Ska, Cupcakes e Noites de Insônia

ENTRE NOITES DE INSONIA (cap1)

ANDRÉA
Ultima embalagem de Nana`s jogada no canto. Da até vontade de guardar de recordação, já que sabe-se la em quanto tempo eu poderei saborear um outra vez.
Essa tela do Mac ta olhando pra mim, tem uma serie de links veganos de fora, mas eu quero do Brasil. Não sei como vou lidar agora com as noites de insônia sem o meu estoque de cookies. Nenhum outro, sendo vegan ou não é assim.
Pareço uma compulsiva por comida, adoro e não quero mais me censurar por isso, por mais que eu odeie engordar!
Mas olhando agora no espelho acho que to ok. Só que eu realmente detestei essa blusa, acho que perdi completamente a estabilidade nas mãos. Os cortes ficaram desalinhados, mas não de uma forma bacana, nem tenho mais coragem de usar, pior que não era culpa do tecido.
Acho que vou colocar pra doar e que ninguém saiba que fui eu que fiz, senão não vão mais querer comprar minhas roupas...
Já são 2:57, mas eu ainda não to com sono. Adoro observar a cidade da minha janela. Esta certo que agora não to muito do alto no 5o andar, mas ainda assim uma visão panorâmica que da uma certa sensação de liberdade, de estar acima dos prédios e da vista.
To com muita vontade de ouvir reel big fish, a música não me sai da cabeça e não consigo lembrar da letra, só do som dos metais... mas, eu sei que se ouvir, vou quer ouvir mais de uma vez e vou ficar ainda mais acesa e só dormir depois que o sol já tiver saído há algum tempo.
Alguém podia até instituir algo sobre isso, porque geralmente eu não consigo dormir antes das 3:00, mesmo que fique deitada por 1 hora. Consigo trabalhar a noite e antes das 8:00 eu acordo zumbi.
Mas eu não to ganhando o suficiente só com as roupas... acho que a tela tá piscando... é o Santos! Quem sabe pode me dar umas dicas de veganismo.
“Ola déia! Recebi sua msg no site de veganismo... qq coisa q precisar, duvida... pode falar...”
“Oi Santos, obrigada pela disposição.... eu tenho mtas duvidas. Nem sei o que perguntar primeiro...”
“Normal, hehe. Vc já eh vegan?”
“Na verdade eu to pesquisando... mas quero me tornar!”
“Que bom! Eh importante pesquisar mesmo.”
“A quanto tempo vc eh vegan?”
“Uns 2 anos e meio... vc eh ovo-lacto?”
“Sim, na verdade eu quase não consumo ovo tb, mas sou a pouco tempo...”
“Bacana, e como tomou a decisão?”
“Eu nunca fui mto de carne, nem ovo, nem leite...
“só queijo?”
“pior que eh... mas o mais difícil eh c/ os ingredientes, mel...”
“entendi, desculpe a interrupção.”
“magina, eu comecei mesmo depois que assisti uns vídeos... foi mais partindo dos testes em animais p/ cosméticos, agora não uso mais essas marcas!”
“isso tb eh importante!” “imagino que tenha mtas perguntas, pode escrever qd quiser, mas agora eu tenho que sair, tenho aula as 8:00!”
“nossa, soh agora que me dei conta, vc tb eh da madrugada....”
“as vezes, quando recebo a visita de uma amiga”
“a insônia!”
“temos uma amiga em comum, rsrsrs” “mas, ok, conversamos depois, boa aula!”
“valeu ☺, abç”
“abç”
Talvez eu também possa deitar agora. 3:22h, to com a vista cansada da tela do computador. Amanhã eu vejo o que faço com as roupas, bom na verdade já seria hoje, mas se der tempo depois do trampo!
Perdi até a vontade agora, de pensar que vou ter que acordar pra ir para lá. Preciso urgente arrumar outra coisa. Há três meses que falo isso. Chega! Hora de dormir, se deixarem os devaneios.
Sonho com meu próprio negócio, seria super descolado,bem rock`n roll, eu conheceria pessoas incríveis. Sonho acordada, porque dormindo geralmente são só pesadelos, bizarros e confusos pesadelos, que me deixam ainda mais cansada quando acordo. Mas não to mais fazendo sentido nem em pensamento, não consigo abrir os olhos...

Às vezes eu adoro acordar depois das 10:00h, levantar devagar, tomar café quase no horário em que tem gente já almoçando, vestindo uma camiseta bem larga e velha, como se não tivesse compromisso nenhum, ao menos naquele momento.
Agora sim, posso ouvir New Version of You, a música que não me saiu da cabeça a noite toda.
Ainda bem que celular tava no mudo, sete chamadas não atendidas! Uma desconhecida, do mesmo numero que me ligou semana passada. Uma que deve ser da empresa que ficou de me retornar dos tecidos , que são caríssimos e eu não vou comprar agora, e... cinco da mamãe, claro! Mas por que será que não tocou em casa? Putz, tá fora do gancho, esqueci ontem!
“Oi mãe... qual era a urgência? Não eu não marquei hoje... só vou pro estágio às duas... tá tudo bem sim. Eu não saí ontem! Vou passar aí amanhã... ah, tá bom, direto no restaurante então. Eu não liguei porque fiquei trabalhando numas peças, quando vi já eram onze e pouco...te ligo depois então, beijo.”
Cara, já ta perto da uma! É pegar as coisas e sair. Odeio dirigir em SP, mas com pressa não rola mesmo... ainda mais que se acontece alguma coisa com o carro a Julia me mata.
Não to curtindo nem um pouco ficar no atendimento de vendas/ costureira de emergências, mas se sair daqui agora meus pais vão querer que volte pra casa deles. Não que morar com a Julia seja incrível, nem que eu não saiba que logo mais ela vai morar com o Caio e eu to fora... melhor ter renda.
É melhor não pensar nisso, a única coisa boa desse emprego é que quase nunca levo trabalho pra casa. Esse corredor é infindável.
A chefe passou sem dar bom dia, novidade, ta de mau humor, discutindo com funcionários, é até bom eu não trabalhar no departamento deles, levar um mínimo de três broncas por semana ninguém merece!
Nem entrei direito, já tem ligação encaminhada pra mim! Correria maldita...
“Alô, sim... na verdade estamos representando a Scoop no Brasil... isso não é comigo, é com o atendimento, a Marina é a responsável, só um instante...” terrível esse esquema de transferências, mas desde que vim pra cá tenho toda uma simpatia pelos operadores de telemarketing. Não é culpa deles, o sistema é que é todo confuso mesmo!
Uau, 137 mensagens de email em menos de vinte e quatro horas. Maioria deve ser spam, esses emails empresariais recebem de tudo. Incrível, as duas linhas tão tocando ao mesmo tempo e a secretaria me pedindo transferência, e começou o celular! Será que eu deixo tudo tocando? “Alô, só um momentinho...”

