Imagem do Google
A criaturinha
Nívea abriu os olhos lentamente e mais uma vez tentou não acreditar no que viu; chegou a beliscar-se para ter certeza de que não estava sonhando; mas a criaturinha teimava em permanecer à sua frente, muito real. Sacudia a cauda e arfava o peito quando ela chegava da escola e dormia ao seu lado, aos pés da cama de tons rosados, estando sempre a postos quando ela acordava.
A mocinha até então, do alto dos seus 5 para 6 anos de vida, não entendia o motivo dos adultos nunca perceberem a existência do animalzinho e ficava possessa quando achavam graça dos cuidados que dedicava ao pequeno Tob. Por mais que aqueles insensíveis adultos mangassem dela, e todas as noites a tentassem convencer que tudo era fruto da sua fértil imaginação, não podia negar aos seus sentidos a presença constante do bichinho.
Aos olhos de Cristina, a orientadora educacional do ensino fundamental do colégio Sacre-Coeur, a preocupação dos pais da pequena Nívea era injustificada; era uma aluna mais que mediana e seus coleguinhas sempre a rodeavam, pois a danadinha tinha muito jeito para liderança; demonstrava ainda muita criatividade nas atividades, apesar de às vezes se dispersar, como se dedicasse atenção temporária a outros assuntos.
Já aos olhos do pequeno ser quadrúpede, um dos poucos remanescentes da última viagem cósmica de sua espécie, aquela moradia o havia acolhido em boa hora, quando já não mais tinha esperanças de sobrevivência, naquele distante planeta. O cômodo onde passava as noites de vez em quando era invadido por aquela estranha criatura de patas compridas e grandes olhos, mas que demonstrava uma enorme atividade cerebral, muito acima da média dos outros de sua raça. Seu bem-estar dependia daquele jovem espécime e assim afeiçoou-se ao mesmo.
O interessante é que à medida que estes mesmos espécimes cresciam, sofriam uma redução de sua capacidade intelectual, o que tornava cada vez mais difícil a comunicação. Iniciava-se aí uma nova etapa de recrutamento de novos cuidadores, já que a vida longa era uma característica comum aos seres do extinto planeta Akron, consumido pelo desmatamento e pela poluição desenfreados.
O fruto natural desta interação deveria ser então uma conscientização maior quanto aos problemas ambientais por parte dos pequenos humanos, o que na verdade era sempre tentado pelos forçados visitantes, interessados em sua própria sobrevivência... Mas a progressiva perda do contato mental desencadeada pelas mudanças hormonais dos terráqueos condenava ao fracasso a iniciativa.
O pequeno extraterrestre no fundo, no fundo, tinha medo que acontecesse naquele novo mundo, o mesmo que resultou na destruição de seu planeta...
A criaturinha
Nívea abriu os olhos lentamente e mais uma vez tentou não acreditar no que viu; chegou a beliscar-se para ter certeza de que não estava sonhando; mas a criaturinha teimava em permanecer à sua frente, muito real. Sacudia a cauda e arfava o peito quando ela chegava da escola e dormia ao seu lado, aos pés da cama de tons rosados, estando sempre a postos quando ela acordava.
A mocinha até então, do alto dos seus 5 para 6 anos de vida, não entendia o motivo dos adultos nunca perceberem a existência do animalzinho e ficava possessa quando achavam graça dos cuidados que dedicava ao pequeno Tob. Por mais que aqueles insensíveis adultos mangassem dela, e todas as noites a tentassem convencer que tudo era fruto da sua fértil imaginação, não podia negar aos seus sentidos a presença constante do bichinho.
Aos olhos de Cristina, a orientadora educacional do ensino fundamental do colégio Sacre-Coeur, a preocupação dos pais da pequena Nívea era injustificada; era uma aluna mais que mediana e seus coleguinhas sempre a rodeavam, pois a danadinha tinha muito jeito para liderança; demonstrava ainda muita criatividade nas atividades, apesar de às vezes se dispersar, como se dedicasse atenção temporária a outros assuntos.
Já aos olhos do pequeno ser quadrúpede, um dos poucos remanescentes da última viagem cósmica de sua espécie, aquela moradia o havia acolhido em boa hora, quando já não mais tinha esperanças de sobrevivência, naquele distante planeta. O cômodo onde passava as noites de vez em quando era invadido por aquela estranha criatura de patas compridas e grandes olhos, mas que demonstrava uma enorme atividade cerebral, muito acima da média dos outros de sua raça. Seu bem-estar dependia daquele jovem espécime e assim afeiçoou-se ao mesmo.
O interessante é que à medida que estes mesmos espécimes cresciam, sofriam uma redução de sua capacidade intelectual, o que tornava cada vez mais difícil a comunicação. Iniciava-se aí uma nova etapa de recrutamento de novos cuidadores, já que a vida longa era uma característica comum aos seres do extinto planeta Akron, consumido pelo desmatamento e pela poluição desenfreados.
O fruto natural desta interação deveria ser então uma conscientização maior quanto aos problemas ambientais por parte dos pequenos humanos, o que na verdade era sempre tentado pelos forçados visitantes, interessados em sua própria sobrevivência... Mas a progressiva perda do contato mental desencadeada pelas mudanças hormonais dos terráqueos condenava ao fracasso a iniciativa.
O pequeno extraterrestre no fundo, no fundo, tinha medo que acontecesse naquele novo mundo, o mesmo que resultou na destruição de seu planeta...