Desenrolar de um dia enrolado-capitulo 6

- É que esse bairro me lembra alguém.

Não dei atenção. Comecei a andar em direção a minha casa. A chuva, com sempre fraca, não incomodava. Ele vinha ao meu lado. Andávamos nem muito rápido, nem muito devagar. Minha cabeça estava longe e os pensamentos soltos, até que voltaram quando ele pegou minha mão. Continuei andando, com se nada tivesse acontecido mas com vontade de gritar “ Aí que graciiiinha ele pegou minha mão! Eu estou andando de mão dada com esse GATO!” Andamos mais alguns quarteirões em silêncio, meu cérebro dando voltas e eu sem pensar em algum assunto para conversarmos. Conseguia apenas pensar em nós dois. Senti a mão dele apertar a minha com mais força.

Então ele parou de andar. Virei-me com ar interrogativo. Ele se aproximou de mim, olhou direto nos meus olhos como se pudesse ler o que eu estava pensando. Fiquei incomodada com a intensidade daquele olhar, mas não consegui me desviar dele

- Olha Rafa, eu preciso te falar que...

- BERNARDO BESTOROKINA LIMA VASCONCELOS! O que você esta fazendo com esta ‘zinha’? Você, baranguinha, tira as patas do meu namorado!

Tirei minhas mãos das dele imediatamente. Ela tinha um tom muito autoritário.

- Namorado?! – Bernardo e eu perguntamos juntos nos encarando assustados.

- Isso mesmo. Não se lembra Bernardo? Outro dia mesmo você estava me fazendo juras de amor falando que me amaria para sempre, que por mim você daria o mundo, que eu era o mas importante pra você...

- O quê? Você está pirando? Eu nunca te falei isso.

- Mas deu a entender!

- Poderia até ter falado se você não tivesse colocado um par de galhos na minha cabeça há um mês atrás, ou sabe-se lá quanto tempo tinha aquilo

- Mas, mas, mas Bernardo, eu já te falei que ele me agarrou

- Conta outra, se você não quisesse não haveria nada! Eu vi que você bem que estava gostando...

Eu estava parada no meio dos dois, assustada ouvindo aquilo tudo. E confusa... duas mil coisas passavam pela minha cabecinha. Ah... Rafaela, tinha que ser... claro que o cara perfeito não poderia estar sem problemas com mulheres. E agora? Eu faço o quê? Meu santinho me ajuda! Depois de um pouco de reflexão achei mais inteligente sair dali. Discretamente continuei andando pelo meu caminho, estava quase no fim do quarteirão sim, um pouco decepcionada. Claro! Não tinha como o dia terminar bem tendo começado da maneira que começou. Ah, não acredito Rafaela, seus olhos enchendo que água de novo, eita essa TPM é fogo viu!

- Rafaaa... – virei-me e o gatinho vinha atrás de mim – espera aí!

- Não Bernardo, tudo bem, você esta com problemas, pode resolvê-los, eu vou indo, não quero te atrapalhar – virei-me e continuei andando mas ele não deixou, pegou minha mão e me fez desvirar, ficando de frente para ele.

- Ei, Rafa – ele recomeçou colocando a mão no meu queixo e levantando meu rostopara que ficássemos um olhando para o outro – aquela menina ali, a gente terminou há mais de um mês depois de eu vê-la ficando um ex-amigo. Não tenho mais nada com ela não, apesar de ela não aceitar isso muito bem – explicou ele confusamente – e você não me atrapalha, ouviu bem?! Não mesmo, é sério.

Não sabia o que falar, o que responder ou se deveria dizer alguma coisa.