INSTATÂNEO MOMENTO

Da minha janela vejo...

E não quero parar de ver...

Refletida no asfalto, parem...

Todos os carros

Todos os pés, rodas e andantes...

Voltem-se a atenção

Deixe-a nascer no asfalto...

Bela...

Da minha janela uma visão

Refletida no asfalto me faz ver...

Ela

Rompendo o grotesco chão...

Tragam o violão

Batam em palmas ritmadas em canção de niná...

É preciso deixá-la sentir

A sua existência...

E na ciranda de improviso

um aviso vazado de momento instantâneo

nasceu ali a rosa do asfalto

a rosa esperança, urbana

a rosa que faltava.

Eu, em minha janela, via

que do olho do menino

uma lágrima rolava

aguando a rosa nascida.

A inocência pueril aflorada

Na sensibilidade de presenciar

Nascer, ali, no asfalto

A rosa da esperança, da sensibilidade.

Parem carros, rodas, andantes

Parem o barulho, a conversa, a falta de cordialidade

Neste momento dorme a rosa

Esperança de coração mole, entendimento, solidariedade.