Malu - Parte 1

Chegamos à Lua Azul parecendo duas meninas pobres que ficaram dias sem comer. Comemos hambúrgueres, batatas fritas e sorvete. Não sei como coube esse tanto de comida dentro do nosso estomago. No final estava pronta para parir um filho. Minha barriga estava enorme. Ainda vou descobrir porque um dia de praia dá tanta fome assim.

Léo chegou cheio de fofocas. E ainda dizem que mulher é que fofoca mais que homem. Se alguém que falasse isso conhecesse o Léo não falaria a mesma coisa. Mas o fato é que depois de comer tanto ele chegou:

- Vocês não acreditam o que eu vi ontem! – ele sempre chega mais ou menos assim. Gosta de mistérios.

- O quê? – eu e Ana falamos em coro.

- Eu vi o José beijando a Duda.

- Não acredito! – estava de boca aberta. Olhei a Ana, estava atônita. – Não acredito que aquele garoto levou a nossa amiga na conversa de novo.

- Pois bem, acredite! E tem mais! Eles não estavam só de beijinho não. Estavam mesmo no maior amasso.

Ana ainda continuava atônita. Eu já estava começando a ficar irritada. O José é um garoto que joga charme para todas as meninas, deixam-nas apaixonadíssimas e depois se aproveita disso. Ele é o maior galinha da sala. Depois que já fez tudo o que tinha direito com as meninas ele as enrola, enrola e enrola. E as meninas ficam lá: esperando por ele.

- Eu tenho que conversar com a Duda de novo. Assim não dá, ela vai acabar se apaixonando por aquele garoto que não vale nada e cometer alguma besteira.

- Isso se já não se apaixonou – completou Ana.

- Meninas, mas esse não é o pior da história.

- E qual é o pior da história? – perguntei.

- O pior que ela estava para cometer a besteira quando os vi.

- Não acredito! E o que você fez léo? Você não ficou parado, ficou?

- Claro que não!!! O fato se sucedeu da seguinte maneira: estava eu caminhando na praia ontem à tarde, indo pra casa de um amigo meu. Quando estava andando vi o casal perto de um tronco de arvore caído. Eles estavam se beijando. Então resolvi me esconder atrás do tronco.

- Hum, e resolveu espionar nossa amiga? Que coisa feia Léo! – Ana falou.

- é não vamos dizer que é espionar, vigiar. O termo cai melhor.

- Ta, e aí? Você ficou ali e que aconteceu? – estava curiosa para saber como era o resto da história.

- Então estava eu ali escondido os observando e vi que ele começou a tirar a roupa.

- E o que você fez? – perguntei.

- Nada!

- Nada??? – Ana perguntou.

- Não ainda – completou Léo – Aí ela também começou a tirar a blusa dela. Eu ia me levantar quando vi que eles voltaram a se beijar novamente.

- E ela ficou sem blusa? – Ana perguntou.

- Ficou sem blusa sim, ele também estava sem. Ele começou a tirar a bermuda também. Então ela começou a tirar os shorts quando eu interrompi.

- Nossa Léo, e o que você fez?

- Eu cheguei e falei: “Peraí mocinha, você não vai tirar o seu shorts não! E pode vestir sua blusa!”

- Hahaha – comecei a rir imaginando a cena. Duda e José se beijando, quase indo pros finalmente, e o Léo, na maior cara de pau, parando tudo. Eita verniz!

- E o que aconteceu? – Ana perguntou.

- O quê que aconteceu? Eu peguei a Duda pelo braço, a arrastei pra longe daquele polvo, e falei: “Vamos sair daqui, antes que você faça algo de errado!”.

- E qual foi a reação dele? – perguntei.

- Ele olhou para mim com uma cara feia, como se tivesse comido algo estragado. Mas tive medo não. Saí levando-a dali do mesmo jeito. Ela esperneou e fez pirraça para sair dali, mas consegui a afastar dele. Duda, depois disso não quer nem olhar para minha cara mais. Ela está muito brava comigo, mas ainda vai agradecer um dia. E eu sei disso. – disse Léo com uma cara de vitória.