Um ponto bom de trabalhar numa empresa assim é que recebo uma copia da Grrrl!, a melhor revista de customização. Não chega pra mim, mas como meu supervisor não é muito de moda indie DIY, assim que vê as fotos das famosas, ele me entrega! Geralmente...
Chegou a tal da apresentadora de reallity show, cercada por dois, bajulada por doze... vai pra uma sessão de fotos, divulgação pro nosso site.Nunca assisti à um episodio inteiro do programa. A única vez que tentei ver foi um dos poucos dias em que dormi antes das 0:00h. Engraçado esse tipo de programa ter apresentador às vezes.
Claro que esta tendo reunião e não me chamaram. Geralmente são bem chatas, a Dorothy fica falando e o Gerson atropelando, o resto só faz cara de quem concorda ou bufa e só servem café ainda por cima com aspartame, arghh! Parece mais uma formalidade do que uma atitude para realmente resolver ou discutir alguma coisa. Toda semana batem ponto na mesa e saem, sem grandes mudanças. Mas já me falaram que é vantagem que tenha, cerca de uma hora sem atender ligações, olhar a tela do computador...
“Andréa, pode vir aqui um instantinho, tenho um serviço pra você...”
Lá vem! Vou levantar bem devagar porque não tem como fingir que não ouvi.
“Olha só, tem uma cliente querendo fazer um DIY, você é a única aqui que faz. Preciso de algo ate segunda, aqui estão fotos e informações. Você da conta?”
“Claro”
Acho que é a primeira vez que me passam algo que gosto desde que cheguei aqui. Seria tão bom trabalhar com som de música, como a cliente, ao invés de telefone...
Chegando o final do expediente... A galera do trampo vai para um barzinho onde vai tocar ska, ninguém do financeiro vai, to dentro! Diretão, mesma roupa...
Primeiro jantar num restaurante japonês. Pagar uma conta que vale mais que meu salário em rolinhos de pepino com arroz e chá digestivo pra quebrar o excesso de shoyo, não tenho controle! Sorte que o bar é cinco reais e eu quase não bebo. Mas melhor mesmo é que não quiseram dividir a conta, porque tem uma galera que com certeza gastou muito mais que o resto.
Um mojito e uma porção dividida de fritas depois ( tem uma galera aqui que come horrores, grandes mitos do mundo da moda, não são gordos) ,a banda sobe no que não pode ser exatamente descrito como palco. Nem sei como couberam os seis integrantes! Foram a melhor coisa da noite, cheia de conversas sem assunto e bebida sem sabor, alem da carona desagradável, que ouvia música chata e fumava dentro do carro, mas eu fui educada e mantive uma conversa fluente , por mais que a galera lá atrás estive capotando de bêbada.
Espero que essa banda tenha myspace, FVM, quatro caras e duas meninas, não tinham cd, mas o som era bom. Não me arrependo de ter saído, mas esse final de semana vai ser correria e já são quase quatro horas. O bom é que meus olhos já tão fechando, to vendo o rosto do cara que me chamou pro ska e acabou nem indo, sei lá se quero saber porque...

Eu custo a acreditar que levantei às 8:03, acho que é o animo em trabalhar com algo que gosto para uma cliente da empresa. Preciso confirmar o endereço de uma loja na net, antes que as coisas fechem, sábado. Opa email do Santos, quer que eu entre num ygroups, são meio bombardeio de mensagens, mas pode ser informativo. Podcast Vegan Freaks, parece bacana, curti o nome! Tem evento e não posso ir! Ah, no próximo sábado... agendado, agora foco no design.
Queria ter melhor noção do estilo da cliente, vou levar peças diversas, ainda tenho que encontrar a mamãe às 13:00h. Foco, Andrea, putz, muita coisa junta. Ainda nem comi.
Como seria um café da manha tipicamente vegano? Frutas, ok, sempre como, café puro, e o pão, só que todos os que eu encontro tem algum conservante estranho... mas depois de ver aqueles vídeos, sinto culpa de comer.

Eu tenho vontade de fazer uma tatoo um dia, essa na foto da cliente tá muito estilosa, mas não sei bem o que eu faria, teria que ser algo que se incorporasse totalmente a mim. Vou pensar em roupas que complementem a arte dela, que esta por todo seu corpo. Já isso eu não sei se faria. É quase uma roupa na própria pele. Caraca!Tenho que sair, antes que minha mãe ligue. Tarde demais, já ta tocando.
“Oi mãe, já to no caminho...”
Vou ter que correr surrealmente agora. Nada colabora, ainda bem que vou a pé mesmo.
To recuperando o fôlego, já to vendo ela. Já esta com a cara fechada, sentada no banco de fora do restaurante. Esta com o cabelo mais claro, o celular na mão, ela o abre e fecha o tempo todo, ameaça discar e nem percebe que eu estou me aproximando.
“Oi mãe”
“Andréa, você demorou, não tinha saído ainda!”
“Eu tava no elevador”
“Vamos, tem uma mesa reservada lá dentro.”
Ela com certeza vai falar alguma coisa criticando o veganismo, vai ficar uma discussão desagradável, e também eu ainda não estou 100% dentro e isso pode me desanimar. Então eu não vou chamar atenção pra isso. Ta certo que restaurante italiano não é o lugar mais adequado.

Consegui ficar na minha com um prato de massa simples com molho vermelho, desviei da sobremesa com papo de diminuir o açúcar, isso ela aceita fácil. To ansiosa pelo evento de sábado que vem, mas agora é me concentrar no trabalho! Senão não vou conseguir terminar.
Merda, a Julia acabou de entrar, ta uma mega bagunça, ela vai entrar com malas. O Caio veio junto?
“Caio, a gente acabou de entrar!”
“Não tem hora pra...”
Ah, não, espera ai!
“Ou, tem gente aqui que não precisa ouvir isso!”
“Viu afobado... Andrea achei que você tava com a mamãe.”
“Já voltei, tenho trabalho pra fazer.”
“Você quer dizer, alem de arrumar a sala?”
“É! Depois a gente conversa sobre isso, sis”
“Melhor que não.Vou pro meu quarto, desfazer a mala, descansar e depois quem sabe já esteja tudo de volta onde deveria...”
Até parece. Posso tirar alguns papéis e deixar um cantinho pros tecidos, mas arrumar mesmo, só amanha, quando estiver tudo pronto. Não é como se eu tivesse um local apropriado pra fazer isso...
“Tchau, Andrea... foi mal qualquer coisa.” Ele fala rindo, no maior descaso, abrindo a porta porque já vem nesse apartamento a mais tempo do que eu moro aqui.
“Quando você fala assim de zueira, não conta... fecha logo a porta que se ela te expulsou não adianta ficar enrolando”
O namorado da minha irmã tem trinta e dois anos, mas é o maior molecão,. Justo ela, que é super responsável, detesta bagunça. Mas eles se entendem bem, tão juntos há uns quatro anos, eu acho. Eu não tive nenhum relacionamento tão longo assim. Por enquanto acho que não tive paciência, enjôo rápido e quando penso na possibilidade de ficar muito sério, rotineiro, formal, ida em festas de família, dar satisfação o tempo todo. Fora que e pra viajar por um período mais longo, ah muito complicado. Melhor me concentrar no trabalho, agora, sem ficar viajando que são seis da tarde e to ficando cansada.


SANTOS
Dormi em cima dos livros de novo. Eu devia ter escolhido o curso noturno, mas agora que falta menos de um ano... pior que nem terminei de ler os textos. Acho que só da tempo de pegar o skate, a mochila e torcer pra que árabe seja a cantina aberta pra ter pão na primeira aula...

