[Mcfly] Alguém Como Você - Capitulo 6
Dia seguinte
Kate Judd
Ontem à tarde aconteceu uma coisa um tanto inusitada, tratando-se do meu “namoro” com Dougie. Eu o chamei para ir ao parque que geralmente só vou com meus amigos. É um lugar típico de filmes. Florido, calmo, quase mágico. Eu não sei porque chamei logo o Poynter pra ir lá, mas a questão é que algo dentro de mim queria que o loiro conhecesse o lugar.
Flash back on*
- Lugar legal. – Ele disse, deitando a cabeça em minhas pernas quando sentei-me sob a grama verde e fofa do parque. E como uma namorada meiga e apaixonada, fiz carinho na sua cabeça. Meu Deus. Eu não acredito nisso. – Já trouxe o Tom aqui?
- Não.
- Ah. – Ele sorriu, vitorioso ao me olhar com seus olhos tão azuis quanto o céu.
- Nunca tive tempo.
- Claro. – Belisquei seu braço, fazendo-o rir. – Tá bom, parei.
- Você me irrita, Poynter!!
- Já pensou que isso pode ser amor?
Foi a minha vez de gargalhar e bem alto. Ele riu também. Esse Poynter... Cada vez mais piadista.
- Amor só pelo Tom.
- Claro... Esse sacrifício de namorar o cara que você detesta é por causa dele.
- Óbvio. E eu não te detesto. - Ele arqueou a sobrancelha, duvidando. – Tá, só um pouquinho.
- Eu sei... Você acha que vai dar certo?
- O que? – Dougie me deitou no chão e depois ficou ao meu lado. Foi uma coisa meio romântica de se fazer. Ou sei lá, esse negócio de namorar deixa a gente com uns pensamentos meio anormais, mas sério.
Foi fofo até pra mim, que detesto esse garoto.
- Nós dois. – Respondeu, quando nossos rostos já estavam numa proximidade um tanto perigosa. Abri a boca duas vezes, tentando formular uma palavra ou soltar uma piada que quebrasse o clima, mas não consegui. Não consegui porque a atmosfera tomava conta também dos meus atos. Eu acho que quero beijar o Poynter.
Não. Eu to ficando louca. Isso é...
Desviei o olhar, fitando a imensidão do céu. O dia estava realmente bonito.
- Tem que dar certo, Poynter.
Flash Back Off*
Quando vi Poynter me esperando pontualmente as 6h30 da manhã na porta de casa eu quase tive certeza que o motivo era eu. Pensei até em fazer uma gracinha, mas é melhor não provocar a fera.
- Bom dia, Dougie! – Cumprimentei, alegremente. Ele está lindo, tenho que admitir. Esse jeito urbanamente desleixado é atraente, mas só nele. O jeito “Dougie” de ser é sua marca registrada.
- Bom dia, Kate. – Sorriu, polidamente. - Vi seu irmão saindo apressado, dizendo que não poderia nos esperar... Aconteceu alguma coisa?
Seguimos caminho rumo ao metrô.
- Não que eu saiba. Harry tá diferente.
- Notei isso também.
- Poynter... – Murmurei, fitando-o de canto de olho. – Você foi pontual hoje. O motivo disso sou eu?
- Ah, Katerine. – Exclamou, cínico. – E você tem dúvidas? – Ele segurou minha mão, forçando-me a andar junto com ele. – Eu gosto de atuar direitinho, então vamos até o metrô de mãos dadas.
- Você é patético.
- Eu também te amo, meu amor.
(...)
- Droga! – Exclamei ao ler a mensagem que bipava no visor do celular. Dougie, (muy cavalheiro) pagou a minha passagem. Entramos no metrô (lotado, diga-se de passagem) e ficamos espremidos na porta. – Marienne e os outros não puderam me esperar.
- É... – Dougie murmurou, encostando-me na porta e ficando em minha frente como um escudo. – Hoje você vai ter que aguentar o martírio de ir pra escola comigo.
- Espero sobreviver. – Dougie sorriu com a alfinetada. E pegando-me de surpresa, deitou a cabeça em meu ombro. Eu só não o xinguei por estar internamente agradecida pela sua proteção física nesse inferno chamado “metrô de manhã”. – Como você se aproveita da minha bondade...
Dougie me fitou de forma intensa, aquele tipo de olhar que ele me dá quando quer dizer alguma coisa e não tem coragem. Em seguida encostou a testa na minha. Ele respirou baixinho e roçou seu nariz no meu. Não sei porque ele faz essas coisas sem sentido, mas a questão é que eu gosto. Algumas vezes nossos lábios se roçaram, mas ninguém ousou se beijar.
- Kate...
- Oi.
- Só promete uma coisa.
- O que?
- Não se apaixone por mim.
Eu ia rir da provocação e responder à altura, mas o metrô parou em nossa estação e tivemos que descer, mas de alguma forma eu senti que atrás da provocação, o aviso era verdadeiro e importante.