O Desenrolar de um dia enrolado-capítulo4

Durante a aula, eu não conseguia me concentrar...

Se f(coração)=Rafa machucada e f(Rafa)=Solteira.Então quanto é f(0)?

Resposta: Uma Rafaela precisando de carinho. Eu acho que a solução desse problema seria um Bernardo lindinho e um Eduardo, mortinho.

A aula está durando uma eternidade. E se o tempo parou e ficarmos sempre presos na aula de matemática?Nããããããão!Eu quero mais dessa vida! Ar! Eu preciso de ar!

Mas felizmente, antes que eu pudesse ter qualquer ataque e cair dura no chão, o sinal tocou para o recreio.

É lógico que não poderia fugir delas por mais tempo, logo elas iriam vir reclamar seus direitos. Não pude me levantar da cadeira, pois fui abordada por duas garotas histéricas querendo saber por que eu tinha sumido e estava com aquelas roupas de velha. E o interrogatório não iria acabar nunca se eu não contasse cada detalhe. Então eu contei.

-Nossa, isso parece filme de amor!-Isa disse sonhadora.

-Tá mais para novela mexicana - disse Fá com ar entediado. -Eu não acredito que você não sabia que o cara mais gato do colégio é o filho do Malmir!

-E ele ta afim de você!

-Pára! Eu não sei se ele ta afim de mim, provavelmente ele não está..

- Ô Rafa!- gritou um Bernardo lá da porta.

-Definitivamente, por que ele estaria?- cochichou Fá no meu ouvido.

Virei- me sorrindo. Fiquei parada, estática onde eu estava,enquanto ouvia grunhidos da Isa e da Fá mandando eu ir para a porta. Não me movi. Ele cansou de esperar na porta e entrou na sala vazia, exceto por nós.

- Ei – ele disse tímido – Bernardo, prazer.

- Humm... Oi, Isadora

- Ei, Fabiane, prazer também.

Elas saíram da sala de súbito, sem que eu pudesse pará-las ou qualquer coisa do tipo.

- Ei – disse timidamente. Procurei um assunto mas não achei, por isso falei apenas- nossa, essa aula de matemática me estressou! – e acrescentei com os olhos brilhando – nó, tive uma idéia!

Ele me olhou interrogativo. Sai da sala andando rápido e segurando a mão dele.

- Mas... O que...?

- Cala a boca e me segue!

Saí abrindo buracos entre as pessoas, atropelando alguns distraídos, dobrando a direita, virando a esquerda, olhando sempre de esguelha para ver se ele continuava me seguindo.

Perplexo, ele estava sempre em meu encalço, sentia seu olhar me avaliando.

Finalmente conseguimos sair da escola.

- Que menina rebelde, fugindo da escola. Acaso você está querendo me levar para o mau caminho, Rafaela? – e me provocou com um sorrisinho de deixar sem fôlego.

- No mau caminho? Você já está. – provoquei de volta

- Ah, você acha?! – disse ele dando um passo maior e virando-se parando bem na minha frente.

Ai, não faz assim que eu fico toda confusa, se eu começar a gaguejar aqui, eu te mato Rafaela!

- Tenho certeza.

- Ah é?! –disse ele me encarando com os olhos sorridentes e com a boca semi aberta.

Sorri. Ele chegou mais perto... aí lembrei me que tinha que me apressar se quisesse fazer o que eu realmente queria fazer por que o recreio durava apenas meia hora. Peguei a mão esquerda dele, me aproximei, desviei-me do corpo dele e continuei andando rápido, ele atrás de mim. Subimos dois quarteirões e no final desse segundo o Bernardo, já inquieto perguntou:

- O que você quer, hein, menina? – de modo maroto

- Pense no lugar mais lindo que você já foi em toda sua vida – falei com ar divertido.

Surpreso com a minha resposta, ele se calou. Então segurei-o pela mão e o guiei até um portão no qual abri sem cerimônia

- Esta aí. “A praça!”