Todos os textos foram pro chão de uma vez só e as folhas não estavam grampeadas, a vida não é incrível? Existe até uma possibilidade de eu ter quebrado uma costela. Não da pra explicar, nem tentar entender o que aconteceu. É a Laís.
“Foi mal, maninho! Machucou?”
“Ainda não deu tempo de sentir... “ ainda por cima ta rindo da minha cara.
“Sério que não tem graça. Eu to atrasado e nem sei como catar isso.”
“Eu ajudo”
Ela é rápida, eu não conseguiria, mas ela ta amassando tudo... agora nem da tempo, deixa pra lá. Como ela não ta de pijama?
“Valeu. Sério, pode deixar... o que você ta fazendo de pé essa hora?”
“Reunião de gravadora”
Claro, como mais ela ia levantar antes do meio dia... pior que eu to mais cansado que ela. Se der sorte eu vou chegar exatamente três minutos antes do professor fazer a chamada e me deixar sem a menor possibilidade de falta em qualquer outro dia do semestre.

Cadê as pessoas dessa sala? Ah, não! Que merda, era hoje que o professor avisou que ia faltar? Eu devia usar uma agenda. Agora tenho uma hora e quarenta minutos pra... arrumar os papéis.
A praça de alimentação ta aberta, é o árabe! Pelo menos, hoje vou ter café da manhã. Melhor colocar os fones e ouvir alguma coisa que preste.
“Fala Santos!”
Quem foi o fdp que me deu o maior tapa na exata região do empurrão da Laís?
“Opa cara! Beleza? Senta ai.”
“Tá sem aula agora?”
“Pois é. Tá fazendo o que aqui?”
“ Tá zuando, essa cantina é a única decente daqui... eu vim pra uma reposição as 10:00, mas minha carona chegava mais cedo”
“’Ce vai no almoço vegano?”
“Vo tenta, é aniversario do meu irmão...”
“ A gente se fala, então, tenho que ler um texto antes da aula.”

O professor ta falando, mas é como se não tivesse saindo som nenhum. Eu vejo pessoas prestando atenção, gente dormindo, mandando mensagem no celular... se eu não tivesse a menos de dois semestres talvez arriscasse trancar o curso. Porque sei que não agüento mais tarefinha e ficar copiando esqueminha pra decorar e não lembrar mais depois. Achei que iria ter aulas mais discursivas, mas o primeiro semestre não foi assim, nem nenhum dos outros. Um dos poucos professores que sentava e falava o conteúdo literário que sabia, e você podia anotar, extrair as informações mais interessantes e fazer perguntas se tivesse base, era instigante, desafiador, e ninguém gostava. Só o Zé, mas ele um puxa saco e não conta...
Já são quase duas da tarde, meu estomago ta começando a roncar. Acho que vou desviar e parar na lanchonete. Também quero ver se chegou a revista veg desse mês. To com uma graninha agora, espero que dure até semana que vem.
Tá lotada, até demais pra uma terça feira. Mas eu posso levar pra casa.
“Fala mano, beleza? To levando um salgado e um sanduíche, cobra pra mim? E a revista, chegou já?”
“Cara, só sexta. Não levar um doce, também? Tamo com novidade, chegou de manha...”
“Cara, to meio sem grana, mas (eu reparei que ele olhou em volta rindo, eu dei uma checada, tava basicamente todo mundo com um docinho, parecia bom.) acho que um... “
“Dois reais, brigado”
“Falo!”
O Sérgio esta sempre de bom humor, acho que ajuda super com os fregueses. Mas o cara é assim na loja e fora. Como eu vou levar meu material e a comida? Inteligente... a comida vai na mochila, vou ter que ir bem devagar, brecando com uma perna.
Aparentemente não tem ninguém em casa e sobraram duas folhas minhas que alguém pôs na mesa. Agora que me liguei que to com a tarde livre, pela primeira vez em semanas. Vou pegar o skate e sair de novo. Vou só deixar as coisas, comer os salgados, porque só tem uns tomates cortados na mesa e comida congelada.
Putz, amassou totalmente o docinho. Existia uma cobertura da qual a única coisa que da pra identificar é um confeito em forma coração, com feição de caveira. Isso porque eles embalaram numa caixinha, mas eu amasso tudo na mochila.
Vai ser meio estranho pegar a pista de terça, é uma coisa que já não faço faz tempo. Capaz que o pessoal de lá nem lembre mais de mim.

“Merda!” Pronto, derrubei de novo. Esse celular não vai sobreviver desse jeito. Esse lance da Laís de sugerir andar sem relógio ta me deixando meio paranóico e sobra pro celular. Vou pegar o cassio velho de volta e botar uma bateria, mais barato que trocar de celular.
Achei que era impressão minha, mas já faz meia hora que to aqui e realmente só tem molecada. Quando eu comecei, eu não era assim. Eles tem todo um estilinho, ficam trocando os mp3, falando de bandinhas pop. Mas tem uns skates bacanas. O meu já ta bem detonado, tem mais de quatro anos, uso quase todos os dias. Pelo menos ta rodando bem.
Velho! Será que aquele é o Mosca? O cara é irado! Deve ser ele, as manobras são iguais. Acho que ele me reconheceu, tá olhando pra cá. Tem o mesmo cabelo comprido, coberto por um boné. Eu quase não uso, mas na pista não rola. É ele, ta vindo pra cá.
“Beleza, véio?”
“Fala Mosca!”
“Resolveu voltar?” Nossa em uns quatro meses que não vejo ele, o cara colocou uns sete piercings no rosto.
“Dia de semana é tenso vir pra cá.”
“Só eu e a molecada.” Ele deu a gargalhada mais comedia que já ouvi e olhou pros meninos, que acenam pra ele sem parar.
“To vendo...”
“Tem uma galera que vem um tempo e desencana, mas eu to dando aula pra uns garotos. Levam jeito.”
“E a Lisa? Tem notícias?”
“Tá competindo na gringa.”
Me faz pensar, realmente. Os caras treinavam comigo, com onze, doze anos. A Lisa tá no exterior, o mosca tirando grana como DJ, dando aula. E eu, to assistindo aula.

