TRÊS VIRA SEIS ACABA...(republicação)
O dedão ficava pela metade.
Era gostoso jogar dois contra dois em forma de campeonato.
Ou quem ganha fica.
Mede quatro pés, coloca duas pedras e estava pronto o gol.
Melhor atacar para baixo no primeiro tempo.
Engana-se quem pensa que para baixo o santo ajuda.
A bola corre mais.
Não vale gol antes do meio campo.
Para como está que vem vindo um carro.
De vez em quando passava um. Muito de vez em quando.
A rotina era escola de manhã e futebol na rua, à tarde entremeado por um campeonato de botão.
Nem percebíamos que a cidade e nós crescíamos.
O asfalto, de repente, substituiu o chão de terra.
O vizinho que furava bolas morreu.
Ficamos tristes com isso. Nem jogamos naquele dia.
Estávamos sentados sonhando com o que faríamos no ano seguinte...
Entrei na USP...
Eu no Mackenzie...
Vou para a FEI...
Cursinho de novo, lamentou um...
Os quatro remanescentes se olharam.
A página estava se virando.
Não sei de onde surgiu a bola.
Trocamos as duplas diversas vezes até que escureceu definitivamente
Não me lembro quem fez o último sexto gol que encerrou a última partida.
Será que alguém guardou a bola?
Depois...
Cada um para sua casa.
Cada um para sua vida.
Onde andarão os outros três?