[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 16

Kate Judd

Às 6 da manhã, eu me encontrava sentada em minha cama sem me lembrar de exatamente nada. É como se eu tivesse ficado desmemoriada sobre o dia anterior.

Marienne está me olhando com uma cara nada feliz, Dougie não está falando comigo (e mesmo sem eu saber o por quê, isso está me irritando). O único que teve a boa vontade de me explicar o acontecido fora Harry.

- COMO ASSIM EU FUI DROGADA? – Berrei, fazendo Harry dar um pulo, assustado. – AGORA O MUNDO ESTÁ ASSIM BAGUNÇADO?

- O mundo sempre foi bagunçado. – Dougie disse, mais pra ele do que pra mim, apesar de eu ter ouvido.

- É, e seu querido e adorado Tom não fez nada. – Acrescentou Harry, forçando um sorriso à lá Poynter.

- É. Eu imagino. – Falei, sem saber mais o que poderia dizer. Vi Dougie sair do quarto silenciosamente. Eu não vou atrás dele. Não agora.

- Kate, eu acho que você devia ir falar com o Dougie! – Disse Harry, depois que o loiro azedo e sempre com a razão saiu.

- Concordo com seu irmão. – Marienne concordou, ficando ao lado do astronau... digo, meu irmão amado que eu amo muito.

- Harry, você sabe se ele quer me ouvir? – Perguntei, suspirando, triste.

- Claro que quer. Dougie sempre te ouve.

- Eu não sei... Vou na casa dele mais tarde. Até sei o que eu vou ouvir, mas enfim...

Odeio isso. Odeio! Há algo mais irritante do que o cara mais mala sem-alça da terra com razão? Eu acho que não.

Dougie Poynter

“NÃO KATE, NÃO!”

Meu corpo tremia de forma descontrolada, fazendo um conjunto assustador com minha respiração descompassada e o suor frio que escorria por minha testa. Esse pesadelo com Kate fora o pior pesadelo que tive na vida, tão horripilante que parecia real.

Kate estava parada em um beco mal iluminado, ao vê-la, eu chamava seu nome, mas não havia resposta, eu me aproximava dela e quando eu a tocava minha mão a atravessava, como se ela fosse um tipo de fantasma que aparecem em desenhos infantis, coisa assim.

Tentava falar com ela, mas minha voz não saia. Kate sorria pra mim com uma paz tranquilizadora, como se estivesse feliz por estar morta.

- Dougie? – Camille bateu na porta e entrou logo em seguida. Eu a olhei, mas não falei nada. Ainda estou digerindo esse sonho. – Kate está subindo.

E da mesma forma veloz que entrou, ela saiu do quarto. Nem tive tempo de responder. Acho que minha irmã é movida a pilha.

Sentei-me em minha cama e observei, silencioso, Kate entrar no quarto. Cabeça baixa, assim como a humildade. Eu odeio vê-la assim, mas admito que em certa parte, me sinto vingado. Avisei tanto, mas taaanto...

- Oi, Kate! – Cumprimentei, ficando de pé e indo em direção ao meu guarda-roupa.

- Eu sei que eu estou errada. E eu to esperando você jogar isso na minha cara. – Por suas palavras ríspidas, porém honesta, eu acabei rindo. – Não ri, sério. Você não sabe o quanto isso é difícil pra mim.

- Eu posso imaginar.

- Me desculpa. Você estava certo. Tom é um idiota e eu uma boba teimosa. – Eu sabia do esforço que ela estava fazendo, mas não perdi a chance de provoca-la.

- Sim, e o que mais?

- Como o que mais? – Kate pôs a mão na cintura, brava.

- Teimosa e boba eu sei que você já é.

- Você tá abusando da minha paciência!!!! – Ela respirou fundo e murmurou algo que eu não consegui ouvir. Dei uma risadinha baixa. – Idiota, eu vou embora. – Kate me deu as costas indo em direção à porta. Eu a puxei pela cintura com muita rapidez ao mesmo tempo em que eu a grudei na parede. – Para!!!

