Trícia (parte 9)
O parque Felhim, não ficava muito longe, porém quando se está com pressa parece que a distancia aumenta!
Trícia estava sentada junto o chão da parede externa do vestiário, ela estava tão nervosa que apertava suas mãos, batia os pés com força no chão e às vezes batia a cabeça de leve na parede. Não via a hora que o senhor Gold chegasse, não via hora que pudesse contar tudo aquilo para o tal garoto, e receber algum conforto.
-Trícia!- Chamava a mãe a procurando.
-Ela ta ali ó! – Apontou Rony o primo.
-Trícia, o que pensou que estava fazendo?
Trícia não se moveu, ficou parada como se não houvesse ninguém falando com ela.
A mãe agachou perto dela dizendo:
-Eu sei que você não gosta de ficar na piscina rasa, mas é para o seu próprio bem minha filha! Acha que a mamãe faria alguma coisa que não fosse bom pra você, meu amor?
Ela não disse nada.
-Olha pode dizer que eu sou brava, e que eu... Quer saber? Eu sou sua mãe, e sei o que é bom pra você Trícia! E digo você sendo como é não pode nadar em piscinas fundas, oras!
Senhor Gold chamou de longe:
-Trícia!
Ela se levantou e foi ao encontro dele sem nada dizer.
-Olá Trícia! –Disse o tal garoto.
-Olá... –Disse ela quase estourando em lágrimas.
Percebendo toda a situação, senhor Gold disse:
-Vão indo pro carro que eu já vou.
Há essa hora Trícia já estava em meio a um abraço de consolo, em seu mais novo amigo.
A mãe de Trícia estava deitada em uma cadeira, tomando sol. Senhor Gold chegou dizendo:
-Com licença senhora Zoely, será que poderia falar com a senhora um minuto!
-Ah... Agora?! Por favor, senhor Gold, não me diga que quer um aumento salarial?! –Disse a mãe não dando muita importância.
-Quem dera, até que não seria uma má idéia! Mas não é sobre isso que gostaria de falar!
-É sobre a festa do Fabinho não é? Você cancelou o salão acidentalmente, como da outra vez! Já lhe disse que quem cuida desse setor é a Sendyle! Da outra vez fiz em salão menor de ultima hora, e o meu Fabinho ficou chateado comigo pelo restante do ano! Por favor, hein?! Festa em casa é coisa de pobre! Não quero que meus convidados saiam insatisfeitos!
-Não senhora, não é sobre a festa do Fábio que quero falar!
-É sobre o que então?
-É sobre Trícia.
-Trícia? O que tem a Trícia?
-Senhora Zoely, Trícia não anda muito contente com suas atitudes...
-Ah pelo amor de Deus! Trícia é uma garota mimada... Está apenas fazendo cena.
-Pense o que senhora quiser. –Disse o mordomo se levantando. –Sabe senhora, se continua menosprezando Trícia, só vai fazer que ela crie uma imagem horrenda da senhora, acho que não é isso que a senhora quer, não é?
Ela entortou a cara, pôs os óculos e deitou-se na cadeira.
Quando senhor Gold chegou ao carro, encontrou Trícia já bem melhor, embora ainda com algumas lágrimas no rosto.
-Vamos para onde senhorita Trícia? –O indagou.
Trícia enxugou o rosto, e como por mágica começara mais uma visão repentina dessa vez bem mais nítida, mas com pouca duração. Virando-se para o mordomo disse:
-Vamos ver o doutor Jobik.
Ao chegar ao consultório do doutor Jobik, um problema!
-Desculpe senhor, mas o doutor Jobik viajou para uma reunião que tem como assunto central um blecaute memorial. Ele está em Nova Jersey, gostaria de marcar alguma consulta com ele?
-Não obrigado. –Disse Senhor Gold, desanimado.
Quando ele ia saindo, a recepcionista indagou:
-Você é o responsável por Trícia Zoely?
