Não Importa a Cor da Pele
Estavam todos à mesa e percebi que o meu pessoal estava emocionado. Pedi que repetissem a história, e como gostei, resolvi dividir com todos vocês.
Um amigo passou nove anos morando na Argentina. Percebeu pra surpresa sua que nesse tempo só encontrara uma família negra. Essa família se tornou amiga da família do meu amigo, e como tinham filhos pequenos, passaram a marcar passeios onde todos se divertiam pra valer. Todos da família do meu amigo eram pardos. A filha do meu amigo casou por lá, e teve um filho que puxara em tudo à família paterna.
Esse menino gostava de beterraba, e por brincadeira o avô disse: Quem come beterraba, fica escurinho, escurinho. De tanto comer beterraba já estou mudando de cor. O menino arregalou os olhos, olhou de um pra outro, mas não disse nada. O avô não imaginou que o menino iria levar a sério. Toda vez que a mãe colocava beterraba no prato, ele nem chegava perto. A mãe insistia, e o menino não recuava de sua posição. A mãe resolveu falar com seu pai.
- Pai, o Zenille não quer mais comer beterraba desde que o senhor falou aquilo. A senhor tem que desmanchar isso.
O avô preocupado marcou um almoço, chamou também a família que tinha fortes traços africanos e na hora do almoço fez questão de servir o neto. O menino de apenas cinco anos, baixou a cabeça, pegou a beterraba, levantou os olhos e disfarçadamente olhava pra seu amiguinho de brincadeira que era moreninho, moreninho, e balançava a cabeça, colocando a beterraba de volta.
O avô percebeu que sem querer havia criado espaço para o preconceito, e olhando para o neto disse:
- Meu Zenille, naquele dia vovô fez uma brincadeira com você. Pode comer quanta beterraba que quiser nada vai mudar a sua cor. Quero lhe dizer que, a cor da pele de uma pessoa não significa nada. Não a faz melhor ou pior. O que importa é o que se tem aqui, ó – disse isso colocando a mão no peito do menino.
- Tenho orgulho dessa amizade que sentimos por nossos amigos negros, e você deve lembrar-se de preservar essa amizade, pois quem tem um amigo como você tem – olhou emocionado para o amiguinho de Zenille – nunca vai se sentir só.