- Por falar em Duda, olha quem vem lá – falou Ana fazendo menção a chegada de Duda na lanchonete. Olhei para ela. Estava sorrindo. Fiz uma cara feia. Acho que ela entendeu, pois logo em seguida o sorriso sumiu, principalmente quando viu Léo sentado na mesa conosco. Duda andou até nossa direção, porém não sentou com a gente. Preferiu sentar sozinha. Minutos mais tarde recebo um torpedo:

“Enquanto este garoto ainda estiver sentado nessa mesa com vocês, não chego nem perto. Duda.”

- Ah, olha isso – disse mostrando o celular pros meus companheiros – Respondo? Ou finjo que não foi comigo?

- Responde – disse Ana.

- Precisa responder não, já vou indo - disse Léo. – Tenho ainda outras coisas para resolver. – completou saindo da mesa. Duda que estava chegando:

- Como o que? Interromper o namoro dos outros? – disse Duda brava.

Léo ia responder quando eu disse:

- Tchau Léo. – assim evitaria maiores discussões.

- Bom, pelo visto vocês já estão sabendo do que aconteceu ontem não? – iniciou Duda.

- Claro, sua louca! – explodi – Você ia cometer uma besteira e tanto. Não parou pra pensar nas conseqüências não? Sua irresponsável!

- Irresponsável? Que inveja! Inveja só porque eu fiquei, e estou ficando com o José. Só porque eu quase transei e você aí, um mês sem beijar na boca. Nem gripe pegou.

- é não peguei ninguém não. Mas não estou preocupada com isso não. – menti – estou preocupada com você. Duda, você tem que parar com essa besteira de não falar com Léo e agradecer a ele, porque ele te salvou das garras daquele polvo cafajeste!

- Garras de um polvo que você mesmo queria, não é mesmo Malu?

- Eu? Pegar um lixo? Só fico com gente de alto nível filha!!! Não sou catadora de lixo não!

- Ei! Gente! Não vamos brigar, ok? – disse Ana tentando manter a paz entre a gente.

- Ta bom – concordei. Duda também. Ficamos alguns minutos em silêncio. Comecei:

- Duda...eu sei que você pensa que o José é tudo, que ele é lindo, maravilhoso e atencioso como você mesmo falou. Mas você já parou pra pensar nas conseqüências que o seu ato poderia gerar? Você parou pra pensar...

- Malu, se eu precisar de mãe, eu te aviso, ok? – Disse Duda ironicamente.

- Ta bom, eu estava querendo só ajudar. Mas já que você não quer. – emburrei.

- Duda, por favor, nós somos suas amigas, estamos aqui para te alertar também, te ajudar. Não são para isso que as amigas servem? Não só para fofocar. – Ana disse. – deixa a Malu terminar a fala dela, pode ser?

- Ok - concordou Duda.

- Você parou pra pensar que você poderia muito bem se arrepender depois que transasse com ele? – iniciei calmamente – Primeiro, você não é a primeira e nem será a ultima menina que ele fica... Você sabe se ele tem alguma doença sexualmente transmissível? Vocês estavam sem camisinha, não estavam?

- Estávamos – respondeu Duda.

- Ok, você sabe que uma DST é para a vida toda depois que pega né? Segundo, você não toma anticoncepcional e não estava de nenhuma outra forma prevenida. Olha os riscos de aparecer um filho. E no auge dos seus 16 anos seria um atraso na vida. E por mais que estejamos no século XXI, seria assunto de fofocas, seria símbolo de burrice com tanta informação por aí. E Duda, um filho é para a vida inteira. Não tem essa coisa de ser ex-filho. Nem ex-mãe.

- Ta isso eu sei!!! – falou Duda.

- Ta bom, você sabe, mas não pensou isso na hora, pensou? Terceiro: você é virgem. Será que ele ia te respeitar na hora H, ou será que ele só iria pensar no prazer dele?

- Mas ele falou que ia me respeitar – falou Duda.

- Ok, mas quem garante isso? – alertei. – quem garante que ele ia tomar cuidado com você. Ele não enrola milhares de meninas dando a entender que vai namorá-las. Mas namora? Amor, você só iria ser mais uma menina pra ele. Qualquer uma. Mais uma pra ele pegar e contar pros amigos. E ele? O que seria pra você? O garoto que você perdeu a virgindade. E primeira vez a gente nunca esquece.

- Ta bom Malu. Mais alguma coisa? Mais algum sermão? – disse Duda.

- Não, Duda. – respondi.

Stephanie Darós
Enviado por Stephanie Darós em 12/07/2010
Código do texto: T2373830
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