quanto tempo que estamos juntos? -perguntei, enquanto encostava minha testa no ombro dele.
- Acho que um mês e pouco, por quê?
- Você nunca me disse... – “Coragem Kate, coragem...”
Se você nunca ouvir isso da boca dele nunca saberá o que ele sente.
- Disse...?
- Que me ama. - Dougie franziu o cenho. Eu fiquei observando suas expressões. Surpreso, nervoso, sem-graça. E como ele não dizia nada, continuei. – E bem... Quando eu te disse isso, eu fui sincera, falei o que eu realmente sentia, só que você, sei lá. Você não diz nunca, não diz nada. Você me ama, Dougie?
Admito que estou com medo da resposta.
- Kate... Esse tipo de assunto não pra se conversar na escola.
Sua resposta me surpreendera. Engoli o nó seco e segurei-me ao máximo pra não gritar com ele, apenas balancei a cabeça, concordando e entrei pra minha sala.
Dougie Poynter
Ah, que maravilha, porque eu me travo sempre que é pra falar do que eu sinto? Agora a Kate vai ficar achando que eu não gosto dela e lá vamos nós brigarmos por causa disso, de novo.
Tudo bem, nada que eu não consiga resolver nem que seja no tranco.
Na verdade o que anda me preocupando mesmo é o Daniel solto, tenho certeza que ele esta escondido em algum buraco... Não deve ter tanto perigo assim. Ele não sabe como a Kate é. Porém, estamos falando de Daniel Jones. E se ele quiser descobrir quem é ela, assim o fará.
Anna. Eu tenho que ir vê-la... Eu preciso.
- Dougie? Você esta bem? - Ouvi Harry perguntar. Ele andava todo animado desde que foi aos finalmente com sua amada Marienne.
- Mais ou menos. – Me sentei no meu lugar de costume e fiquei pensando em como a minha vida andava agitada. Além de eu ter que me preocupar com escola, família, Anna e agora... Tenho a Kate inclusa na lista.
Era tudo tão mais fácil quando o Daniel estava preso.
- Por quê? - Ele se ajeitou na cadeira.
- Sua irmã está meio insegura em relação aos meus sentimentos!
Harry suspirou, balançou a cabeça em negação.
A Kate gosta de caras que ficam bajulando ela, dizendo como ela é linda, etc, etc e etc. E você meu caro, é diferente, não é do tipo que fala de sentimentos o tempo todo... Isso sem dúvidas gera insegurança a ela.
- Eu sei o que eu sinto por ela.
- Que bom isso sem dúvidas já acaba com parte do problema. - Eu sorri e comecei a copiar a lição da lousa.
- Harry, eu contei pra sua irmã sobre você e a Marienne...
- E ela?
- Bem, só deu uma de amiga traída, mas não falou nada... E falando nisso... Você se protegeu né?
Harry me encarou com cara de paisagem.
- Quando você diz se proteger... Quer dizer usar camisinha?
Assenti. Ele deu um sorrisinho tenso que depois se transformou numa cara de pânico.
- Puta que pariu! Você não usou camisinha Harry?
Kate Judd
Hoje era trabalho de grupo com 4 pessoas. Nem preciso comentar que esse tipo de trabalho era sempre eu, Marienne, Lauren e Bill né? Isso seria super normal se o clima não estivesse meio... Estranho.
- Bem, quem vai copiar as perguntas? - Perguntou Bill, sentando-se ao lado de Lauren.
- Kate, que tem a letra bonita. - Respondeu Lauren, eu apenas sorri e me sentei ao lado de Marienne. A situação estava muito desconfortável.
- Pode ser. Bill faz a capa, eu respondo e você, Lauren pesquisa no livro. - Disse ela, que estava quieta demais para o jeito Marienne de ser.
Todos nos sentamos. E como eu estava de frente pra todos, olhei o costumeiro lugar de Tom Kaulitz vazio. Fazia tempo que ele não vinha à aula.
- Ele disse que não virá mais pra cá Kate... - Murmurou Bill, sério.