-Sim, sou eu.
-Ele deixou esse envelope para que eu entregasse para o senhor. É sobre a tal garotinha!
-Sim, sim, obrigado! –Disse senhor Gold mais do que contente!
A recepcionista deu um sorriso simpático. Ele saiu quase que saltitando de felicidade! Chega até o carro onde Trícia e o garoto esperavam.
-E Jobik? –Indaga o garoto.
-Está viajando.
-Não, você está brincando, né? –Indagou Trícia desesperada.
-Não, Trícia é verdade!
A garota se viu sem esperanças.
-Mas ele deixou isso pra você!
-O que é? –A indagou tateando o envelope. –Vamos, quero abrir em casa.
Quando o carro estacionou na garagem residencial dos Zoely, Trícia saltou dele com envelope na mão, e correu para a sala de estar.
-Hei Trícia, espere-nos! –Pedia o garoto.
Minutos depois estavam na sala de estar, sob grande pressão e curiosidade, Trícia mantinha o silencio, e o envelope fechado, até que o mesmo foi dado ao senhor Gold, para que o abrisse:
-Abra senhor Gold.
Ele sorriu, era bom que pelo menos alguém confiasse e o considerasse tanto. Antes de abrir o envelope não deixou de reparar o sorriso de Trícia, então disse:
-Vejo que já está melhor senhorita Trícia!
-Sim, mas não faça cerimônia, estou ansiosa!
No verso do envelope uma mensagem, que obviamente não era para Trícia.
-“Gold, este é meu telefone, se caso quiser telefone: 9199 7777.” - Leu senhor Gold.
-O que? O Senhor Jobik quer que o senhor ligue pra ele? –Indagou Trícia surpresa.
-Não, isso é o que a secretária recepcionista louca dele escreveu... –Explicou senhor Gold corado de vergonha.
Trícia e o garoto riram, mas não havia o que esperar que ele abrisse logo o envelope, não dava mais para esperar.
Abrindo o envelope, agora sim os resultados dos testes de Trícia.
-Então, o que diz?
Silencio. Senhor Gold se encabula.
-Não entendo esses riscos! –Disse ele.
O garoto pegou os papéis dizendo:
-Não são riscos, são senhas...
-Senhas? –Estranhou Trícia.
-Chamamos de senha, mas na verdade são resultados. E de acordo com eles, confirma minha suspeita! Trícia você não é cega de nascença e sim ficou cega por ter a inteligência aguçada ao anormal.
-Então, isso tem cura? –A indagou.
-Sim. Aqui nesse diagnóstico diz que você não deve esforçar a mente, ou seja nada de ficar tirando umas respostas do além, que você não sabe de onde vem mas sempre estão corretas.
-Como deixar de fazer isso? –Indagou-a. - Hei como sabe que tiro respostas do nada e que sempre corretas?!
-Simples Trícia, você não erra uma. E além do mais, eu conheço alguém igualzinho a você.
-Seria mais fácil se você regredisse de série dois anos... –Começou o garoto.
-Dois anos?! Não posso! É muito tempo, e eu me sinto confortável na série que estou.
-Na verdade aqui no diagnóstico diz quatro anos. –Diz ele. –Mas sei que você não querer fazer isso.
Trícia pensou, pensou e depois disse:
-Sexta série... Doze anos, hum... Não posso! Preciso pensar, já fiz a sexta série há muito tempo... Voltar? E se eu continuasse na série que estou e aprendesse a controlar a minha inteligência, pra que ela não interfira na minha visão?
Senhor Gold e o garoto se olharam e deram um sorriso, haviam encontrado uma solução!
-Ok Trícia, só que isso vai custar-lhe muito preparo mental e muita força de vontade. –Afirmou o garoto.
-O pior é fazer tudo isso sem forçar a mente. –Afirmou senhor Gold. –Conlicença, tenho que acabar de dar as coordenadas sobre a festa do seu irmão.
(continua)