Sentimentos heroicos

Sentimentos heroicos

Para fugirem de seu líder carrasco, três sentimentos decidiram descobrir algo que pudesse tirar o temível soberano do poder. Para isso, deviam entrar no bosque proibido por ele. Lá estavam todos os segredos daquele ser tão desprezível por todos na vila. O Medo não quis ir de imediato, estava com medo, mas logo foi convencido pela Decisão. Já a Solidão achava melhor ir sozinha, pois detestava a companhia dos demais, no entanto, também induzida pela Decisão, resolveu ir junto.

O bosque tinha árvores gigantescas onde mal se via o céu; sua vegetação era extensa e abundante; as trilhas por onde se trafegava eram muito estreitas, os amigos tiveram dificuldades de andar sobre elas. O Medo entrou em pânico, a Solidão começou a se distanciar dos outros. Mas foi a Decisão que decidiu continuar o percurso e, outra vez, os convenceu a seguirem com o plano de expulsar seu líder do poder tirânico.

Ao chegarem ao final do bosque, deram-se conta de que valeria a pena atravessar toda aquela vegetação. Uma belíssima paisagem que eles não entendiam por que era tão proibida. Mais adiante havia uma cachoeira de águas cristalinas, com margens rodeadas por grama. Viram montanhas altas, que pareciam tocar as nuvens brancas.

A Decisão foi a primeira a entrar na água convidativa. O Medo hesitou, a água lhe parecia estar fria. Já a Solidão nadou até o outro lado da margem, perto de uma caverna de onde caía água, e permaneceu sob uma rocha. Apenas observando-a de longe, o Medo criou coragem e nadou até a amiga. A Decisão fez o mesmo, mergulhou e, de repente, apareceu para juntar-se a eles. Empolgado e cheio de coragem, o Medo, sem insistência, resolveu entrar na escura caverna. A Solidão achou melhor acompanhá-lo, além de desastrado, seu amigo podia correr algum risco. A Decisão, sem saber que decisão tomar, ficou indecisa e, enfim, resolveu ficar e esperar do lado de fora.

Dentro da caverna, os dois deram-se as mãos, não podiam ver absolutamente nada. Apenas os instintos lhes guiariam até acharem luz. E logo acharam. Numa parte alta da caverna, saía um feixe de luz, pelo qual foram guiados boa parte do caminho.

Enquanto isso, do lado de fora, ainda indecisa, a Decisão por fim decidiu ir ver o que estava acontecendo com os amigos, que tanto demoravam. Não muito depois, e ela logo os encontrou parados diante de um sentimento totalmente desconhecido: o Amor, aprisionado na caverna.

Intrigados com o que viam, os três se entreolharam vendo a triste cena em que se encontrava um sentimento tão desconhecido para eles e consequentemente para a vila.

Sem se conter de curiosidade, o Medo, sem medo, perguntou sua história e por que ele estava aprisionado naquela caverna. O Amor então respondeu que foi banido ainda muito jovem da vila pelo então líder, o Ódio e sua esposa, a Inveja. Sabendo que o Amor controlaria tudo e todos quando crescesse, eles decidiram aprisioná-lo naquela caverna escura e distante de seu povo.

Perplexa, a Decisão decidiu ajudá-lo a se libertar e dar a seu povo um novo líder. Então era esse o motivo por que todos deveriam ficar longe do bosque. Esse era o segredo do cruel Ódio e sua fiel esposa, a Inveja. Mas para expulsá-los da vila, antes era preciso ajudar o Amor, e para isso ela contava com a ajuda dos amigos.

A Solidão de imediato não quis se envolver, o Medo teve medo de o plano não dar certo e ser punido pelo rigoroso Ódio. Mas era preciso um pouco de esforço, para enfrentar o último desafio: vencer o Ódio e dar lugar para o Amor agir.

Sem mais demora, os três libertaram o Amor, agora ele era livre. Claro que o Amor ficou grato com o que os amigos fizeram, afinal, o Amor é sempre grato! Mas em seguida perceberam que o Amor tinha medo de enfrentar o Ódio, porque passara tempo demais na solidão daquela caverna escura, sem de fato conhecer seu inimigo.

Mas era preciso, dessa vez, deixar por conta unicamente do Amor. Apenas ele era capaz de vencer o medo que existia dentro dele, e acreditar que a solidão acabara quando fora liberto e que estava na hora de tomar seu posto, na vila dos sentimentos. Ele então decidiu voltar à ilha acompanhado do Medo, da Solidão e da Decisão. Porque graças a esses sentimentos tão simples, diferentes dele, tão nobre, fora liberto. Quanto ao Ódio e à Inveja, seriam expulsos do meio deles. Afinal, onde eles não estão, os outros sentimentos podem ser conduzidos facilmente pelo Amor.

Marciela Taylor (Marciela Rodrigues dos Santos )

Em dedicatória a:

Juliana Lopes

Ângela Denise

Marciela Taylor ( Marciela Rodrigues dos Santos )

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Os textos aqui publicados, salvo indicação outra, são dedicados às amigas Juliana Lopes e Ângela Denise

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Marciela Taylor
Enviado por Marciela Taylor em 18/11/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1929891
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