Crush - Parte II - Capitulos 7 e 8

Capitulo 7

Depois de quarenta minutos finalmente chagamos em casa.

-Finalmente chegamos. Vivian já pensou que dirigir mais rápido pode ser bom de vez em quando?

-Willian vá pegar as malas e pare de me encher.

Tive que rir desses dois. Era sempre engraçado vê-los discutir por esse tipo de coisa.

Nathan estava olhando a casa, não devia ter muitas casas tão grandes assim em Londres.

-Então o que achou?

-É uma bela casa, duas vezes maior do que eu imaginei.

-Vamos entrar logo antes que alguém congele.

Tia Viv interrompeu a conversa entre Nathan e tio Will e olhou pra mim. Eu devia estar tremendo muito e com o nariz vermelho.

-Minna se incomoda de mostrar a casa ao Nathan enquanto eu tiro as malas do carro?

-Não. Vamos?

Ele fez uma cara engraça e começou a se mover devagar com a ajuda das muletas em direção aos degraus da porta da frente.

-Quer ajuda?

-Eu estou bem, obrigado.

Fingi acreditar nele e fiquei um pouco próxima caso ele precisasse de ajuda.

Percebi que não poderia fazer nada alem de amortecer a queda caso ele caísse, já que ele era bem mais alto que eu.

Quando abri a porta senti o calor que vinha do interior da casa. Segurei a porta enquanto ele entrava. Sua expressão era como a de uma criança que entrava numa loja de doces pela primeira vez.

-A decoração é linda e é... Grande.

-Espere até ver o jardim durante a primavera. Vem, você tem que ver o cômodo mais aconchegante da casa.

-Qual?Não fica muito longe, né?

Ele era engraçado, falava como se a casa fosse um castelo com quilômetros de extensão.

-É por aqui.

Andei devagar ate a porta ao lado da escada do segundo andar e a abri.

-Pra onde vai essa escada?

-Leva aos quartos no segundo andar.

Ele fez menção de perguntar e eu logo respondi.

-São só seis.

-Essa pergunta devia estar estampada na minha cara. Muitos perguntam isso né?

-Alguns.

Tive que rir da cara que ele fazia. Era realmente muito engraçada sua expressão.

-Bem vindo à parte mais aconchegante da casa, a biblioteca.

-É... Enorme! Quantos livros, quadros e CDs têm aqui?

As feições dele eram de pura surpresa.

-São mais de 3 mil livros e muitas muitas fotos.

-Deve ter levado anos pra ter um numero tão grande assim.

-É. Meu tatara(...)avô começou a coleção.

-Quando foi isso?

-Não tenho certeza, no século...XVII(17). Ali ficam os mais recentes.

-Parece que todos aqui gostam muito de ler.

-É. Acho que deve ser genético.

Ele riu. E andou com dificuldade até uma das paredes cheia de quadros.

-Essa mulher, ela era...

Me aproximei dele pra ver o quadro, tive que dar a volta já que os ombros dele não me deixaram ver. (é triste ser baixinha).

Olhei pra foto que ele apontava, era da minha mãe.

Ele parecia ter reconhecido ela, mas de onde?

-Minha mãe. Beatrice Cole.

-Tia Bea. Era fantástica.

Ele deu um sorriso meio melancólico antes de desviar os olhos pra outro quadro.

-Você a conhecia?

-Aham. Ela era uma amiga da minha mãe, sempre ia aos meus aniversários quando eu era criança.

Aquilo era meio ruim de se ouvir, ele falando da minha mãe e eu sem ter lembranças dela.

Todos diziam que ela era a pessoa mais doce e carinhosa que existiu, sempre sorrindo. Ela era linda, tio Will dizia que éramos muito parecidas, eu nunca concordei.

-Esse sou eu!

-Onde?

Isso é impossível.

-Nessa foto. Sentado no colo de Bea, sou eu.

-Você já esteve aqui então.

Ele soltou um riso meio sem graça.

-Então vocês estão aqui?

Tia Viv sempre assustava as pessoas quando entrava devagar nos lugares, como agora.

-Tia Viv de quando é essa foto?

-Deixe-me ver.

Ela olhou atentamente para o quadro antes de responder.

-É do seu primeiro aniversário.

-Se é meu aniversário, onde estão você e o tio Will?

-Não tenho idéia. Venham, vou mostrar o seu quarto Nathan.

Capitulo 8

Subi as escadas me controlando pra não soltar nenhum gemido de dor, algo me dizia que eu estava sendo observado. Achei melhor não dar atenção.

-Esse é o seu quarto. Espero que goste. Minna escolheu a cor.

-É ótimo... Espaçoso. A cor é ótima, azul.

Meu quarto era enorme, com espaço suficiente para todas as coisa que pedi pra minha mãe mandar de Londres.

A cama era igual a que eu tinha no meu antigo quarto, a única diferença era a espessura da colcha que a cobria, devia ter uns 15 cm de espessura.

-Tudo o que precisa roupa de cama ou algo assim esta no armário. Vamos deixar você descansar a viajem deve ter sido exaustiva.

-Obrigado.

