[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 17
Capítulo 17
“A morte poderia separar um grande amor?”
Daniel Jones se perguntava diariamente vendo sob uma visão penosa a sua rotina de presidiário passar lentamente. Morreria ali dentro, não tinha dúvidas.
“Arrependimento é pra fracos, eu fiz o que fiz e estou feliz assim.” – Dizia toda vez que lhe perguntavam se estava arrependido de seus crimes.
Passou pelo corredor de detentos rumo à sala de visitas onde Dougie Poynter o esperava. Sempre andava de cabeça erguida. Ele era um Jones. E um Jones jamais baixava a cabeça pra algo ou alguém. A única ligação, de fato, que existia entre os dois era a filha de Daniel, Anna.
- Olá, Dougie. – Cumprimentou, sentando-se a frente do jovem.
- Oi, Daniel.
- Como esta a Anna? – Antes de responder, Dougie dera um longo suspiro. Daniel já sentira que algo estava errado.
- Não muito bem.
- Você some e quando aparece só me vem com más noticias? – Perguntou, controlando suas palavras.
- Você queria que eu mentisse? – Dougie rebateu.
- Não, Poynter. Quero apenas que cuide de Anna direito, como prometido.
- Danny, você não esta sendo justo comigo!
- Você esta falando de justiça com a pessoa errada e no lugar errado, Dougie. – Os dois se fitaram por um longo tempo. Daniel sabia que precisava da ajuda do rapaz. Ele era o único que cuidaria de verdade de Anna.
- Eu estou fazendo o possível pra cuidar de Anna, mas eu tenho que estudar, tenho que ajudar a minha mãe.
- Olha pra mim Dougie! – Bradou, perdendo a sua compostura. Conhecia Dougie de longas datas, sabia que o rapaz estava escondendo alguma coisa. E também o que estava escondendo.
- O que é?
- Isso tem mulher no meio.
O outro arqueou a sobrancelha, não estava entendendo o que isso tinha a ver com Anna.
- Isso não é da sua conta...
Ele socou a mesa. Dougie respirou fundo.
- CLARO QUE É! VOCÊ NÃO ESTA CUIDANDO DA MINHA FILHA POR CAUSA DELA!
- Você está louco, não tem nada a ver!
- Não.brinque.comigo.Dougie! Se eu souber que você está deixando minha filha de lado por causa de mulher...
- É assim que você me agradece por tudo o que eu fiz pela sua filha????
- Eu sei agradecer sim, mas quando a pessoa merece meu agradecimento, o que não é o seu caso, Dougie. É como dizem por ai... Quem avise amigo é.
Após a saída de Daniel da sala, Dougie sabia que a partir de agora ele teria que cuidar melhor de Kate. Se algo acontecesse a ela, o rapaz jamais se perdoaria.
Kate Judd
Olhando para o céu pude deduzir que já passava das 10h da noite e por algum motivo que eu desconheço, ainda estou acordada assistindo filme. Bem que dizem por aí, a gente só da atenção a beleza das mínimas coisas quando está apaixonado. Ridiculamente apaixonado. O que é meu caso. E tá, eu sei, eu sei... Assistir “10 coisas que eu odeio você” é mais que clichê, é extremamente clichê.
Assoei o nariz após chorar desconsolada com a épica parte do poema. O amor deixa a gente um tanto ridículo. E depois de levar um fora eu fiquei ainda mais esquisita, admito. Sei lá, de repente me deu uma vontade imensa de me esconder do mundo e choramingar as dores de ser rejeitada após se declarar apaixonada pelo último cara que deveria.
Lauren e Marienne vieram me visitar após meu sumiço de três dias da escola e como toda boa amiga, as duas me deram notícias do Poynter.
Ele respeitou meu espaço e não veio me ver, mas mandou duas mensagens. “Porque você complica as coisas?” eu complico as coisas? Ah, claro. “Eu preciso conversar com você, Katerine” e eu não quero conversar contigo, Poynter.
Pensei em responder, mas não daria muito certo. Acabaríamos brigando e eu não estou afim disso. Tem coisa que é melhor evitar. Só isso.
Dougie Poynter
Parado próximo ao portão dos Judd, não vi quando uma seríssima Katerine Judd saiu andando com passos firmes.
- Bom dia pra você também! – Cumprimentei em voz alta, fazendo-a parar.
Mesmo nosso relacionamento sendo perigoso eu não deixaria Kate sozinha, muito menos agora que estou sob a ameaça de Daniel.