- Hum... Bem, vamos deixar isso pra lá e continuar o trabalho.
Ele assentiu e ficou fazendo a capa enquanto eu me encarregava de copiar as perguntas.
- Kate... Eu... Eu preciso te falar uma coisa... - Sussurrou Marienne, encostando-se ao meu lado.
- Eu sei o que é... - cortei, friamente.
Ah tipo, se isso fosse acontecer comigo eu sem dúvida contaria pra ela. Cadê a amizade??
Marienne mordeu o lábio, aflita.
- Kate... A minha menstruação ta atrasada há 15 dias... Fiz o teste. Deu positivo.
- O QUE? – Meu choque era imensurável.
- Eu to grávida do seu irmão, Kate.
(...)
Dougie Poynter
Na hora do intervalo eu saí com Harry para um lugar onde ninguém pudesse interromper. O assunto era sério demais para interrupções.
- Você ejaculou?
Ele franziu o cenho, confuso. Harry não tem a esperteza de Kate.
- Isso é tipo gozar?
- Não é “tipo”, é gozar.
- Sim, mas Dougie, eu acho que não vai acontecer não cara! - Ele tentou sorrir, mas sem sucesso. Eu revirei os olhos.
- NÃO SEJA IDIOTA, HARRY! CLARO QUE VAI ACONTECER! OU SÓ SE VOCE DER A SORTE DA MARIENNE NÃO PODER ENGRAVIDAR! – Esbravejei. Não acreditando que ele me dissera. Em que mundo ele vive?
- PORRA, EU NÃO POSSO SER PAI DOUGIE!
- Ah merda, vamos atrás da Marienne!
Nós dois saímos em direção à sala da Kate e ignorando alguns olhares curiosos direcionados a nós dois.
Paramos em frente à sala, esperamos alguns alunos saírem e eu pude ver Lauren, Kate e Bill abraçarem Marienne.
Harry também a abraçou. Os outros a soltaram e ela se derreteu nos braços do meu amigo. A cena seria até bonita, se o momento não fosse tão tenso.
Ouvi meu celular vibrar, Kate também ouviu.
No visor do celular, uma mensagem da mãe de Daniel piscava incessantemente.
“Dougie venha ao hospital rápido. Anna não esta bem.”
Kate Judd
Eu estava segurando as lágrimas vendo meu irmão abraçar Marienne. Uma criança não estava nos planos deles. A vida é isso, não é? É viver e se surpreender.
Dougie não entrou na sala. Ele estava parado na porta. Eu ouvi o toque de seu celular, acho que eu fui a única a ouvir. Os outros continuaram consolando Marienne.
Quando olhei para porta ele não estava mais lá.
- Já volto. - Avisei a Lauren. Ela assentiu e eu saí correndo atrás de Dougie.
Segui correndo um vulto loiro, que parou na diretoria. Ah, esse branquelo eu reconheço de longe.
- DOUGIE! – Gritei. Ele se virou e parou, surpreso com a minha presença.
Sai empurrando todo mundo e fui até ele.
- Aonde você vai? - Perguntei, com a respiração ofegando após a corrida.
- Kate, eu, não posso falar... Mas vai lá com a Marienne, eu já volto! - Segurei seu braço com firmeza. Chega, ele não vai mais me esconder nada.
- Se você não me falar aonde você vai, pode esquecer de mim.
Um apelo dramático sempre funciona com o Dougie.
- Kate...
- EU VOU COM VOCÊ!
Dougie não respondeu, seu olhar se desviou pra mulher da secretaria.
- Duas dispensas? Por favor?
Eu achei que a mulher negaria, mas não, ela apenas anotou nossos nomes e nos deixou ir.
- Eu sinceramente não sei o que estou fazendo, mas já faz um tempo que eu não sou eu mesmo que comando meu cérebro! -falou Dougie, mais pra si próprio do que para mim.
- Pra onde estamos indo? – Perguntei.
- Em um hospital para crianças com câncer, só isso que irei te dizer, quando chegarmos lá você vai entender... Eu espero.