O Desenrolar de um dia enrolado-capítulo2

Estávamos caminhando pelo corredor a caminho da sala onde iria passar a eternidade fazendo exercícios quando minha salvação chega na forma da professora de português; a melhor professora de todas! E é claro, o professor de biologia, um pai solteiro, estava louco por ela.

“Mas o que vocês estão fazendo? Rafa, por que você está assim?

“Essa mocinha...”

Ah!Mas eu não ia dar a chance de ele queimar meu filme. Não com a fessora de português. Então eu o atropelei.

“Fessora, você não acredita, meu ônibus... tava chovendo... caí na lama... fui assaltada!

“ASSALTADA?!?!?!?!”

“Sim, fessora! À mão armada!”

Fiz minha melhor cara de cachorro abandonado. Não teve erro!

“Mas você vai comigo agora!! Nós vamos ligar para seus pais, vou te dar umas roupas e você toma um banho no vestiário.Pobrezinha!”

Enquanto isso o professor de Biologia ficou parado, abrindo e fechando a boca. Ele continuou assim enquanto nos afastamos.

Chegamos à sala da diretora, que, para variar, não estava. A professora me pediu para me sentar ao lado de um garoto jogado no banco. Me arrumei como pude no banco, enquanto a fessora ia ligar para minha mãe, mas não deu muito certo e o garoto acordou:

“Não mate ele!”

“O QUÊ?!?!”

“Meu dedo! Você ta em cima dele!!”

“Aaaah!! Desculpa!”

Fiquei vermelha agora.

“Nossa!Que cheiro é esse?”.Ele começa fungar e vem direto na minha direção. Agora , eu fiquei roxa!!!

Despenquei no choro, e ele começou a ficar apavorado.

“Olha... se é por causa do meu dedinho, fica tranqüila... ele vai sobreviver!!!”

Eu comecei a encara-lo, e de repente me deu vontade de contar tudo a ele. E contei.

“...aí chega aquele idiota, velho, feio e rabugento do fessor de Biologia e quer me punir...”

Ele arregala os olhos. Deve ter ficado impressionado com tudo que passei.

“Rafa, vem cá! Sua mãe quer falar com você.”

Então me levanto, aceno com a cabeça e me fecho na sala da diretoria com a professora de Português, que pergunta:

“Então vocês já se conheciam?”

“Quem?”

“Você e o filho do professor de Biologia.”

“Hã?! Quem? Como assim?”

“O Bernardo... filho do professor Almir, de Biologia...”

“Ahm?! Então aquele é o filho do Almir?... Que ótimo! Não sabia.”

Estava pasma! Como assim? Eu tinha acabado de acabar com o professor de Biologia com um desconhecido que, por acaso, é filho do meu arqui-inimigo! Fazer o quê agora né?! Tarde demais. Mas tudo bem, era um desconhecido...mais ou menos... pois o cara ficou sabendo da metade da minha desventurada vidinha...

E ele era gato... nossa ele era lindo... núúúúú... ele era maravilhoso!

Aqueles olhos verdes com o olhar acolhedor; a pele com um moreno bronzeado; o cabelo cor de mel, arrepiados com gel; a boca vermelha e uma voz linda, me ouviu com tanta paciência... mas na hora de ele falar a Claudia me chamou. Ah... que desanimo.. a hora é a mesma a que eu tinha xingado o prof. Mau-mir...

“Oi mãe...calma... ta tudo bem... eu to calma, mãe... tá bom... eu sei mãe.. ta jóia... eu vou ficar bem, fica voce também... Amém!”, e desligo. “Vou ficar aqui no colégio Claudia. Minha mãe e meu pai estão em horário de trabalho e meu irmão, Miguel, tá na faculdade.”

“Tudo bem então Rafa. Vá tomar um banho. Tome essas roupas, acho que vão te servir. Depois você volta aqui se precisar, OK?"

“Tudo bem, obrigada!”

Abri a porta e... putz... o menino ainda estava lá! Acho que já estava rosa só de ver aquela situação... ele sorria com um olhar fixo, parecendo rir de alguma coisa...estava lindo! Passei e fechei a porta fazendo barulho. Ele “acordou” e me encarou. Passei encarando-o também.

Não falei nada, nem tinha o que dizer. Pedir desculpas pelo o quê eu realmente penso? Não mesmo! Mesmo sendo o pai do gatíssimo. Saí correndo para o vestiário para que ninguém me visse naquele estado.

Cheguei e fui para o primeiro box que vi... agora adivinha?! A água do chuveiro estava gelada... tarde demais! Tomei banho assim mesmo. Acabei de tomar, me vesti, penteei o cabelo e saí do vestiário. E quem estava ali na porta? Sim, ele mesmo: Bernardo, o gato!