- Mal dia pra você também, Poynter. – Ela estava vestida de forma arisca. Roupa preta, cabelo preso. Conheço Kate o bastante pra saber que ela está num mau-humor daqueles.
- Quem foi que morreu? – Perguntei, numa tentativa idiota de ser engraçado e fazê-la rir. E falhei. Ela me olhou dos pés a cabeça como se eu fosse um ser desconhecido que acabou de pisar na terra.
- Olha, Dougie Lee Poynter, eu não sei quem morreu, mas sei quem vai morrer senão parar de encher o saco.
- Kate. – Murmurei, tentando ser pacifico. Segurei sua mão, ela se afastou, como se tivesse levado um choque.
- Me deixa... Por favor.
A porta se abriu e o irmão de Kate apareceu com seu habitual sorriso matinal.
- O que foi? – Sussurrou pra mim, vendo Kate andar em nossa frente.
- Kate está brava. E com razão.
- O que você fez? – Continuamos a conversar em tom baixo, mas ela notara.
- Poynter cala a merda da sua boca. Harry! – Ele olhou a irmã, assustado. - Vamos embora logo ou eu vou sozinha. Já é uma grande tragédia ter que sair com vocês dois, não atrasem mais a minha vida.
Harry deu um suspiro, como quem entendia o jeito da irmã.
- Kate. – Eu chamei, sério. Ela parou. – Você tá linda.
Ela revirou os olhos com muito desprezo.
- Faz um favor, Dougie.
- Pois não?
- Me mira, mas vê se me erra.
(...)
No caminho da escola encontramos Marienne e Lauren. Na hora que Kate as cumprimentou elas notaram que tinha algo de errado e já iam perguntar o por que. Eu tive que fazer mimica avisando que não era dia e nem hora pra perguntar demais. Se há alguém que merece as respostas grossas e sempre muito bem afiadas de Kate esse alguém sou eu.
- Hoje vai ser um dia daqueles. – Lauren murmurou, balançando a cabeça em um não.
Entramos na estação, passamos pela catraca e paramos na plataforma. Alguns minutos depois (minutos esse que pareciam uma eternidade por conta do silêncio anormal entre nós) o trem chegou. Kate se afastou de todos sentando do outro lado do vagão. Eu a segui.
- O que é? – Perguntou, me fitando com os olhos semicerrados.
- Trem é um lugar publico. – Rebati, dando de ombros.
- Incomodados que se mudem, é isso? – Acrescentou, seca, porém, sorrira.
- Isso.
- Ok. – Ela se levantou e foi para o lado de um homem careca e que lembrava muito a um tio meu de Seattle. Novamente eu a segui.
- Você não consegue me ignorar, Kate. – Sussurrei em seu ouvido ao mesmo tempo em que eu a abraça por trás.
- Me solta. – Pediu, com a voz mais mole. Discretamente, mordi o lóbulo de sua orelha.
- Eu preciso ficar longe de você pro seu próprio bem. Tenta entender.
- Eu não quero entender nada.
- Sem orgulho, Kate... – Ficamos de frente um para o outro. Acariciei seu rosto e brinquei com a mecha de seu cabelo. Ela sorriu, mas ao falar, já senti que viria ironia.
- Realmente... – Começou, abrindo os olhos e me olhando de forma irônica. – Hoje você tirou o dia pra me irritar. Deve estar escrito na minha testa “tire o dia pra irritar Katerine Judd”
- Não, está escrito “eu amo o Dougie e não consigo ficar de birrinha com ele”. – Ela me deu um tapa no braço, mas estava rindo. Eu aproveitei a deixa e beijei sua bochecha. Ao notar que estava sendo observada, ficou vermelha.
- EU TE ODEIO, DOUGIE! – Gritou, agora irritada de verdade. Ué, a culpa é minha se ela não consegue resistir ao meu charme?
Kate Judd
Estávamos chegando à escola quando Dougie (sim, novamente ele que não cansa de ser chato) me chamou de canto para conversarmos. Eu achei que seria algo relacionado a nós, mas engoli a frustração a seco quando ele veio com uma pergunta um tanto inusitada.
- Você esta se sentindo perseguida?
Eu o fitei por um longo tempo até cair numa crise de riso terrível.
- É sério. – Disse, suspirando, chateado com meu descaso.
- Você me persegue, Dougie.
- Kate!
- Ai, tá. O que você quer?
- Sei lá, você conheceu alguém nesses últimos tempos. Alguém inusitado?
Arqueei a sobrancelha, irônica. Dougie bufou.
