Hunters Life - Capitulo 2

Capitulo 2

Depois de duas noites sem dormir eu não tive nenhum sonho, estava tão cansada que dormi que nem uma pedra, tanto que acordei com o Alex batendo na porta.

-Saímos em duas horas!

Eu grunhi algum tipo de resposta. Acho que foi uma boa, porque ouvi os passos dele indo embora.

Levantei uns quinze minutos depois e fui direto pro banho. Desci uma meia hora depois com a mochila nas costas e a caixa do vestido, deixei as duas no sofá e fui pra cozinha.

-Bom dia.

-Boa tarde.

Olhei pro relógio na parede da cozinha. Eram 14:30.

-Eu dormi tanto assim?

-Quase um dia, achei que você tinha virado pedra ou algo parecido. Quem sabe um zumbi.

-Hahaha. Muito engraçado.

Blake e suas quase piadinhas irônicas.

-Escuta você vai demorar muito? Temos que ir.

-São cinco horas de viagem, a festa é só à noite.

-Diz isso pra minha mãe que ta me olhando feio á mais de meia hora.

Que medo, a Sue queria mesmo que a gente fosse nessa festa.

Comi o mais depressa que eu pude, não ia deixar ela mais irritada.

-Você podia fingir que quer ir.

-Mas eu não quero. Tudo o que eu quero é entrar e sair de lá o mais rápido possível.

-Quanta animação.

-Não é.

Eu tinha que concordar com o Blake, o Alex tava sendo muito pessimista em relação a essa festa. Não podia ser tão ruim ficar cercado de nobres bem vestidos.

Tudo bem que atualmente ele era assim em relação a quase tudo, principalmente em relação ao trabalho. Ele insistia que treinássemos sempre, repetindo o que saia errado até dar certo.

-Alex você devia tentar ser menos pessimista.

-Talvez. Quem sabe.

Às vezes eu acho que ele devia relaxar. Nunca da pra saber como ele ta, se ta realmente calmo ou pensando em qual vai ser nosso próximo problema. Parecia que ele tinha medo das coisas darem errado, de novo.

Depois de pegar minha mochila e a caixa, fomos pra garagem. Tinha três carros nela. O jipe do Blake, uma Mercedes preta e uma ex-caminhonete prateada.

-Vamos de?

-Precisa responder? Um jipe não é muito apresentável, e a caminhonete, bem. Não estamos indo pra um ferro velho.

-Ok. Já entendi, quer que eu me livre dela.

-Pensa bem, você vai fazer o dono de algum ferro velho feliz.

-Entra no carro.

-Não acredito que ficou ofendido.

Fala serio que ele tinha ficado com raiva. Depois que um lobo atacou a gente o carro ficou totalmente destruído.

O lobo simplesmente pulou em cima do capo e estourou todos os vidros com o impacto, sem falar que as pontas do capo viraram pra fora de tanto que afundaram.

Nem precisa dizer como o Alex ficou, o choque foi tão grande que ele derrubou o lobo com um tiro bem no meio da cara.

Nunca mais ele vai fazer isso, não com um lobo daquele tamanho.

-No que você ta pensando?

Ele entrou no carro e bateu a porta.

-Em quanto tempo você vai levar pra se livrar dessa lata, digo de verdade.

-Ta certo. Eu peço pro Phil dar um jeito nela antes de voltarmos.

-Nossa. Tudo isso porque eu aceitei ir pra essa festa com você?

-Pode ser.

Começamos a rir e passamos metade do caminho assim. Lembrar de coisas que já fizemos foi realmente engraçado.

Depois de seis horas e meia de viagem e uma parada rápida pra nos trocarmos, chegamos finalmente na festa.

Só o jardim da mansão era enorme, estava cheio de carros estacionados por toda parte.

Alex estacionou atrás de um Porshe.

-Você planejou isso não foi?

-Isso o que?

-Sabia que a festa ia começar antes de chegarmos.

-Talvez.

-“Uma parada pra você ter tempo de se arrumar sem ninguém perturbando”. Se me deixar sozinha perto de algum chato eu conto pra sua mãe.

