SociElite - Indiscretas (Capítulo 3)
3º Capítulo
Um mundo arriscado
Blake parecia não estar a receber oxigénio suficiente para respirar, estava pálida e angustiada, Claire estava já a ficar preocupada, mas a amiga não lhe dizia nada.
Claire:
Blake, diz o que é que essa rapariga te disse para te deixar nesse estado?
Blake não conseguia falar, as lágrimas já lhe desciam do rosto, torneavam o queixo e desapareciam do alcance da vista.
Claire:
Por amor de Deus Blake, diz alguma coisa, ou eu vou ter que tomar providências e ligar a essa Dorf para saber o que te disse ela.
Com muito esforço, Blake conseguiu soltar algumas palavras.
Blake:
Eu não devia ter voltado.
Estou a destruir a minha vida e a dos outros, foi o que ela me disse. Disse que se eu me aproximar do Lance, manda alguém matar-me.
Claire:
Louca, está louca… Faz do Lance propriedade dela. Eu começo a ficar farta do seu exibicionismo. Olha, não tens que te preocupar com essas ameaças, é óbvio que diz isso da boca para fora.
Fosse de que maneira fosse, as palavras de Celina tinham deixado Blake muito triste.
Blake:
Não percebes, não é a ameaça que me deixa neste estado, mas sim o valor que passei a ter para ela. Por muitas coisas que tenham acontecido, eu gosto muito da Celina, fomos grandes amigas.
Claire:
Pois, mas acho bem que comeces a ver as coisas com olhos de gente, porque se continuas a agir dessa forma ela vai rir-se nas tuas costas e mais tarde não vai ter problema em rir-se mesmo à tua frente.
Reinou por ali o silêncio durante uns instantes, mas algo incomodava a prima de Blake.
Claire:
Blake, nunca me contaste o que se passou entre vocês as duas, não me queres dizer nada, sabes que podes confiar em mim.
Blake:
Não há nada para contar, a distância é que criou este ambiente entre as duas, perdemos a confiança que tínhamos uma na outra.
Claire:
Mas vocês não mantiveram contacto?
Blake:
Pouco.
Olha, eu não quero falar mais na Celina, acho que tinhas razão, talvez a nossa amizade tenha que ser esquecida de vez.
Claire:
Exactamente, mas não é preciso esqueceres-te do Lance só por causa das ameaças dela, priminha.
Blake, apesar da tristeza, conseguia dar ainda uns curtos sorrisos às provocações cómicas da prima.
Em Harvard Long Road, no centro de LA, Giorgio desesperava por companhia, tecendo palavras de segredos com o seu cúmplice motorista.
Giorjio:
Onde estará ela Maldrom? Ela não disse que esperaria neste local?
Maldrom:
Sim, senhor, ela afirmou que esperaria neste local pela sua chegada…
Giorjio:
Ando a arriscar demasiado por essa rapariga, nesta zona posso servir de isco para os jornalistas.
Maldrom:
Não se preocupe, não é usual sair neste carro.
Giorjio:
Ainda assim, não voltarei a fazê-lo, temo que me preparem uma cilada.
Giorjio aguardava a sua requintada companheira de ocasião, mas num local que lhe poderia trazer muitos problemas, o centro da cidade não é um qualquer subúrbio.
Maldrom:
Ali está ela senhor, ela já deu conta da sua presença.
Uma bela loira, com uns trajes dignos da alta sociedade dirigiu-se para o carro de Giorgio Fran Zeela, nem por um só minuto exibiu um ar de cumplicidade, nem tão pouco de entusiasmo, parecia vir para um negócio que lhe roubava o seu valioso tempo.
Mas um só deslize inevitável podia deitar tudo a perder naquele momento, pois enquanto se abria a porta de trás do carro pouco requintado para tais senhorios, Giorjio ficou bem visível a quem por ali passasse, e Celina DeTailla Dorf passava e bem viu o pai da ex-amiga receber a bela oxigenada no seu carro.
Celina:
O pai da Blake anda com prostitutas e deixa a dona Stabella com os seus cremes anti-erupções cutâneas em casa.
Pobre família…
Celina achou-se vingada ao ver aquela situação, mas não queria ser vista e apressou-se a trocar de via.
Maldrom:
Senhor, pareceu-me ver alguém olhar para o carro…
Alguém que conhece.
Giorjio:
Quem? Onde está essa pessoa?
Maldrom:
Ali. Parece-me a filha dos Dorf.
Giorjio:
Segue-a…
Celina seguia apressada, tinha-se apercebido da aproximação do carro, que entretanto parou ao seu lado.
Uma janela abriu-se e Giorjio cumprimentou a jovem.
