[Original] Refém de você - Capitulo 3

Capítulo 3

Angélica acordou primeiro. Ela olhou o quarto e deu um suspiro, triste. Não era um pesadelo o que estava vivendo. Era a realidade. Leandro dormia agarrado a ela como se tivesse medo de que fugisse. Involuntariamente, acariciou os cabelos dele. Ela gostava de estar com ele. E sabia que ele também gostava da companhia dela. Só não sabiam admitir um ao outro.

- Acorda, Leandro. – Falou, suavemente. – E pode me soltar que não vou fugir. – Os braços dele afrouxaram sob a barriga dela. – Ótimo.

Espreguiçando-se lentamente, Leandro abriu os olhos e sorriu.

- Bom dia, namoradinha!

- Bom dia, namoradinho. Dormiu bem?

- Não muito, tinha uma gorda praticamente me derrubando da cama. – Disse, divertido. Angélica riu, mas não respondeu a provocação. – Vou tomar um banho, acho que daqui a pouco meus pais estarão por aqui.

Ela assentiu, vendo-o se levantar e caminhar preguiçosamente até o banheiro.

Suspirou alto com a cena. Deitou-se novamente, olhando para o teto, perdida em pensamentos.

Quando Leandro saiu do banho Angélica já se encontrava arrumada. Usava uma calça jeans de cor clara e blusa de manga curta. Os longos cabelos loiros estavam preso em um rabo de cavalo. Ele teve vontade de beija-la, mas resistiu.

“Leandro, acorda filho.” – A voz de Marcia surgiu atrás da porta.

- Acordei tia!!

“O café tá pronto, chame a Angélica também. Logo, logo seus pais estarão chegando.”

A ansiedade voltou a tomar conta de Leandro. Ele observou a garota em seu quarto, avaliando-a novamente. O plano seria perfeito.

- O que foi? – Ela perguntou, olhando-se dos pés à cabeça. – To feia?

- Você é linda. – Disse, mas não era elogio. Era o óbvio. E desceram as escadas rumo a cozinha. Durante o café da manhã a conversa fora agradável. Marcia estava a par do namoro falso, mas agia com naturalidade, pois acreditava que Angélica mudaria Leandro. Aceitava a homossexualidade do sobrinho porque o amava, mas vendo os dois juntos, uma chama de esperança surgiu dentro de si.

A campainha da casa tocou, fazendo o coração de Leandro disparar. Os pais dele haviam chegado.

- Meus queridos! – Marcia falou carinhosamente ao recebe-los na porta.

Leandro ainda estava sentado na cadeira, imóvel. Angélica o fitou, preocupada.

- Vai dar tudo certo... – Disse, levantando da cadeira e o puxando pela mão. Estranhou-se ao dizer tais palavras. “O que tá acontecendo comigo?” – Perguntou-se, seguindo para a sala com Leandro atrás de si.

A aprovação dos pais ao verem a garota fora instantaneamente dita através do olhar deles. Ele teve que se apoiar em Angélica, pois o temor o deixara tonto.

- Pai, mãe... Que saudades. – Ele os abraçou de forma tensa. – Deixa eu apresentar a vocês minha namorada, Angélica.

- Muito prazer em conhece-los. – Ela disse, cumprimentando-os de forma amigável. Era a primeira vez que conhecia os pais de um namorado, mesmo sendo um relacionamento a base de chantagem.

- Que mocinha linda! – Eleonora disse, encantada com a beleza de Angélica. Leandro abraçou a garota pela cintura. – Que bom gosto tem você, meu filho.

- Estou orgulhoso de ti, filhão. – Lucio murmurou, sorrindo de canto. O sotaque mineiro ainda mais forte. – Encantado. – Beijou a mão da “nora”.

Quando os pais de Leandro foram para a cozinha os dois puderam respiraram, aliviados.

Angélica atuara perfeitamente, tanto, que surpreendera Leandro. Ela respondera a todas as perguntas com simpatia e atenção. Ele também descobriu algumas coisas a respeito dela que o deixara surpreso.

- Eu quero fazer faculdade de Marketing e Publicidade. Tenho um tio que mora em Londres e quer que eu vá morar com ele no final desse ano, após a minha formatura do ensino médio.

Os pais de Leandro não poderiam ficar mais maravilhados com a nora que tinham.

(...)

- Foi um prazer conhece-los, mas eu tenho que ir embora...

Leandro ficou ao lado de Angélica.

- Oh, querida! Eu espero vê-la novamente. – Eleonora disse, fitando Angélica carinhosamente.

- Vai ser um prazer. Bom, com licença a todos.

Os dois saíram da casa em silêncio. Quando já estavam na porta de entrada, sem o perigo de serem ouvidos. Leandro se afastou dela e ele riu, bem humorado.

- Então quer fazer Publicidade...

- É. Não sou tão medíocre como você pensa.

- E vai mesmo embora. – Não fora uma pergunta, mas ela respondeu da mesma forma.

- Pretendo. E então? Me sai bem no nosso dia de primeiro dia de namoro?

- Melhor impossível. – O elogio fora sincero. Angélica riu, metida. – Ah, não se cresce vai. Meus pais são tranquilos. Se surpreendem com tudo.

- Eu gostei deles. Me pergunto mentalmente a quem você puxou pra ser tão arrogante!

- Eu não sou arrogante. – Defendeu-se, ofendido. – Quem vê pensa que você não é.

- Não como você!

- Ah, fica quieta que ontem você estava dando em cima do arrogante aqui. – Ela riu. – Estou mentindo?

- Eu te testei e me sai bem. Só isso. - Deu de ombros. Estava mentindo, mas não daria o braço a torcer.

- Ah, tá. – Pararam no meio do caminho. – Eu acho que é melhor eu te deixar aqui. É perigoso encontrarmos alguém conhecido.

Ela assentiu, mesmo desejando que Leandro a levasse até sua casa. Despediram-se com um aceno de mãos. Os dedos dele tocaram a pele do braço dela, puxando-a para os seus braços. Olharam-se como se conhecessem de outras vidas. Angélica riu, mas sustentou o olhar cálido dele. Até ontem se odiavam, hoje já não tinham tanta certeza disso.

Ameaçaram se beijar, mas Leandro desviou beijando a testa de Angélica. Em seguida soltou seus cabelos do rabo de cabelo, ajeitando-os com delicadeza.

- Você fica melhor assim. – Disse, e foi embora ignorando o desejo de voltar e beijar Angélica.

“É melhor não pecar no excesso com ela.”

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 23/05/2010
Reeditado em 19/02/2022
Código do texto: T2275642
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