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A BELEZA DA PUREZA...

Pegou uma caixa de sapato, foi até o jardim e colheu a rosa mais bonita. Ainda pude ouví-la reclamar:

-Aiii, não precisa me morder, sua feia! – Disse ela para a rosa tão vermelha quanto o sangue que escorria do seu dedo branco de menina.

Senti dó pelo dedo espetado e graça pela zanga com a flor. Inocência de criança tratando a flor feito um animal ou alguém que se vinga numa briga...

E fiquei alguns minutos sem que ela notasse a minha presença, observando sua inocência... Inocência... Substantivo escasso ultimamente. Há ladrões para tudo neste mundo, ladrões de inocência não poderiam faltar, lógico!

Logo tratou de fazer aquilo que adora. Caçar joaninhas... Não adianta dizer que as joaninhas comem os pulgões das roseiras, que elas ajudam a manter o equilíbrio ecológico... Ela diz:

- Ah... Mas, tem tantas! Não fará mal, não... – E ri com aquela risada que só ela sabe e ninguém mais no mundo... Uma risada que me preenche como a sinfonia das Quatro Estações e fico e sou feliz por tê-la e por saber que apesar de doze anos conserva em si aquele ar pueril...

E fascinada pela graça do momento, para que ela não me ouça, sussurro:

-Sim, viva sua inocência, se permita ser pura, não tenha pressa, você é linda assim... Autêntica, barulhenta, inocente...