-Não vou deixar você sozinha.

Assim que ele saiu do carro a minha porta abriu.

-Boa noite senhorita.

Um cara usando um uniforme visivelmente de manobrista abriu a porta e me ajudou a sair, Alex estava colocando o smoking e arrumando a gravata.

-Vamos?

Alex me estendeu a mão enquanto dava a volta no carro.

Quando olhei pra escada na porta senti um pouco de medo, subir aquilo com um vestido longo e salto agulha não ia ser muito fácil pra mim.

-Belo smoking.

Ele ficou meio vermelho com o elogio e eu peguei no braço dele. Precisava de um lugar pra me apoiar.

-Lindo vestido.Pronta pra enfrentar milhões de perguntas?

-Não.

-Vamos então.

Quando chegamos no salão tive a impressão de que ele ia sair correndo a qualquer momento.

-Calma, são só pessoas. Muitas pessoas.

-A maioria nem sabe porque veio aqui.

-Nós sabemos é isso que importa. Vem vamos procurar a condessa.

Nem precisamos procurar por muito tempo, logo um dos criados veio falar com a gente.

-Com licença. O senhor é Alexander Devereux?

-Sim. Eu gostaria de...

-Siga-me, por favor. A condessa deseja vê-lo.

Seguimos ele até o lado oposto do salão bem ao lado da orquestra onde havia um pequeno grupo de pessoas sentadas.

O cara que levou a gente até lá se curvou para falar com uma das mulheres que estava sentada. Ela se virou por um instante pra nos olhar e o dispensou.

-Qual delas é a...?

-Alexander, é um prazer conhecê-lo.

Olhei pra mulher a nossa frente, ela não parecia ter mais de trinta anos, usava um vestido longo verde meio solto. Ela tinha os cabelo negros presos em um coque e enfeitados por uma tiara que refletia as luzes ao redor.

-O prazer é meu, Lady Berwick.

-Quem é a sua acompanhante?

-Esta é Anne.

Ela arqueou uma das sobrancelhas enquanto nos olhava.

-Anne Soster.

-Interessante. Bom divirtam-se nos vemos em breve.

Ela se passou por nós e foi em direção à outra parte do salão.

-Ela é bem...

-Excêntrica?

-É, um pouco mais que isso talvez.

-Vem vamos dançar.

-O que? Quem é você e o que fez com o Alex?

-Se não quiser dançar comigo eu chamo uma das garotas que não para de olhar pra mim.

Olhei em volta, e fiquei meio assustada. Parecia que todo mundo olhava pra gente. E metade das garotas da festa olhavam pro mesmo lugar. Alex.

-Nossa. Isso assusta.

-Imagina a mim.

Ele me levou até o meio do salão e começamos a nos mover no ritmo da musica, como era de se esperar era uma valsa. Depois de algumas musicas menos formais, a orquestra parou. Automaticamente todos, inclusive o Alex, olharam pro palco onde estava a orquestra, eu fiz o mesmo.

-Boa noite a todos.

A condessa estava no palco, com um cara que devia ter a idade pouco mais que a idade do Alex do lado dela.

-Quem é aquele?

Sussurrei próximo ao ouvido do Alex.

-Não sei.

A condessa vez um discurso de uns quinze minutos e depois o cara começou a falar sobre os motivos da homenagem.

Depois disso a condessa falou mais algumas palavras e chamou o Alex no palco.

-Eu gostaria de pedir que o representante dos Devereux viesse até aqui...

-Droga.

Eu não tive tempo de dizer nada, quando percebi Alex já estava andando em direção ao palco.

Depois de entregar à ele uma placa com um tipo de brasão, Alex leu o discurso que o pai dele tinha enviado por e-mail. Depois fez o próprio discurso e agradeceu.

Quando ele desceu do palco varias pessoas o cercaram. Enquanto ele era assediado por vários nobres e etc, curiosos eu fui ate a mesa do bufe.

A mesa ficava do lado de uma janela enorme, dava pra ver boa parte do jardim, incluindo a entrada de uma trilha.