Finalmente chegou o final de semana. Às vezes os dias demoram muito pra passar. São dez horas da manha e meus pais aparentemente não estão... e deixaram uma incrível mesa de café da manha, frutas, suco, patê vegano. Que será?
O encontro vegan é as 13:00, tenho que imprimir uns panfletos... espero que a tinta da impressora de pra 30 copias, 2 por página, sessenta, acho que esta bom. Sempre é bom levar panfletos informativos, tem uma galera que vai pesquisar, que não conhecia. Cada um que se agrega já é muito bem vindo, são 83 vidas salvas e milhares de hectares de florestas.
“Pronto, saíram todas!” transporte publico me aguarda. Vou deixar um bilhete.
“Bom dia!” ah, a artista levantou.
“Bom dia? São 12:20.”
“Que mau humor... `Ce ta saindo? – Pqp, o cabelo dela ta incrivelmente desarrumado!
“Qual é a graça? Quando eu acordo fica armado!”
“Foi mal... to indo num almoço vegano, volto ate umas 16:00”
Eu às vezes não entendo como podemos ter o mesmo sangue. Se não fosse isso acho que nem nos conheceríamos. No máximo eu ia saber que ela era a garota de uma banda e talvez ela lesse meu livro, daqui uns cinco anos, se eu me der bem.
Beleza esse metrô, nem de sábado é decente. Vou ter que andar sete estações de pé segurando num ferro no teto, dividindo com 2 moleques. Pqp tem gente me encarando, fora o perfume delicioso que tem sempre aqui dentro! Pronto chegou.
Agora preciso lembrar se era pra direita ou em frente. Não, não tinha uma escola na rua, então era pra direita. Isso, já tem gente chegando!
Ta um pouco vazio. Por enquanto ninguém conhecido. Tem mupy! E também tem uma garota no balcão que ta me olhando, vendo minha camiseta, só pode ser a menina da internet que eu combinei.
“Oi, você é o Santos?”
“Andrea, certo?”
“Prazer” – ela se aproximou e me dei um beijo na bochecha. Simpática.
“Achou fácil o local?”
“Dei umas voltas, mas até que foi tranqüilo.”
Ela é bem alternativa, até fez uma camiseta de defesa animal.
“Bacana tua camiseta! Ta vegana, já?”
“To quase...” sorriu, é bonita, bem maquiada, mas de um jeito mais rock`n roll.
“Vai ter palestra logo mais, nada muito pragmático, bem rapidinho... opa, chegou um pessoal bacana, vem conhecer.
Finalmente uma galera que conheço. Tava estranhando.
“Pessoal, essa é a Andrea. Ta no processo de veganizaçao.”
“Opa, ta no lugar certo então” – o Vinicius já foi se apresentar e puxar assunto. É maluco pra namorar uma vegana. Quem sabe... mas nem sei se a menina tem namorado, se bem que eu não deixaria minha namorada ir sozinha, se eu tivesse uma.
“Vamo pega o rango?” to com fome e não quero que acabe a pizzzinha, faz tempo que não tem.
“Po cara, tem certeza que não vai ficar com fome? “Realmente meu prato é o maior. Mas os caras não perdoam... me perdi da conversa.
“Logo mais devo ir embora...”
“Nossa, Andrea, `ce veio conhecer mesmo, nem da tempo assim? Pode falar, não gostou do pessoal?” ela de boa nem respondeu, o Vinicius que falou.
“Ainda vai ter show, uma banda hardcore.”
“Serio?” agora ela pareceu interessada.
“Que tipo de som você curte?”
“Mais indie rock...”

“Tipo, Matt & Kim? hot hot heat? Kate Nash?”
“Um pouco de cada, mas agora to ouvindo ska também.”
A rebeca ainda não tinha falado nada desde que sentamos.” A Irma do truta ai toca numa banda!”
“Ah é? Qual o nome?”
“Você nem deve conhecer, toca em barzinho, nem tem cd ainda.”
“Não respondeu minha pergunta.”
“FVM”
“Tocou semana passada no Lumi, já adicionei no myspace. Sua irma é a guitarrista, trompetista, backing vocal, ou a baixista super animada de cabelo laranja?”
“A de cabelo laranja. Vo fala pra ela que você curtiu!” Realmente surpreendente, ela tinha visto, sabia falar e fala bem.
“E você, Santos, vai nos shows? Curte o som?”
“As vezes eu vou, mas nesse eu não fui. Detesto o Lumi. Zero de opção vegana e eu não bebo.” Ela pareceu surpresa, acha que ando tanto com straight edge que pra mim já é natural.
“Serio? Ninguém de vocês”. Todo mundo balançou a cabeça, poison free geral nessa mesa. Acho que a Rebeca é a única que nunca bebeu mesmo. Mas aqui a galera não é dessas coisas. Eu, depois daquela ressaca, nunca mais! Não é como se no dia seguinte os problemas não acordassem lá com você.
A conversa durou mais um pouco, foi chegando mais gente e a banda subiu. Eram uns caras de BH, bem underground. Logo a Andrea foi embora dizendo que tinha trabalho pra fazer, alguma coisa com moda e estilismo, era a profissão que eu chutaria pra ela se me perguntassem, sem querer estereotipar, só acho que ela combina. Eu é que não devo combinar com nada, mas to me divertindo então ta tudo certo.
A banda agradeceu, tem uma banquinha vendendo camiseta e adesivo e um cd com capinha de papel. Mas eu to sem grana. A galera ta dispersando, já são 16:02, talvez ainda consiga passar na pista.
“Marcão, ta com seu skate ai?” pior que eu é que não to com o meu, mas ele sorriu afirmativamente.
“Pó, cara eu vim com ele! Tu que da uma passada na pista ai cima?”
“não to com o meu aqui. Não rola desce pro parque que eu pego no caminho...”
“Beleza! Vo só pega um doce ali...”
voltou rapidinho com dois bolinhos, parecidos com os que comprei outro dia, vi que tinham a mesma caveirinha em cima.
“`Ce que um cara? Ta olhando...”
“Pó ate quero, comi um otro dia na lanchonete.”
Eu tive que entrar de novo pra pegar, porque os do Marcão eram só pra ele. Rumo ao transporte publico!

SABRINA
Longo dia hoje, parece que passaram uns dois ou três dias em um. Nem lembro mais do que fiz de manha. Acho que vou dormir direto e terminar o projeto amanha, não vou conseguir me concentrar agora.
Alguém ta batendo na porta. Não quero levantar...para de bater.
“Pode abrir!” droga, me deixa descansar.
“Sabrina, ta deitada? Você não vem jantar?”
Ah, que droga, eu to cansada, não to com fome, me deixa sozinha por favor.
“Depois, mãe...”
“ta, tudo bem? Vou deixar você dormir um pouco...”
Eu quero ficar um pouco na cama, to toda dolorida de tanto que andei hoje. Posso adormecer em cinco minutos, provavelmente eu vou acabar levantando no meio madrugada, mas to muito exausta pra pensar nisso. To vendo as paginas da apostila, mamãe falando comigo, a musica tema de 90210 ta tocando...
Nossa, capotei, que horas são? 3:43, caraça! Nem me troquei, pior que não to com muito sono, vou colocar um pijama, ficar mais confortável. Tenho que acordar em umas 3 horas mesmo. Meu estomago ta vazio, mas eu não vou comer agora, no meio da madrugada, to com um pouco de sono, deixa pro café da manha.
Dia de sol, agora to mais disposta. Tenho dez minutos pra sair.
“Bom dia, mãe.”
“Bom dia. Seu namorado esta te esperando la embaixo, disse que te ligou muitas vezes, ele ligou em casa ontem, mas você tava dormindo...”
“Ah, que bom, vou ter carona! “
“Mas come alguma fruta antes de sair.”
“Tá bom, tchau mãe”
Claro que ele tava sorrindo quando me viu. Tinha um pãozinho doce pra mim, ele sempre traz alguma coisa, ele gosta. Não lembro mais como era quando eu não namorava com ele. O Diego é o melhor namorado.
Cheguei mais cedo na facul, da tempo de discutir o projeto antes da aula. Final de curso é muito mais intenso, mas eu to satisfeita, defendendo um trabalho que quero. Pena que ele não sai bem do jeito como eu quero. O que mata é a espera. As meninas tão aqui já.
“Oi sa!” “Sabrina!” “bom dia” “girl, que bom te ver.”
Adoro as garotas, fico um pouco triste em pensar que quando acabar o curso não vamos mais nos ver todos os dias, todos esses anos juntas. Hora da aula, concentração agora, que esse projeto tem que ficar muito bom.
Todo mundo me diz que acha rotina chata, que imagina só trabalhar em uma escola, mas eu ate gosto. Assim eu consigo me programar melhor, organizar os horários, marcar aula de jazz, curso de Frances... também gosto muito das crianças. Quero muito que o projeto de certo e eles comecem a explorar melhor o mundo e não ter a curiosidade exterminada. Opa celular.
“Oi amor! To no ônibus, voltando do estagio... te encontro no shopping então, mas queria tanto ir no japonês com as meninas. Por que você não vem também? Eu sei, mas tem os de pepino... é aniversario da Jú, fica chato eu não ir... A gente sai amanha então... Beijo!”