As duas saíram do quarto e fecharam a porta.

Olhei em volta, abri o armário e de cara encontrei o que eu queria,um travesseiro e um edredom.

Joguei os dois na cama e sentei. Depois de tirar o sapato. O único que eu estava usando tirei o casaco espesso que usava e me joguei na cama.

A primeira sensação que tive foi a mesma da noite depois do acidente, meu corpo inteiro dolorido e minha perna hora latejando hora sofrendo leves pontadas de dor.

Em pouco tempo a sensação de dor deu lugar ao cansaço e depois ao sono.

Acordei algumas horas antes do por do sol.

Me levantei devagar, senti uma pontada leve de dor, o efeito dos analgésicos devia ter passado.

Vi que minhas malas estavam em cima da escrivania, devem ter posto elas ali pra facilitar, minha vida.

Peguei algumas roupas e fui em direção ao banheiro tomar um banho.

Depois do esforço de meia hora consegui tomar banho sem molhar o gesso ou arruma outro hematoma.

Sai do banheiro e parei na frente do espelho ao lado da porta, pela primeira vez vi o motivo de todas as dores que eu sentia pelo corpo.

Eu estava cheio de hematomas e arranhões, os mais graves nas costas.

Como eu esperava a maioria dos arranhões já estavam quase sarados.

-Por isso doíam tanto.

Terminei de me vestir e resolvi procurar pelo meu celular, nem comecei. Antes mesmo de abrir a mala lembrei que eu estava com ele no bolso quando cai. Agora não devia ser mais que alguns fragmentos de plástico e outros materiais.

Resolvi descer e procurar alguém pra me indicar a cozinha, eu estava há mais de doze horas sem comer nada. Precisava achar comida logo.

Quando cheguei à sala alguém estava no telefone. Era Minna.

Agora ela estava menos agasalhada e com os cabelos soltos. Quem diria, ela era loira como a mãe.

-Nathan?

-Sim.

Vivian me deu um susto.

-Pensei que não fosse mais acordar hoje.

-É eu também.

-Você deve estar com fome, venha.

Não precisei responder. Meu estomago falou por mim. Vivian sorriu com a cara envergonhada que eu fiz.

-Mina saia do telefone!Você precisa comer também.

-Eu já vou! Não , eu não falei com você...

-Por aqui Nathan.

Segui Vivian ate a cozinha, que era enorme.

Toda branca com os eletrodomésticos prateados e moveis de mogno branco. Aparentemente bem equipada.

-Sente-se querido. Vou preparar alguma coisa.

Sentei na mesa redonda de oito lugares e apoiei minha perna numa das cadeiras.

-Você come alimentos de origem animal?

Fiquei meio chocado com a pergunta, normalmente as pessoas não me perguntavam se eu era vegetariano, apensa se desculpavam depois de me servir carne.

-Eu não como carne vermelha.

-Certo, então pode comer a panqueca de frango que eu fiz.

Apenas confirmei com a cabeça e comi quando ela trouxe.

Estava deliciosa.

Minutos depois que terminei de comer Minna entrou na cozinha, abriu e bateu a geladeira.

-O que houve?

-Nada.

Alguém estava mentindo.

-Passou horas no telefone falando alto com alguém, quase quebrou minha geladeira e não foi nada?

-Ah... Eu vou subir pra...

-Não precisa. Não é nada tia Viv. Nada de mais.

-Tudo bem então. Vou acordar o Willian, logo seu pai estará aqui para o jantar.

Assim que Vivian saiu, Minna se encostou na mesa e deu um longo suspiro.

Super normal.

Voltei minha atenção pra minha sobremesa.

-Você ta com sede?

-Hã?

-Comi a mesma coisa no almoço e tava com muito sal.

-Não eu, não to com sede. Eu acho.

Será que ela tava iniciando uma conversa?

A panqueca quase não tinha sal.

-Ah... Você ta legal?

- To ótima.

Sou eu ou tinha um certo rancor na voz dela.

-Certo. Ah... O que tem pra fazer aqui, além de ler livros é claro?

-TV via satélite.

-Isso é bom.

-É.

-Boa noite, crianças.

Willian entrou na cozinha... De pijama?

-Boa noite tio Will.

-Então Nathan o que achou da comida da Vivian?

-Boa.

-Sério?

Os dois perguntaram ao mesmo tempo incrédulos.

-É. Por que não?

Willian olhou pela porta antes de falar.

-Ela não é muito boa com as panelas.

-Não é o que parece.

-O que não é o que parece?

Um homem da altura de Willian, cabelos pretos arrumados(?) usando um blazer preto por cima de uma terno.

-Nathan?

-Sou eu.

Levantei a mão por impulso. Aulas com a Senhora Burton te deixar assim.

-Como vai? Da ultima vez em que nos vimos você tinha uns quatro anos.

-Vou bem. Apesar de quebrado.

-Bom saber.

Assenti com a cabeça.

-Então Will quais são as novidades?

Noah e Willian começaram a conversar.

Devem ter passado um bom tempo falando quando sai ainda riam de algo engraçado que Willian disse.