Nina & Caio, Parte II
- Hum, quê?
Eu me fingi de desentendida e comecei a tirar o cinto de segurança. É porque vai que eu invento de sorrir e correr dizer um sim e ele tava zoando com a minha cara. Isso acontece em filmes adolescentes, eu já assisti.
- Eu tava pensando se você queria sair comigo amanhã, sabe?
Eu tentei juntar as idéias. Peraí, o Caio realmente estava me chamando para sair? Isso REALMENTE estava acontecendo? Acho que como eu fiquei parecendo uma idiota ele continuou, meio que se justificando:
- É que eu conheço um lugar que é a sua cara, Nina. A sua cara mesmo. E aí eu achei que seria legal você conhecer. Porque você gosta de lugares assim. – ele parecia nervoso. – Quero dizer, eu acho que gosta. Quero dizer, de lugares como esse que eu conheço. E, não precisa se preocupar, é como amigos, mesmo. Quero dizer, como amigos, sabe? E...
- Seria ótimo. – eu respondi sorrindo.
Ele estava nervoso. Por estar falando comigo! Isso não é fofo? E ele disse “quero dizer” várias vezes. Ótimo, isso significa que se eu quiser, eu posso ficar no controle da relação. É, eu é quem mando. Tá, isso soou maquiavélico. E não é porque O Príncipe, de Maquiavel é o meu livro preferido que eu sou maquiavélica. Eu sou uma pessoa sociável e de bom coração. Sou mesmo.
- Tá, que horas eu posso passar aqui pra te pegar então?
- Ah, não sei, que horas pode ser pra você?
- Às oito? – ele perguntou.
- Ótimo pra mim.
Me inclinei e dei um beijo no rosto dele:
- Te vejo amanhã. – e saí do carro.
Enquanto eu estava na portaria do prédio, dei uma olhada pro carro dele, que ainda estava parado na calçada. Ele sorriu pra mim pela janela aberta. Sorri de volta e entrei no prédio.
- Seu Pedro, não está uma linda noite? – cumprimentei o porteiro, um senhor de uns 60 anos, baixinho e bigodudo, porém simpático.
- Com certeza. Cheia de estrelas. – ele me respondeu.
Entrei no elevador e fui até o apartamento, sorrindo feito uma criança boba. Fala sério, EU NÃO SOU A PESSOA MAIS SORTUDA DA FACE DA TERRA?