Não tenho opção de não ir, aniversario. Também nesse semestre a gente nem ta saindo tanto e adoro o japonês. Por mais que eu devia me controlar, logo tem apresentação de jazz...
“Sabrina, a Lia ta subindo”
“Merda, não to pronta ainda!”
tão batendo na porta, não terminei a maquiagem. “pode entrar”
“Oi, licença... você nunca ta pronta, né?
“já to quase, só falta o batom”
Saímos super a tempo, não chegou todo mundo ainda. Engraçado como tem sempre gente que não trás presente, a menina paga o restaurante mo caro, a pessoa nem trás nada, é aniversario!
Adoro sushi, comida fria, de palitinho, porções pequenas, shoyo. O barquinho chegou.
“e o Diego?”
“Ele tinha que ficar no restaurante hoje...”
“Vocês vegetarianos...”
“Ou, não ta me vendo comendo peixe aqui. Ainda não sou vege”
“pelo sushi!”
“Pior que é, Ca.”
As meninas acham meio estranho eu não comer carne, os garotos daqui então. Tem mais uma colega na sala que não come, ele é vegetariana, eu como peixe bem de vez em quando, no sushi e as vezes o bacalhau da vovó. Mas o Diego não come nada animal, as vezes não sei como ele tem paciência comigo, ele ta sempre me animando, não sei se eu correspondo.

Carona com o Augusto é um perigo, se não fosse o namorado da Ca eu não entrava no carro, sorte que é pertinho. Bebi só um pouquinho de saque, mas odeio quando minha me espera chegar em casa, ela costuma esperar, mas se eu sair sem o Diego é certeza que ela vai estar lá na sala, lendo um livro, fingindo que é por isso que ainda não esta dormindo. As vezes eu fico pensando que se eu não fosse filha única talvez isso não acontecesse, mas algumas amigas minhas falam que não é assim que funciona. Sei lá, meu pai é mais sussa, mas eu vejo ele bem menos.
“oi mãe”
“Oi filha, to terminando esse capitulo, nem vi que horas eram...”
“Legal, eu vou pra cama, boa noite!”
Eu sabia, não tem erro. Mas não posso reclamar. Hoje ate que cheguei cedo, são 2:05. Me diverti muito, mas queria que o Diego tivesse ido junto, adoro as meninas, são minhas melhores amigas, como se conhecesse de infância, mas sem ele eu me sinto meio desprotegida. Bom, melhor dormir logo, que amanha vamos nos ver de manha.
10:00? nossa parece que passou tão rápido. Vou ligar pro Di. Ih, ele ta com a voz matinal animada.
“Já ta no trabalho? Ta indo pra lá... te encontro na veg então, to saindo, beijo. Também te amo.”
Agora fiquei animada, mas vai demorar uma meia hora pra chegar ate lá. Será que minha mãe me da uma carona?
“Mãe, ta saindo?”
“Vou no mercado compra verduras e feijão... isso, preciso anotar. Você quer alguma coisa?”
“Humm, vai ficar um pouco fora do seu caminho...”
“Quer ir aonde?”
“Pra lanchonete que o Diego...”
“Ta bom, já ta pronta?”
“Só pegar minha bolsa, brigada, mãe!”
Ta mais vazio por aqui hoje, acho que o pessoal não vem tanto esse horário, pelo menos no final de semana. Mas com o Diego aqui agora vai ter mais procura, certeza. O café da manha tava incrível, já me sinto mais pesadinha. Trouxe os cadernos comigo, mas minha concentração ta comprometida, fica entrando e saindo gente, um pouco barulhento.
“Sa, consegui uma mesa livre pra você estudar.” Ele é muito fofo, mas eu gosto de observar ele trabalhando.
“Brigada, amor.” Me mandou um beijinho, adoro como ele fica flertando comigo pelo vidro, mas melhor eu me concentrar ou nem eu estudo, nem ele trabalha.
“Oi, licença, posso pegar essa cadeira?” Um garoto simpático, com moletom straight edge, acho que já vi ele aqui alguma vez.
“Pode pegar.”
“Brigado!” Bom agora só tem a cadeira em que eu to sentada, então, sem opção. Exceto se alguém precisar usar a mesa. Mas lá fora ainda tem lugar, e eu vou ficar enrolando com meu brioche assim disfarça que to sentada pra estudar.
Esse projeto de reeducar as crianças pra mídia é muito impactante. Se as pessoas forem criadas com mais questionamento uma geração de consumidores deixa de ser induzida pela propaganda. É triste ver as crianças brigando por brinquedos violentos, roupas de marca, eu mesma só comecei a olhar marca de roupa com uns 12 anos, e minha geração já foi precoce. Agora esse negocio de criar consumidores mirins é assustador, como os pais podem não dar atenção pra isso? No futuro vão virar aqueles gordos sem ossos do Wall-e. A internet é uma ferramenta boa, mas tem limites, como qualquer meio de comunicação, as pessoas devem ser educadas pra eles. Eu não me imagino criando filhos nesse ambiente, mas parece que qualquer esforço é muito pouco, perto de tudo que esta precisando de mudança. To viajando um pouco, melhor focar nos aspectos do trabalho do que ficar imaginando o mundo.
“sa, a gente pode ir se você quiser, eu já acabei...” Eu não estava preparada pra isso, mesmo.
“nossa, que susto!” Coitado, acabei assustando ele também, eu acho, não foi culpa dele.
“Desculpa, eu só vim avisar que podemos passear como você queria. Mas eu sou muito feio te assustei”
“Haha, para bobo, eu tava concentrada aqui nos textos, nem me dei conta das pessoas em volta.” Pior é que todo mundo deve ter dado conta de mim, fazendo papel de idiota,ainda falei super alto.
“Se você quiser continuar lendo, tudo bem. Mas eu sugeriria deixar pra depois.” E com aquele sorriso e as mãos simpáticas esperando eu pega-las seria impossível eu pensar em outra coisa mesmo. Também, eu não tava lá muito concentrada.
“que bom que você escolheu sair! Também, você lembra que tenho que voltar a noite, que tem evento.”
Na verdade, eu não lembrava que era hoje. Pior que ele falou, mais de uma vez, eu disse que queria vir, e tenho coisas pra fazer pra amanha, ele nem saiu comigo ontem. Mas foi trabalho, chega disso, depois do parque vou pra casa, termino o capitulo e venho pro restaurante com o Diego.
“Hei, ta pensando no que? As vezes você fica super em outra orbita...”
“Desculpa, prometo que não tem nada a ver com você”
“ E eu achando que você tava pensando em mim.”