- Dessa vez eu não to de brincadeira, Katerine. – Franzi o cenho. Ele está mesmo sério, melhor não provoca-lo mais.
- Bem, teve um cara que ficou me olhando de um jeito estranho naquele dia em que eu fui à sua casa, mas por quê?
- Como ele era?
- Ele parecia inglês, sei lá. Não perdi muito meu tempo me atentando a isso.
- Mas ele saiu correndo atrás de você?
- Porque correria?
- Sim ou não, Kate?
- Não!!!! Mas eu andei com mais pressa. Foi um pouco estranho.
Observei Dougie andar de um lado pro outro, extremamente pensativo. Dá pra entender esse garoto?
- Kate, a partir de hoje você não vai mais sair sozinha. – Anunciou, sereno. Eu não ouvi isso, sério. Não é possível. Ele pensa que é quem?? Meu pai? Minha mãe? Meu... Ah, droga. Ele meio que é meu namorado. Apesar da metade do tempo nós estarmos brigando por conta do nosso relacionamento mal solucionado.
- Como é que é?
- Conversamos depois, agora eu preciso ir ver a Chantelle que está bem ali com uma cara nada feliz em nos ver juntos!
Dougie me deu um selinho rápido e já ia fugindo, eu o puxei novamente.
Ele travou e ficou me encarando como quem se perguntava mentalmente se devia mesmo fazer isso.
- Ah, Katerine Judd. – Ele murmurou, sorrindo para finalmente então finalmente me beijar. E foi um beijo que além de me deixar sem ar, me bambeou as pernas.
(...)
Tocou o sinal pro intervalo, mas eu e meus amigos continuamos na sala conversando bobagens e vendo Bill e Lauren discutir algo sobre a matéria de história. A discussão estava tão interessante que eu e Marienne entramos em outro assunto. E apenas nós duas.
- E aí, Kate? Como andam as coisas com o Dougie? – Ela perguntou, puxando assunto.
- Não tem mais nós dois. Ele deu um fim no que tínhamos. Seja lá o que fosse.
- Tá zoando.
- Eu queria muito saber qual é o problema de vocês!
- O meu problema? Ah, o meu é o seu irmão que agora está me impedindo de ler o livro da Stephanie Meyer! Agora o da Lauren... Bem, acho que nesse momento é o Bill.
- Que cretina você é!!! – Falei, mas acabei rindo.
- Sério, to quase pirando com isso.
- Boba.
- Brincadeiras a parte... Você sabe que está na hora de assumir algumas coisas, por exemplo, que ama o Dougie.
- Já assumi. E não valeu de nada. Dougie fez pouco caso, como sempre.
E como sempre, quando eu falo do diabo, ele dá um jeito de aparecer. Ao ver Dougie, a pouco traidora se levantou, dando lugar ao loiro azedo. Com um sorriso que poderia lhe rasgar a boca, ele iniciou uma conversa sem pé nem cabeça.
- Bons tempos em que eu pertencia a essa série.
- Ah, é?
- Mentira. Eu sofria bullyng.
- Bem feito.
- Credo, Kate. – Revirei os olhos e deitei minha cabeça na mesa. Dougie beijou minha testa e foi descendo lentamente até meus lábios. Ele ia até o lábio superior, depois voltava fazendo uma trilha reta de beijos. Cansada de seus joguinhos (tá, tá, eu adoro, mas tudo tem um limite) eu mordisquei seu lábio e o beijei. Tão ansiosa e desesperada, que me recriminarei mentalmente por isso quando eu estiver sã e sozinha no meu quarto. Ele grudou a mão em meu cabelo, me segurando com força. Gemi baixinho entre seus lábios.
E como quem acorda uma pessoa de um sonho deliciosamente perfeito, Dougie se afastou, me olhando com cautela e surpresa. Sua respiração estava rápida. Ele riu, balançando a cabeça como se negasse algo.
- Qual é seu problema, Poynter?
- Nenhum e o seu? – Devolveu a pergunta. Sempre muito engraçado.
- Você. – Dougie fez uma expressão (bastante fingida) de magoado.
- Eu sou a sua solução Kate, você sabe disso. – Disse, cheio de ego ao ficar de pé e sentar na mesa de trás. Ele pegou minha mão e me puxou com delicadeza me pondo no meio de suas pernas.
- É ruim demais ficar longe de você, Dougie.
A mão quente e forte foi para meu rosto e então eu ouvi com todas as letras o que eu mais precisava desde que tive certeza do meu amor por ele.
- Eu amo você, Katerine Judd. Eu amo você de verdade.