MENINO DE ABRIGO
MENINO DE ABRIGO
Menino de abrigo!
Sou eu? Não! Não sei. Na verdade estou confuso.
Nem sei quem sou
Se vim, se estou, se vou.
Dizem que fui recolhido de uma calçada,
E que eu surgir do nada,
Só sei que aqui amanheço,
Que aqui anoiteço,
E a vida passando rapidamente,
E com ela o meu EU menino...
Eu viajo num veículo sem destino,
Sorrio, choro e tento me entender,
Aqui vou crescer, mas, tento sonhar,
E no meu devaneio posso imaginar...
... Meu mundo, meu universo, minha estrela, seria minha mãe;
Meu amigo, meu companheiro, meu cúmplice seria meu irmão;
Meu protetor, meu defensor, meu guardião seria meu pai;
Minha paz, minha alegria, minha felicidade seria minha família.
Se não os tenho, onde estão?
De onde vim? Sou um sobrevivente?
Estou preso em minhas interrogações?
Queria gritar e expressar minha dor,
Queria poder exigir minha identidade, meu valor,
Você pode me ouvir? Não você não pode.
De que adiantaria gritar, se estou aqui trancado,
O mundo lá fora não pode me ouvir...
Não sou branco, nem bonito,
Não sirvo para adoção,
Mas brinco, faço amigos e mostro satisfação.
Sabe, olhando todos os coleguinhas também de origem desconhecida,
Fico me perguntando...
Somos frutos de alguma experiência mal sucedida?
Dizem que somos todos irmãos, filhos de um só Deus
Que conhece nossa razão,
Por isso deito feliz e na minha imaginação
Penso num mundo lindo preparado para nós,
Pelo dono da criação
Fecho os olhos e adormeço, feliz na minha oração.
Às vezes no meu desespero, ignoro, nem ligo,
O que serei, ainda não sei, mas serei !...
Só sei que sou um menino de abrigo.
Autor: Caetano Sousa