DIEGO
Não sei se dou conta disso, devia ter pensado melhor este trabalho, antes de aceitar. Calma, se pensar eu não vou fazer nada, acaba sendo mais fácil do que parece uma vez que começo a fazer. Pronto mais uma fornada bonitinha, deixa eu levar pra bancada, cuidado. Nossa! Tem muita gente aqui hoje. É mais trabalho do que jamais tive. Parece que o pessoal ta curtindo os doces, pelo menos. Voltar pra cozinha, mas antes melhor falar com ela, ta sozinha.
“Bonitinha, você quer alguma coisa? Não ta se divertindo, né? Ta com uma cara meio triste... mas eu tenho que trabalhar, sinto muito”.
“Ta tudo bem. Eu prefiria ficar com você...” Droga não tenho solução pra isso.
“Já volto, ok? Preciso preparar mais uma fornada, você não quer sentar na mesa do Caio, Sérgio,? a Ana vai chegar, você conhece eles...”
“Vai ficar chato, eu nunca falei com eles... acho que eles nem gostam de mim.”
“Isso é paranóia sua. Por que não chamou suas amigas?” Agora ela fez uma cara feia, não sei se eu é que to sendo chato, mas preciso ir pra cozinha.
“Diego, temos um problema, o chantilly acabou, você vai precisar usar outra cobertura. Eu to pensando em mousse...”
“Por mim pode ser, não tem pasta americana, né?”
“Não, e aqui nem tem açúcar refinado...”
O melhor desse negocio é que é totalmente colaborativo, dividimos o trabalho, as idéias, e por enquanto ta funcionando bem. To confiante, mesmo com dias como hoje, parece que o pessoal ta curtindo bem as coisas, ta muito no começo pra dizer, por mais que tanto eu, quanto a Amanda já fazíamos isso antes, em proporção menor, agora ganhamos dinheiro. La vou eu levar lá fora de novo.
“Diego, vai sair sem os confeitos?”
“Ah, é. Nossa, que sem noção, haha.” Por pouco, são nossa marca registrada, quando fico um pouco estressado, começo a esquecer as coisas.
Nessas noites eu me pergunto umas 17 vezes se era isso que eu queria fazer... e em umas 15 eu respondo que sim, sem muita duvida. Então fico satisfeito, posso dormir tranqüilo.
Muitos elogios, novos amigos, novos contatos, no fundo acho que a Sabrina não ficou brava comigo. Sei lá, deve ser meio chato mesmo ficar sozinha a maior parte da noite, eu correndo pra lá e pra cá, mas é meu trabalho, e também a gente abre mao, um de cada vez.
Já é meia noite, eu devia dormir direto, depois do dia de cozinha, forno, confeitos... mas a verdade é que meu corpo ta cansado, mas ainda não bateu 100%, eu faria mais alguns docinhos. To com varias idéias de receitas que podia testar, acho que ate vou anotar pra lembrar amanha, quando eu estarei mais cansado talvez eu faça só os pãezinhos de amêndoas, vou levar pra Sá de manha, ou na hora em que estivermos acordados, por mais que geralmente ela acorda primeiro.

Acho que dormi umas três horas, mas já é quase meio dia. Bom é que eu não trabalho de manha no domingo. Melhor ligar pra Sá, a gente nem se viu direito esse final de semana.
“Bom dia, linda!... eu sei que horas são, mas é domingo. Quer vir aqui pro café da manha? Meus pais não tão, depois a gente pode ir no cine... to te esperando, beijão!”
Vou prepara tudo, já sei que ela se comeu deve ter sido uma fruta. E aqui ta uma mega bagunça, meus pais e a cozinha, nem sei porque eles tem uma, é meio que minha, não é como se o Matheus tivesse algum interesse.
Uma arrumadinha no cabelo, sempre bom. Desodorante, por mais que digam que a mulher se atrai pelo cheiro natural do cara, mas melhor não arriscar... até porque, quem não vai agüentar sou eu. Campainha!
“Oi amor, entra, pode sentar, deixa suas coisas aqui nessa mesa. Já vou trazer os pãezinhos.”
Ela ta super bonita, adoro quando ela não usa muita maquiagem, e deixa o cabelo solto. Mas minha impressão é de que ela esta desanimada.
“Aqui estão, experimenta e me diz o que você acha, to testando.”
“Virei cobaia?”
“Você sabe que eu defendo as cobaias... (antes que ela fale) e eu sei que você ainda não comeu. Só não sei porque ta triste...”
“Não to. Um pouco cansada, relatórios, trabalhos, estagio, a gente voltou tarde...”
Não sei se me convenceu, mas faz sentido,.
“Certeza? Ok, experimenta então, fiz pensando em você.”
Melhor momento da semana começa agora. Isso é o que mais compensa da relação, a pessoa só seu lado, o momento dos dois. Faz um tempo que não temos nada assim. Acho que vai sair, ta muito forte, uma sensação diferente do normal, bem intensa e clara.
“Eu te amo!”
Nossa, se eu tivesse pensado, não sei se dizia, mas saiu, porque tinha que sair, e acho que não to ligando muito se ela não disser de volta, por enquanto ela não disse nada, talvez assustei ela. Eu prefiro que ela diga, mas contanto que ela não ria, pra mim ta ok.
“Foi um pouco inesperado... desculpa, não era bem isso que eu queria dizer. Não da pra te explicar o que eu to sentindo agora... eu não quero falar como se fosse pra devolver pra você,então não vou dizer mais nada agora.”
Acho que não é o pior que podia acontecer, ela ta me abraçando de verdade.
“Não precisa falar nada agora, não foi por isso que eu disse.”

Mesmo sendo final de semana, eu trabalho, domingo a noite, não tem muito horário pras encomendas, a não ser o da entrega. Esse vai ser o primeiro bolo de casamento da Xprinkles, e vai ser punk, tanto no conceito quanto na realização. Nosso símbolo vai ficar gigante, cara se for pensar é a maior divulgação que já tivemos.
A cozinha da Amanda é incrível, isso porque ela nem começou como confeiteira, trabalhava com computador. Ela cozinha ouvindo rock, eu me divirto muito com isso, mas em casa vou fluindo sozinho, sem som geralmente, mas agora as vezes eu coloco. Hoje ela ta ouvindo Dollyrots, eu não conhecia.
Depois de duas horas e meia faltam só alguns detalhes. Ta bem bacana esse bolo.
“Cara, essa podia ser nossa nova foto de divulgação!”
“Manda, as vezes tuas idéias são meio malucas, mas pode até rolar...”
“Isso ae Diego, se superando a cada vez.”
A batida de mãos mais forte que já dei com uma garota, e olha que ela não parece ser forte olhando. Agora é levar pros caras, e to livre, esse final de semana louco acabou. Logo alguém vai ter um casamento punk, pro qual não fui convidado. Tinha curiosidade de ver, como será que fizeram a decoração, as roupas, o que vão dizer um pro outro. Sei lá as vezes casamento parece uma coisa tão distante, aquela pomposidade, a formalidade. As vezes acho que as pessoas fazem mais pela cerimônia ou pela festa do que pelo fato de estarem apaixonadas de verdade. Sei lá, quando vou nesses eventos me sinto um pouco perdido.Mas punk, quem sabe como isso poderia ser interessante. Só o que sei, e que eu definitivamente não me imagino casando. Nem casado. Pelo menos por enquanto.
“Amanda, a gente precisa contratar um entregador.”
“A idéia seria, mas por enquanto a gente não tem tanta encomenda assim, pelo menos as mais distantes, então acho que não compensa.”
“Também acho, mas que a gente perde tempo com isso não da pra discutir.”

