O teatro e o peidão

Zé: Rapaz, eu sempre morei na roça...eu num sou muito de saber das coisas não...tive pouco estudo, sabe......aprendi só mesmo a colocar o nome no papel mermo...

Certo dia...minha mulher chegou pra mim, isso lá na roça, e falou “Zé, vamo no teatro hoje”...eu, sem entender muito bem... “mulher, que coisa é essa?”. Aí ela respondeu: “Zé é onde tem muita gente...eles conta piada e a gente ri!”... “é um tipo um cinema...zé...cê nunca viu, fala não?!”.

Eu sabia mermo era tirar leite dos meus bezerro, que a gente tinha lá na fazenda...sabia nada de negócio de teatro...mas, eu gostei da idéia, sô!!! Fiquei matutando como seria, né?! Aí, eu fui me arrumar...peguei uma roupa que eu tinha faz tempo no guarda-roupa...uma blusa azul grande...bonita...vistosa..!!!.eu tinha saído com ela só uma vez, foi no velório do Tio Joaquim...eu tava bem arrumado...todo no jeito, sô...!!! aí, fomos..eu e a mulher...

Na entrada, cheguemo, entramo, fomos direto sentar lá..sentamos bem na frente, a mulher disse que era melhor, que a gente ia escutar direito...fiquei lá..

Começou o causo..uns menino novo rapaz...!!! tudo ajeitadinho...falando bonito...falando alto....todo mundo ouvia...era uma peça do Mazzaropi...achei bonita....num conhecia não...era pra ri mermo Tonho...!

Tonho: e aí?

Zé: rapaz...quando dá metade da peça...menino.!!..foi bem atrás de mim...só escutei o estrondo: “puff....!!!”...eu na hora arregalei o olho....a mulher me olhou....assim, assutada...eu disse de pronto: “num foi eu não mulher!!”...ela ficou assim meio desconfiada...eu fiquei quieto...num sabia o que fazer....fiquei encabulado, rapaz!!!

Tonho: e aí?

Zé: rapaz...passou uns 3 minutos...e veio de novo... “puff...puff..puff!!!”...rapaz...e veio foi uns três de uma vez....eu olhei assim... “eu não sou que almocei direito hoje”...e sabia que não era comigo...mas, eu tava curioso era pra saber, quem era o diabo do peidão...menino....fiquei curioso..!!!.o pior Tonho, é que a gente não sentia catinga não.!!!..só ouvia mermo o barulho....era o teatro todinho escutando aquele pipoco...e, o pessoal da cidade grande é tudo educado, né!...eles não falava nada não...minha mulher, ficava me olhando assim: “Zé, não vai fazer nada!!”...porque ela sabe que eu sou meio esquentado sabe...pensa...cê ta num teatro..um lugar bonito...ajeitado....gente arrumada...e aparece um diabo de um peidão...rapaz...eu fiquei embaralhado...doido!!!, aí, eu guentei as pontas, sabe, fiquei quieto....

Passou mais uns 5 minutos e veio de novo: “puff..puf...puf...puzttz.....!!!!!!!”...aí, eu não güentei não...minha mulher pegou no meu braço....eu, não quis nem saber...virei pra trás....e olhei...oh desgrama, esse seu cagado aí tá atrapalhando nós, cê num ta vendo, não?!! E a mulher doida, me segurando, me puxando...e o pessoal do teatro olhando pra mim...e eu olhando pra trás...procurando o inferno, e num encontrava...!!! só sei que ele tava nas minhas costas...mas não sabia quem era!!!! rapaz...eu dei de um gritaria... “esse peidão não pára não....a catinga, até que num incomoda...mas o barulho ta pra acordar até urso!!!”....e, nisso, o ator, lá encima do palco...olhou assim pra mim... “não é só o barulho não...a catinga também!!!” e, aventou as mãos na narina, e aquilo infestou o teatro todo, e começou gente levantar, por causa do cheiro...!!!, menino!!! nessa hora, eu não sei se o ator assoprou pro meu lado...mas, o mal cheiro veio pra nossas bandas...eu olhei pra Maria...tá vendo...cê num acha que é peido de verdade, não?!!! e o disgrama deve ter comido foi porco estragado...vai catinga assim do caramba!!!!....

arrab xela
Enviado por arrab xela em 16/07/2009
Código do texto: T1703232
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.