Giorjio:
Celina?
Que bom ver-te por aqui.
Celina:
Senhor Fran Zeela, como está?
Giorjio:
Entra, e logo te contarei como tenho passado.
Celina:
Adoraria conversar consigo, mas entenderá que estou apressada para um compromisso.
Giorjio:
(Num tom sério)
Um compromisso adiável com certeza!
Celina:
(Forçadamente)
Claro.
Celina entrou no carro e sentou-se ao lado de Giorjio, do outro lado estava a loira com um sorriso malvado, encarando a jovem.
Celina:
Senhor Fran Zeela, não tem que se preocupar, eu não vou falar nada acerca do que vejo aqui.
Giorjio:
Sim, eu sei. Outra coisa não esperava duma jovem tão esperta como tu. Até porque perderias muito se o fizesses.
Celina:
A que se refere?
Giorjio:
Aquele teu namorado, o Lance, já todos sabem que está apaixonado pela minha filha, podes perdê-lo num instante.
Celina:
O senhor não está certo do que diz, o Lance ama-me, as revistas dizem isso de qualquer pessoa…
Não percebo porque é que me está a ameaçar, eu não tenho tempo para isto, deixe-me sair…
Giorjio:
Essa boquinha linda deve ficar bem caladinha, senão vais arrepender-te.
Celina:
Eu sou Celina DeTailla Dorf, o meu império é tão grande ou maior que o seu, poupe-me as suas ameaças que só me fazem rir.
Celina mostrava-se, como sempre, frontal, mas notava-se um grande medo nas suas palavras, nem ela estava convicta do que dizia.
Giorjio:
Com essa frontalidade não resolves nada, Maldrom tranca as portas, vou apresentar uma pessoa à linda top model.
Maldrom:
Com certeza senhor.
Loura:
Bem-vindo ao grupo, linda.
Celina estava, agora, apavorada, deixara-se apanhar numa teia de malícia, que a prometia a algo sujo.
A alguns quilómetros dali, em casa dos Sodoor, chegava uma visita inesperada.
Lance:
Claire?
O que vens cá fazer?
Claire:
Lance, avisa a tua namorada para se afastar da minha prima, ela não merece ouvir as coisas que a Celina lhe diz. A Blake tem um bom coração e fica magoada com a falta de consideração da tua namorada, e tu Lance, por favor, luta por quem gostas e desprende-te de compromissos falsos. (Vira-se e sai)
Lance:
Espera, de que estás tu a falar?
Claire:
(Voltando)
Descobre por ti, eu não sei o que se passou entre vocês os três, mas não fiques parado a ver a felicidade passar ao lado.
Claire foi rápida e esclarecedora… Lance tentava não perceber, mas ele sabia o significado da mensagem.
Pensativo, Lance não esperou mais que uns curtos minutos, enfiou-se num casaco de couro castanho e saiu porta fora com ar de determinado.
Stabella aguardava em casa a chegada da filha para uma conversa de conselhos maternais…
Empregada:
Senhora, vou fazer as compras, com a sua licença…
Stabella:
Vai, a cozinheira não chegou ainda porquê?
Empregada:
A cozinheira avisou que chegava mais tarde, mas já deixou parte do almoço preparado, e a Tizla vem só à tarde para me ajudar.
Stabella:
Está bem, vai lá…
…
Stabella estava um pouco indisposta, sentia sono, mas tinha passado bem a noite…
Puxou por uma revista e folheava com desprezo pelas matérias, enquanto caminhava em direcção à varanda central, mas um passo foi quebrado por um mal-estar. Stabella sentiu uma pontada na cabeça e num piscar de olhos estava deitada no chão da sala inanimada.
Blake caminhava nas ruas de LA em direcção a casa, Claire estava a telefonar-lhe.
Blake:
(Em tom de brincadeira)
Já estás com saudades minhas?
Claire contava-lhe a conversa que tinha tido com Lance e Blake reagia mal.
Blake:
Claire, não tinhas que te meter nisso, é um assunto só meu…
Claire continuava a justificar-se, mas Blake não queria ouvir.
Blake:
Não quero saber Claire, amanhã vamos conversar seriamente sobre isto, não gostei da tua atitude.
E assim desligou a chamada…
À entrada do prédio onde vive, Blake deparava-se agora, com alguns jovens fãs que imploravam por um autógrafo e por um sorriso seu. Sim, porque uma das imagens de marca de Blake Zeela era exactamente a sua boa disposição e o seu largo sorriso, estes fãs, por acaso não apareciam na melhor altura… mas ainda assim, Blake mostrava-se atenciosa e feliz.
