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acordei, meio tonta, verifiquei a fronha do travisseiro, estava molhada. verifiquei o lençol, estava sujo. olhei pro lado, não tinha ninguem na outra cama, esperei escutar vozes, nada. abri a cortina e fiquei olhando pro céu, as nuvens se mechiam, tomavam formas, passavam. lembrei da noite de ontem, do meu jeito que te maltratou, das suas palavras que me machucaram, das minhas lágrimas, do seu Adeus. do meu estilete, meu sangue, da minha dor de cabeça, meu enjoô, do meu computador ligado sem respostas, do rádio tocando a nossa música, do meu desespero, da minha cama, meu cair na cama, entorpecer, pesar, aquietar e dormir. pensei no meu sonho, que você não fazia parte, que ninguém fazia parte, onde eu corria, corria, e voltava sempre para o mesmo lugar. o telefone tocou, me despertando dos meus pensamentos, corri pra atender, atendi, não era ninguem, desliguei. voltei pra cama, voltei pro céu, as nuvens velhas ja tinham passado, agora eram outras núvens, outras formas.. olhei no relogio, ja passava das onze, ninguém chegara, ninguém ligara, estava tudo do mesmo jeito, e o tempo passava, e eu deitada. chegava uma nova núvem, era forma de coração, ou eu tava vendo coisas? pensei em te ligar, mas desliguei o telefone. de novo, o desespero começa a tomar conta, precisava fazer aquilo parar. mas como? eu estava imóvel. eu queria me mecher, mas onde estão minhas forças? talvez o seu Adeus tenha levado elas embora. alguém bateu na porta, eu não estava sozinha. "Ta tudo bem? você ta passando mal?", "to bem" menti. "Fecha a porta". a porta bateu, agitou o vento, me arrepiei. eu estava só novamente, mentira, não estava, havia alguém ali dentro, do outro lado da parede, havia alguém por mim. mas eu ja não estava por ninguém. levantei, fechei a cortina, eram onze e meia, hora de dormir. enquanto isso, la fora, as núvens passavam ..