AS AVENTURAS DE DUDU E A SEITA DO DIABO (7)
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Quando Dudu abriu a porta da fazenda, esperou não encontrar ninguém do lado de fora. E realmente não havia ninguém lá. Parecia tudo deserto. Fanny e vovó Joana não estavam à vista. Dudu então começou a correr. E nunca correu tanto na sua vida. Porém, como sempre fizera o trajeto da estradinha de terra que levava da cidade até a fazenda no carro do seu pai, jamais imaginara que as distancias fossem tão grandes.
Dudu correu sem parar, o mais que podia, nos primeiros dez minutos. Na estradinha de terra não cruzou absolutamente com ninguém. Quando cruzou a porteira da fazenda, a estrada de terra continuava, e Dudu já estava completamente exausto e coberto de pó. Suando e sentindo o ar faltar, ele se recusou a sentar para se recuperar. Já sem conseguir correr e mal dando um passo após o outro, Dudu tentou calcular qual a distância ainda que faltava para chegar à cidade. Mas o cansaço era imenso, mal podia pensar. Não passava um carro ou alguém a cavalo para lhe oferecer uma carona. Seu cabelo era uma massa branca de poeira e nunca Dudu sentiu tanta sede na sua vida. Já perdera a noção das horas, esquecera o relógio em cima da penteadeira. Ele só esperava, sinceramente, que tanto vovó Joana como Fanny não se dessem conta da sua ausência tão cedo.
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O sol inclemente queimava as costas de Dudu. O suor escorria pelo rosto e lhe descia pelo peito. A camiseta estava encharcada e os tênis já estavam cheios de poeira. Dudu sabia que se não aparecesse alguém brevemente para lhe dar uma carona, acabaria com alguma insolação.
Quando menos esperava, Dudu avistou, de longe, a torre da igreja, que ficava bem no centro da cidade. Respirando aliviado, ele calculou que com mais meia hora de caminhada estaria chegando lá. E quando chegasse, a primeira coisa que faria seria se jogar na fonte da praça para aplacar o calor e se limpar da sujeira que tomava seu corpo. Depois, procuraria um telefone. Tinha certeza de que seu pai ficaria horrorizado quando descobrisse o que seu único filho fôra capaz de fazer para escapar das duas adoradoras do diabo.
Então, perdido nos seus pensamentos de fuga, Dudu só se deu conta do barulho do motor do carro quando este já se encontrava bem próximo de si. Ele nem acreditou. Era bom demais para ser verdade. Alguma boa alma se aproximava e com certeza teria pena dele o suficiente para lhe oferecer uma carona até a cidade, cada vez mais próxima. Já era possível ver os prédios da cidade, apesar do suor que lhe turvava os olhos.
O carro parou ao lado de Dudu. Sorrindo, aliviado, ele olhou para o motorista, quase lhe agradecendo por ter adivinhado seus pensamentos. Precisava urgentemente sentar. Porém, seu sorriso se transformou em uma máscara de horror. Fanny estava lhe abrindo a porta, com um sorriso maligno no rosto gordo e corado. Ela disse:
- Entre, Dudu. Sua avó está lhe esperando ansiosamente para almoçar.
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Dudu mal acreditou no que estava vendo. O sorriso de Fanny era a imagem da maldade e do deboche. A porta se abriu e Fanny insistiu:
- Você está com uma aparência terrível, Dudu. Não está tentando fugir de nós, não é?
As pernas fracas de Dudu quase dobraram de medo e cansaço. Sem saber o que fazer e sem forças para seguir adiante, Dudu não teve outra alternativa senão entrar no carro. Se tentasse fugir, seria uma presa fácil. Não teria escapatória. Fanny era bem mais forte que Dudu e naquele momento o garoto não tinha a menor condição de lutar com quem quer que fosse.
O trajeto de volta para a fazenda foi feito com Fanny tagarelando alegremente. Contou que vovó Joana já estava aguardando o neto para o almoço, que várias rosas haviam nascido no jardim e que o dia estava realmente muito, mas muito quente. Dudu mal escutava. Seus planos haviam dado errado, tão errado que sua vida agora corria um grande risco. Provavelmente elas tentariam envenená-lo. Portanto, Dudu, apesar do vazio do seu estômago, não comeria nada até ter certeza de que a comida não continha veneno algum.
O carro parou frente a casa e Dudu abriu a porta, saindo apressado. Não tinha intenção alguma de almoçar com elas. Estava subindo os degraus correndo, quando quase trombou com sua avó. Esta lhe sorria, amistosamente.
- Ah, você está aqui, meu querido. Dei falta de você e disse para Fanny “garanto que aquele danadinho foi dar um passeio e se perdeu”. Ainda bem que Fanny o encontrou. Mas como você está sujo!
Dudu respirou fundo várias vezes até conseguir responder, sem gaguejar:
- Eu preciso tomar banho antes de qualquer coisa.
Vovó Joana sorria sem parar. Retrucou;
- Isto mesmo. Vá tomar seu banho. Eu e Fanny esperamos por você.
... CONTINUA ...