O mesmo não aconteceu assim que entrou em casa e deparou com a sua mãe estendida na sala inconsciente. Sem hesitar chamou uma ambulância e também o seu pai, mas este não atendia, nem na primeira, e tão pouco à quinta vez. Blake não sabia o que fazer e estava desesperada, abriu as portas e as janelas, chamou os vizinhos do mesmo andar, pensando estar correcto.
Bombeiro:
Não devia ter alertado toda a gente sendo uma figura mediática, veja só a confusão que se instalou.
Blake:
Eu não sabia o que fazer, e não queria que acontecesse algo de mal à minha mãe por falta de actuação da minha parte.
Compreendida a justificação de Blake, a sua mãe era agora levada para o hospital e ela acompanhá-la-ia.
Longe dali, nos subúrbios da cidade, onde desfilavam prostitutas e dependentes, havia uma casa, mais sofisticada, embora longe da classe da alta sociedade, onde chegava Fran Zeela bem acompanhado.
Giorjio:
Maldrom, aguarda aqui… podemos ser breves, ou não.
Giorjio sorria para Celina com um falso olhar, a jovem milionária estava apavorada, olhando à sua volta, chorando só de ver aquele lugar desprezível.
Celina:
O que pretende fazer comigo?
Giorjio:
Eu? Nada … mas conheço alguém que vai adorar conhecê-la, jovem Dorf.
Celina:
Quem?
Os três entraram na casa…
Giorjio:
Dannyel, tal como prometi ao teu pai, aqui está uma jovem encantadora, toma bem conta dela, chama-se Celina Dorf e é um prestígio.
Giorjio era irónico nas suas palavras, Celina sentiu Dannyel aproximar-se e temeu qualquer gesto seu… mas o jovem também parecia nervoso. Com boa aparência, Dannyel era um jovem da idade de Celina, era também filho de milionários e estava ali para garantir a sua masculinidade.
Dannyel:
Eu sei quem ela é…
Giorjio:
Mas eu quero que saibas quem é, sem roupa… ok?
Giorjio parecia obcecado em fazer mal à jovem… seguiram todos para um quarto, onde Giorgio e a bela loura deram o primeiro passo no despir.
Entre beijos e carícias, o pai de Blake não se sentia minimamente constrangido ao fazer aquilo perto de uma jovem assustada.
Giorgio:
Então menina Dorf, mais crente acerca das palavras que deve usar quando fala com determinadas pessoas? Momento errado, reacção errada, compromisso errado. Mas estou certo que vai gostar do seu parceiro.
Dannyel, veja bem, ia dar-lhe este belo naco de carne (a loura), e afinal consegui trazer-lhe caviar, do que está à espera, aproveite, o seu pai ficará orgulhoso de si.
Dannyel:
(Assustado)
Mas…
Eu não quero avançar com isto.
Celina estranhou o comportamento do rapaz, mas não escondia um certo alívio. Giorjio é que estava a detestar a conversa.
Giorjio:
Estás a brincar comigo rapaz?
Eu trago-te a jovem herdeira da fortuna dos Dorf e tu recusaste?
Não me faças de idiota… eu fechei acordo com o teu pai e tu vais ter que o cumprir. Não vou perder tudo por causa dum miúdo com medo de perder a virgindade. Despe-a já…
Agora Dannyel juntava-se a Celina, e os dois escorriam lágrimas e suor de medo.
Dannyel:
Não, eu não sou capaz. – Soluçou.
Naquele instante Celina deu o primeiro passo e desceu o vestido azul petróleo que vestia.
Giorjio:
Olha só, ela até te ajuda…
Dannyel:
Não. Ela está a ser contrariada tal como eu. Deixe-nos sair…
Giorjio estava impaciente, num impulso segurou o jovem violentamente e exigiu que ele fizesse sexo com a rapariga.
Giorjio:
É a última vez que te aviso rapaz, ou fazes o que tens a fazer, ou faço-lhe eu com todo o prazer e depois resolves a tua parte com o teu pai.
Celina desesperava ao ouvir as palavras de Zeela, como poderia ser tão cruel?
Celina:
Não me toque, por favor…
Giorjio:
Diz isso ao teu amigo Dannyel, ou então estás comigo…
Dannyel:
Deixe-a… eu fico com ela.
Giorgio:
Mas quero ver isso agora…
Entre lágrimas e soluços, tremendo, gritando… estava o cenário construído, e não havia nada a fazer. Celina tinha-se entregue a um rapaz que não conhecia, e tudo isto por obrigação do pai da sua inimiga Blake.
Fim do 3º Capítulo
Agora que a história seguiu um rumo inesperado, o que devemos pensar?
Em breve o 4º Capítulo, com muitas confissões e emoções fortes!
Lacrima D'Oro