Guilhotina
A minha janela está aberta, a porta do quarto também, sendo assim, mesmo do lado de fora, é possível ver o corredor e mais uma janela.
Da pra imaginar como é bom estar aqui, como eu me sinto em à vontade, como eu amo o ar fresco que corre por toda a casa, que é quase sempre vazia.
Eu vou deixar você entrar, mas você tem que estar ciente que minha intenção é completamente a vingança.
Eu juro que as minhas palavras serão as mais doces, e você, como uma formiguinha viciada em açúcar, vai correr, morder a isca. E quando estiver aqui, eu não vou deixar escapar.
Você será minha vítima, meu refém, minha cobaia, meu rato de laboratório, onde eu vou fazer todos os meus experimentos doentios.
Eu quero te fazer sofrer, por que assim, eu estarei me ocupando divertidamente. E quando você gritar de dor e me implorar por clemência, eu vou dar gargalhadas extrovertidas.
E quer saber? Não adianta você dizer que eu sou de lua, porque o sol nunca me atraiu mesmo.
Será que agora a sua certeza idiota de tudo pode me dizer o que está errado? Será que ela pode me dizer por que mesmo eu suando debaixo do sol mais quente, eu me sinto frio? Vazio, solitário. Solidão... Sólido.
Eu vou testar dormir. Mas agora, do único jeito que eu consigo imaginar.
Eu já abri meu laboratório, fiz todos os testes, você fingiu estar pacifico, me olhando incrédulo. Algumas vezes pediu que eu parasse, disse que sentia minha falta, e que precisava de mim.
Mas eu realmente preciso que você me entenda, eu preciso muito de um pouco de descanço.
Eu até prometo que te deixo descançar comigo, não diga nada, eu sei que você quer. Não precisa responder.
Eu achei a única maneira do descanço, venha comigo, e não te preocupa, ninguém vai ser culpado, afinal, minha gilhotina é automática.