Finalmente to em casa. Acho que posso descansar um pouco, amanhã tenho folga. Poucas profissões tem o prazer de ter folga na segunda feira, a minha no caso pode ter em qualquer dia. Celular tocando, vou trocar esse toque que não agüento mais ouvir.
“Alo, oi linda! Eu já to em casa, acabei de entrar... eu tava dirigindo, não dava pra atender. Que bom que você gostou do dia de hoje. To meio quebrado agora, que horas são, 21:40. Amanha eu passo ai depois da sua aula, posso te pegar na facul, ah! O estagio... me liga quando você tiver saindo de lá então... não to bravo, não to nada, Sabrina, para com essas nóias... ta bom, boa noite! Beijo.”
Vou capotar forte, mas preciso tomar banho antes. Putz tem gente, ainda vou ter que esperar.
“Oi filho, não te vi o dia todo! Como foram as coisas?”
Nossa é mesmo, nem vi meus pais hoje.
“Tranqüilo mãe. To meio cansado agora.”
“Vai acordar cedo amanha?”
“Amanha to de folga”
“Ta certo, boa noite!”
Não tenho tido muito tempo com a família ultimamente. Os horários tão um pouco zuados. Tipo, boa noite? são 22:03, eu não geralmente durmo essa hora.
Não quer dizer que só porque deitei cedo, eu durma cedo, eram 22:12, só por curiosidade agora são, 23:47 eu ainda nem cochilei, vou forçar uns bocejos e contar cupcakezinhos pra ver se ajuda. Nunca tentei, quem sabe é uma nova terapia, pior que parece que já to começando a ver mais escuro e me concentrar menos nos pensamentos...mas é um pouco engraçado e meio louco, dava pra fazer um filme sobre isso.

Até que não posso reclamar a um ano atrás eu tava cursando gastronomia, tentando passar com as faltas nas aulas não veg, com estagio em uma cozinha natural, sem muita grana própria e com um namoro incerto. Agora tenho um negócio em andamento, to começando a ganhar mais sendo meu próprio chefe e tenho folga em uma segunda feira. 11:00 da manha ouvindo Goldfinger no PC. Se eu tivesse planejado não saía, por isso eu não planejo, exceto algumas receitas, mas f.v.m. é o que há.
Acho que o pessoal ta curtindo os doces, agora tenho motivação pra acordar e cara, to encontrando a galera certa, nos lugares certos. A Sabrina é que eu não sei se ta tão feliz quanto eu. Mas eu não vou deixar isso ser um problema. Vou pesquisar umas escolar de arte, estudar cores e combinações pra melhoras os cupcakes e bolos pra casamentos punk.
Cara, o zine! Faz mais de um mês que não faço, agora seria um bom momento. Pegar papel, caneta e Cds do Mad Caddies. Nova edição do xzinex, underground, manual, tudo que tiver direito. Depois distribuo nas feiras, posso ate mandar com as encomendas, fazer o famoso blog, que eu sempre fala e nunca começo, na real feito até ta, só não é sempre, ou quase nunca que eu escrevo ou posto alguma coisa.
As vezes desperta vontade, mas tem horas que parece muito chato, eu pra trabalhar com essas coisas tecnológicas não ia dar muito certo, como auxilio, entretenimento, ok. Agora, pra trabalhar já fica diferente. Adoro criar uns layouts, postar umas fotos, pra escrever eu não acho que meus textos são la essas coisas.

LAÍS
“Bom dia! Hora de levantar...”
Abrindo os olhos, devagar, não consigo me mexer, muito peso.
“Que horas são?”
“Não deu pra entender bem se foi isso que você disse, mas são 6:10. Eu preciso fazer o café e já vou sair, melhor você levantar.”
Pqp, 6:00 pra mim é boa noite! Mas gravadora em outro estado fazer o que? Um esforcinho, tenso. Eu nem seu se meus músculos funcionam esse horário. Devagar, bom que aprontei tudo enquanto não conseguia dormir ontem. Tomar um pouco de cafeína pra acordar. Tenho 33 minutos ate a galera chegar com o taxi. Já ta tocando esse troço.
“Alo... fala Gui! Pronta? Cara, eu acabei de levantar, nem consegui abrir os olhos 100% ainda... pode deixar, já ta tudo separado, em 30 minutos estarei na frente do prédio com minha mala. Agora vou desligar pra tomar meu café da manha, te mais, beijo.”
Seria mais simples se eu tivesse deitado as 23:00h e não levantado porque tinha que escrever uma musica. As vezes vem umas idéias de composição, a ultima ta pra ser gravada.
“Oi irmãozinho.”
“Ta levantando cedo, que horas teu vôo sai?”
“Acho que 8:45, ou 9:15. Ida e volta, sei lá...”
“Haha, certo. Boa viagem então, to saindo já. Depois conta como foi com a gravadora... vão tocar la também.”
“Vamo, a noite e amanha num festival durante o dia.”
“Opa, bons shows então. Ate sábado?”
“Isso, valeu, Santos, boa aula.”
Ele é um fofinho de irmão, engraçado, as vezes tenso. Mas adoro ele.

Chegamos no RJ, adoro aqui. Bonito, quente, com boas opções, publico vamos ver mais tarde. Carregamento de equipamento agora.
“A gente tem um roadie aqui?”
“Claro, Lá, somo celebridades.”
“Bom então acho que não preciso carregar nada.”
“Isso, Laís, dois roadies carregam todo equipamento da banda.”
“Tem quatro homens na banda, não tem? E minha mala também faz parte. Mas não vou deixar levarem meu baixo fora de vista, eu levo.”
Esse tratamento a gente nunca teve antes. Estamos ficando mais chiques. Logo hotel, não mais alojamentos, ou casas de amigos. To ansiosa, mais pelos shows, adoro palco, mas abrir pro Streetlight Manifesto. Responsa demais.
Chegamos, hotel bonito. To curtindo isso. Nesse momento minha escala de felicidade ta lá pelo 90%.
“Vamos colega de quarto.” Nossa, não sabia que a Jô tinha essa força, fôlego eu sabia, mas força...
“temos que ir direto ne?”
“Infelizmente, eu também queria dar uma descansada, mas a gente não veio pra isso.”
“Ah, ta certo! Não é toda hora que a gente pro rio, melhor aproveitar, depois da gravadora vamo passear!”
“Fechado, gata. Agora vamo encontra os garotos. Antes que eles façam algo idiota.”
Só abrir a porta pra ver que já é depois.
“Que ces tão fazendo? Vamo sair que é melhor!” a Jô é engraçada, fica super louca no palco, da uma viajada nos ensaios, mas as vezes parece a empresaria do grupo, fica botando ordem.

