[Mcfly] Alguém Como Você - Capítulo 8
Kate Judd
- Tom, o que você tem? - Eu perguntei cínica ao entrar na sala de aula e me sentar ao lado dele. Afinal, tá na hora de saber o que ele realmente acha do meu namoro com Dougie. Ele franziu o cenho.
- Por que a pergunta?
- Sei lá, você está estranho...
- Ah... – Riu, forçado. – Você está saindo com o Dougie e o estranho sou eu? – Ele está perdendo o controle. Ótimo sinal. – Qual é, Kate? Você nunca gostou dele!
- Pra tudo na vida tem uma primeira vez. – Dei de ombros, o irritando ainda mais. – Tom... Eu não podia ficar a vida toda esperando você tomar jeito na vida.
- Kate... – Ele segurou meu rosto, seus olhos denunciavam o desespero. – Eu errei com você, mas droga... Eu gosto de você.
Tive que me segurar pra não me desmanchar em seus braços. Postura, Kate. Postura. Ele está com ciúmes. Claro que não é como eu queria, mas tá valendo.
- Dougie me ama. – Argumentei, tirando suas mãos do meu rosto. – Aceita que estamos namorando. Doerá menos. – Tentei me levantar, mas Tom segurou minha mão.
- Olha pra mim e diz se isso tudo não é pra me fazer ciúmes. – A pergunta foi carregada de segurança. Eu não consegui desviar o olhar e me foquei para não gaguejar nas palavras.
- Eu não estou com o Poynter por sua causa. Eu o amo. – Instantaneamente a imagem dele me passou pela cabeça. Dougie sorrindo. Dougie revirando os olhos. Dougie, Dougie e Dougie. – Nos falamos depois.
Sentei-me em meu lugar e minutos depois Marienne e Lauren apareceram. Ambas me olharam cheias de perguntas, mas não as fizeram. E também eu não saberia o que responder a não ser que... Dougie me deixa confusa e só.
Dougie Poynter
Na saída da escola encontrei Bill Kaulitz. Ele estava abatido, a expressão vazia.
- E aí, Bill!
- Oi, Dougie.
- O que foi?
- Problemas... Problemas. – Eu ia perguntar se tinha algo a ver com o irmão dele, mas me contive. Afinal, ser irmão do Tom Kaulitz é uma tragédia na vida de qualquer um.
- Que tipo de problemas?
- Amorosos. – Ele me fitou. – Estou apaixonado pela minha amiga. - Eu arregalei os olhos, pasmo. Bill não pode estar apaixonado pela Kate, pode? – É a Lauren, ok? – Acrescentou, notando que eu fiquei mudo.
- É claro. – Dei de ombros, fingindo indiferença. – E porque isso é um problema?
- Não sei como falar com ela sem perder a amizade.
- Se apaixonar por amigo é um grande problema... Mas as vezes ela pode sentir o mesmo. E você só vai saber se arriscar. – Eu o aconselhei, seriamente. – A vida também é feita de tentativas.
Ele assentiu, sentindo-se mais confiante.
- Obrigado, Dougie.
- Por nada.
Ele se afastou, indo a direção de suas inseparáveis amigas. Eu gosto do Kaulitz, mas é melhor não pecar nos excessos na amizade. Ele ainda é parente de quem é, mesmo que ironicamente, seu irmão já tenha sido meu amigo.
Ninguém lembra disso, nem mesmo o próprio Bill. Tom e eu nos conhecemos no jardim de infância, tínhamos gosto em comum, o que facilitou a nossa amizade. Como qualquer outra amizade de infância, eu tinha certeza que duraria pra sempre. Quando você é criança, tem mania de usar palavras de eternidade. Lembro-me do dia em que conhecemos o casal que daria fim a nossa amizade e também me tornaria uma pessoa melhor: Patrícia Ferguson e Daniel Jones. Quando fecho os olhos e me concentro, sou capaz de ver toda a cena. Um casal dependente químico. Uma mulher grávida e um homem que não escondia sua amargura com a vida. Daniel tinha 25 anos, Patrícia com 20 estava no auge da vida adulta. Não sei bem porque me afeiçoei tão rápido a eles, mas a questão foi que eu me tornei parte daquela família mais rápido do eu podia imaginar. Tanto que Patrícia me convidou para ser padrinho de seu bebê. Os dois tinham um grande apreço por mim, o que com o tempo foi me afastando de Tom e me aproximando ainda do casal.
Foi no finalzinho do 8ª ano que minha amizade com o Kaulitz chegou ao fim com uma briga que me deixou marcas físicas e também emocionais. Sentimentalismos a parte, sempre achei doloroso o fim das coisas e o que ganhamos/perdemos com ela. De todo o fim fica uma ferida. Uma dor. E não poderia ter sido diferente com o Kaulitz, que apesar dos pesares, nunca contou a ninguém sobre a identidade ou sobre a doença de Anna Jones, minha afilhada. Nem quando vimos a polícia bater na casa do Jones e prendeu ele e Patrícia por tráfico de drogas. Nem quando o casal me fez prometer que cuidaria de Anna como se fosse minha própria filha.
Kate Judd
“Vou falar com o cabeçudo do Harry... Se ele tiver namorando Marienne em segredo eu juro que vou xinga-lo por isso! Que bobagem. Até parece que eu sou ruim assim pra ser contra o namoro deles.”
Desci as escadas atrás do meu irmão e decidida a descobrir essa história, quando a campainha tocou insistentemente. Abri a porta imaginando ser o mala sem alça do Dougie, mas para a minha surpresa, era Bill que me olhava com uma expressão ansiosa.
- Kate, eu preciso conversar com você.