Ignorei seus protestos e ergui seus braços, segurando-os contra a parede do quarto. Eu nunca tinha sido tão ousado com Kate (por vários motivos), mas seu jeito me enlouquecia, era difícil controlar. Quando seu corpo parou, foi à deixa que eu queria. Virei seu rosto pra parede, deixando-a de costas pra mim. Ela gemeu entorpecida e totalmente envolvida pelo momento.

- Você quer mesmo que eu pare? – Perguntei, alisando sua barriga lentamente. Kate jogou a cabeça pra trás. Não dá pra explicar o quanto ela é ainda mais sensual quando está excitada.

- Não. Não para.

- Repete. – Ela se virou, me olhando com profundidade. Não era um olhar comum. Não foi como olhar uma pessoa qualquer na rua e admira-la por sua beleza. Eu estava olhando nos olhos da minha garota. O par de olhos mais marcantes do mundo. Um rosto que eu me lembraria para sempre. É a garota com quem quero dividir o resto da minha vida. Mesmo sabendo que após a ameaça de Daniel, talvez isso não aconteça.

Naquele momento (eu sei, o mais desapropriado) eu tomei consciência do risco que era eu estar ali com ela.

“Se eu souber que você está deixando minha filha de lado por causa de mulher... Você vai se arrepender amargamente disso.” – Suas palavras voltaram em minha mente como uma pancada certeira. Eu nunca desejei que Daniel sumisse para sempre.

- Kate. – Ela notou a mudança no tom da minha voz.

- O que foi?

- Você terá todos os motivos do mundo pra me odiar após isso, mas... É perigoso ficarmos juntos.

- O que?? – Me afastei, dando espaço para ela pensar e talvez me odiar.

- Foi isso mesmo que você ouviu. E é pro seu bem.

- Até agora você estava me beijando, me fazendo... Me... – Ela procurava palavras pra expressar sua indignação, sua mágoa. - VOCÊ É BIPOLAR?

- Não. Não sou. Você não sabe o quanto isso é difícil pra mim.

- Ah! Eu posso imaginar! – Bradou, irônica. Suspirei alto e me mantive em silêncio. Kate me olhou por um longo tempo, o olhar, antes sensual, agora estava magoado, triste. Aquilo doera mais em mim do que ela podia imaginar.

- Eu sei que está magoada, mas...

- MAS O ESCAMBAU, NÃO ME VENHA COM FALSA COMPREENSÃO. ALIAS, ENFIA A SUA COMPREENSÃO NO... – Ela engoliu o imenso palavrão que iria dirigir contra mim.

- Você tá se vingando de mim? É isso?

- Não, Kate. Não é isso. Eu estou me afastando de você pelo seu bem e também porque pelo sim e pelo não, continuo namorando a Chantelle.

Ela revirou os olhos com um imenso desprezo pelo nome que ouvira.

- Ok. – Falou, empinando o nariz, extremamente metida. – Quer saber de uma coisa, Poynter?

- O que?

- Quer mesmo?? – Franzi o cenho, estranhando seu tom de voz.

- Sim.

- Eu não me importo. – E deu de ombros. – Você não é o primeiro e nem será o último.

- Você esta certa.

- Sempre estou. Adeus Poynter. – Ela saiu batendo a porta. Eu não pensei em responder por saber que isso é nada mais que uma defesa de uma garota que não deixa seu orgulho de lado jamais. Esta, sem dúvidas é uma das coisas que eu amo em Katerine Judd. Ela não perde a pose.

Kate Judd

“Você é maior e melhor que isso, não se abale.” – Memorizei isso por todo o caminho de volta a minha casa. “Quem é mesmo que precisa do Dougie?”

Não sei se por eu estar totalmente irritada o caminho parecia mais longo e sombrio. Um arrepio percorreu meu corpo quando a sensação de estar sendo seguida me invadira. Olhei para trás diversas vezes e não via ninguém além do breu da noite. Merda! Eu devia ter pedido ao Poynter pra me trazer em casa.

A caminho de casa, eu não tive como não me sentir desprotegida, era como se o Dougie me protegesse, sem ele eu me sentia exposta, indefesa.

Coloquei uma touca sobre a cabeça, estava frio demais, e eu odiava quando o clima estava assim.

- Moças bonitas não deviam andar sozinhas a essa hora da noite...

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 31/07/2010
Reeditado em 10/07/2022
Código do texto: T2410668
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