To me olhando no espelho agora, vendo uma garota de cabelo laranja, olhos pintados de sombra prata, que podia muito bem ser uma menina indo para o colégio, para uma balada com RG falso, por mais que eu não era bem assim nessa idade.
Esse lance de idade é engraçado, eu me sinto mais nova agora do que com 16 anos por exemplo. Não aparento 24, não me sinto melhor, pior, nem ou menos capaz por cada aniversario que eu faço. Mas as vezes eu penso que talvez isso passe com o tempo e eu comece a me sentir diferente, ache que não possa mais fazer certas coisas e deixe de aproveitar alguns momentos da minha forma atual. Esse pensamento me tira um pouco a perspectiva.
“Ta pronta, Laís. Querem tirar uma foto da banda antes do palco.”
“Ah, beleza, só ajeitar o cabelo.”
A Clarice é incrível. 37 anos, filhos pequenos, que ela leva e busca da escola e ajuda nos deveres de casa. Toda tatuada, com dreads no cabelo, os maiores alargadores de orelha que já vi, é produtora de bandas. Esta é uma perspectiva de alternativa de futuro, uma opção que não não me da taquicardia em pensar. Eu detesto quando as pessoas falam que alguma coisa que eu faço é coisa de jovem. Velho é quem pensa, não são as rugas e não tem uma formula pra isso, você escuta um tipo de som aos 16, com 35 esta mais contido e depois tudo é barulho, você deixa as cores pra se vestir de forma sóbria e deixa de sonhar pra se tornar um reclamao conformista, sem chance!
Hora de palco, opa foto.
“Vem Laís! Sorriam, lindo!”
Adoro esses momentos impagáveis de turnê, as coisas mais engraçadas, estranhas, ridículas e até tensas. Bom que me dou bem com todos aqui. Streetlight chegando, foto com eles!
“Hey, Nice to meet you!”
Adrenalina a mil, falei com ídolos agora, palco pra milhares de pessoas que nunca vi, mas conhcem meu nome, minha musica e tiram fotos disparadas.

Voltar pra casa é... estranho. To cansada, não tive muito tempo pra pensar nisso ou fazer algo respeito. Também é bom de voltar, que organizo os pensamentos, vejo as fotos, vídeos, torro a grana.
“Falo galera, mau taxi chego!”
“Ate mais Zé!” Estranho porque agora só temos coisa marcada pra daqui duas semanas, nem sei o que os outros planejaram. Eu não planejei nada. Só sei que o Gui vai pra casa dos pais em Americana.
40 minutos de andar sobre 4 rodas depois, na garagem. To capotando e tem coisas pesadas pra carregar.
“Oi, Santos, tem mais alguém ai em cima? Posso te pedir um favor...”
“Pronto, que sorte a sua ter um irmão forte, que estava em casa agora!”
“Brigada irmãozinho querido!”
Agora eu vou hibernar, nem sei o que trouxe ou esqueci. Mas neste momento não tem importância., deitando 10:33 da manha, to me superando... tirar esses tênis, um banho iria bem, mas to sem forças mesmo, assim que levantar, primeira coisa.

13:47, to limpa! Nem posso dizer que dormi tanto assim. To com fome. Agora que me dei conta, não tenho o que fazer nessas próximas semanas, to tipo “de férias”. Que engraçado.
“Nossos pais não chegaram ainda?”
“O pai veio pro almoço, saiu ha dez minutos. Mãe só chega as 15:00, hoje é integral.”
“Ah. Tem almoço?”
“Eu descongelei macarrão. Tem carne de soja também...”
“Santos, serio. To com fome”
“Encomenda, faz, não é minha culpa.”
“Foi mal... o que você vai fazer esses dias?”
“Por que?”
“Sei lá, a gente quase nunca sai, to com dias livres.”
“Pois é, eu tenho aula.”
Cara sei lá se essas férias vão ser legais, agora que me liguei que a maioria das pessoas que conheço alem da banda e outras bandas que tão em turnê ou estúdio, não ta de ferias agora. Deixa pra lá, acabei de chegar.
O que será que tem no jornal hoje, noticias repetitivas, informações que não me fazem a mínima diferença. Programação cultural da semana, sei lá. Opa vai ter show do -------- esse final de semana, sempre bacana, vou ver quem quer ir.
“Vai pra pista hoje?”
“Sei lá, tenho um trabalho pra essa sexta e tá com cara de chuva.”
“Desculpas... Vamo rapidinho, se chove a gente volta.”
“Não é como se eu fosse realmente fazer o trabalho agora...”

Adoro os cabelos voando, o corpo apoiado sobre a prancha que desliza na pista, mais gostoso só no mar. O santos deve andar treinando umas manobras, eu só to pegando velocidade. Opa, não é que tem uns gatinhos por aqui, meu irmão conhece eles, serio?
“Santos você ta com meu celular? Tudo bem?”
“Aqui. Essa é a Laís, minha irma.”
“Opa, prazer, Hugo.”
“Léo... você toca numa banda de ska, certo?”
“Toco.”
“Bacana... chama a gente quando tiver um show.”
“Claro, deve ter alguma coisa por aqui mês que vem.”
“Beleza, a gente se fala. Legal te conhecer.” Eu é que adorei conhecer vocês.
“Tamo indo veio, prazer Laís. Falo.”
“Conhece eles daqui?”
“Na verdade o Léo eu conheço maio de vista.. o Hugo é dos eventos, amigo de uns brothers.”
“Ta, não fez a mínima diferença... eles vem aqui bastante?”
“Acho que toda semana, algumas vezes, eu não encontro sempre... ta interessada em quem?”
“Nossa! Não falei nada, só to conversando.”
“Legal, vamo volta então que passo mo tempão.”
Caramba, to tão indiscreta assim. Só achei eles bonitinhos, skatistas, conhecidos.
“E só pra você saber eles são veganos.”
“Você hoje ta impossível!”
E dai, qual é o problema? Ele não costuma ser esse tipo de irmão. E eu gosto de garotos do skate. Também, quem e que sabe do amanha?
“o que você vai fazer no final de semana?”
“Três baladas, competição, feira literária e um aniversario no almoço.”
“Ta importante você, hein?”
“Se liga, eu ate tenho isso tudo mesmo, também tem festival, noite da pizza, mas não vou em tudo!”
“Tem show do --- sábado.”
“Ce vai?”
“A Lu ia comigo, mas vai ter festa do primo e o Zé não deu certeza... quer ir?”
“Faz mo tempo que não vejo os caras... é caro?”
“Acho que tem pra estudante.”
Perfeito, tenho companhia, fica sussa pra ir de taxi.
“Eu posso ir no veg jantar, ver o show e pegar talvez uma das baladas, que é aniversario de um amigo.”
“Mas ai eu vou sozinha?”
“Ah, querida irmãzinha mais velha. Ou você vê com seu amigo, ou vem comigo na super programação!”

sonhadora insone
Enviado por sonhadora insone em 05/04/2010
Reeditado em 05/04/2010
Código do texto: T2178739
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.