Recomeçando a ser feliz

Saí pela rua, estava distraído. Minhas roupas, simples, que eram uma camiseta azul e uma confortável calça Jens, não combinavam com o cenário onde eu me encontrava, pois aquelas ruas eram cinza e quietas. Meus cabelos pretos e finos revoltados em decorrência do vento fresco daquele dia. Meus modos não poderiam ser definidos pela minha aparência, pois mesmo estando na moda e tendo um andar como de muitas pessoas que são chamadas de metidas, tinha uma popularidade na família por ser educado e correto, mesmo eu não concordando com isso, porque eu sou muito indeciso, e isto me faz prejudicar pessoas, não gosto de ser assim, mas aceito que todos têm defeitos e esse é o meu.

Ao virar a esquina encontrei alguém, na verdade não me recordava dela, mas começamos a conversar, ela perguntou como estava minha família e quando citou um amigo fui reconhecendo-a. Na minha cabeça, foi acontecendo uma cena que tinha acontecido há algum tempo atrás, onde tinha falado com ela pela primeira vez, no colégio. Logo, outra cena se formou, me lembro muito bem desta, pois era outono e muitas folhas caiam, e na praça em frente à escola a pedi em namoro. A cena seguinte que apareceu em meu pensamento não foi agradável, nossa despedida, quando deixei-a chorando, sem me importar com seus sentimentos e fui para uma faculdade que se localizava em outro país. E agora naquela esquina, quando a via novamente, me sentia envergonhado e triste, pois notei que ela estava feliz e eu não.

Pensei em ir embora sem dizer nada, mas sabia que não era o correto, por isso abaixei a cabeça e pedi desculpas, não a ouvi dizer nada, mas quando levantei a cabeça notei que estava chorando, ela somente me olhou e disse que estava com saudades. Fique paralisado por um momento, foquei seu rosto, e em seguida olhei as ruas, as que julgava ser quietas e cinzas, me perguntei o porquê dessa minha opinião, e comecei a ficar tenso, pois ali percebi que não eram as ruas, pois elas sempre foram daquela maneira e antes eu era feliz, eu não entendia o motivo da minha vida tinha se tornado tão triste e sem graça se as ruas ainda eram idênticas. Voltei ao rosto da mulher que estava na minha frente e ela sorriu, e naquele exato momento compreendi que precisava dela, nos abraçamos. E no fim daquela tarde ela me olhou e, sem palavras, mais uma vez sorriu, e então decidi que enquanto eu pudesse ver o seu sorriso continuaria lutando para ver as ruas coloridas novamente.

Paty Maia
Enviado por Paty Maia em 19/08/2009
Reeditado em 19/08/2009
Código do texto: T1762488
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