“Através do Tempo” cap. 2 – “Rumos diferentes, Destinos iguais” part II

“Através do Tempo” cap. 2 – “Rumos diferentes, Destinos iguais” part II

As nuvens se juntavam no céu, uma benção para os agricultores, mas essas chuvas não iriam ser aproveitadas do modo que deveria, uma leve brisa já cobria as colinas de toda a extensão da Grande Cidade, o som dos cascos ecoavam agora nas ruas desertas da vila próxima a cidade. Os cavaleiros escoltavam um grupo de viajantes que corriam o máximo que podiam para acompanhar a sua escolta.

O grito de guerra Wahg já podia ser ouvido de qualquer parte da vila, os companheiros se apresavam, Joshua por algumas vezes até parava de fingir estar doente para poder correr e não matar o primo e o amigo de cansaço de carregá-lo.

Cruzando toda a extensão da vila eles começaram a ver a colina descendo, a grande cidade ficava entre quatro colinas, sendo cercada completamente por elas, a muralha sólida e larga se faziam uma linha de proteção eficaz através do tempo. A Cidade há tempos tinha sido usada como fortaleza romana, sua muralha e estrutura eram construídas de pedra branca e tinha o formato de uma lua crescente, a parte de trás da cidade era protegida por uma muralha composta de estacas e barro, com paliçadas para posicionamento das tropas e vigias. Assim que começaram a jornada da descida os cavaleiros fizeram um sinal para os atalaias postados nas quatro pequenas torres da muralha, que já soaram os sinos de alerta de ataque.

- Vai ser difícil conseguirmos alguma coisa com toda essa movimentação – falou Andrew parando para respirar assim que iniciaram a descida – Já vai ser difícil conseguirmos ficar livres lá dentro.

- Não se preocupe, se eles estiverem sob ataque de algum inimigo a ultima coisa que iram fazer é se preocupar conosco. – diz Joshua se agachando no chão para não parecer que teve uma recuperação espantosa de sua doença.

- Devemos ficar espertos com o que vai acontecer, sabem que não podemos vacilar em nenhum momento. – olhava Joel para os guardas que já estavam a alguns metros de distancia.

- O que iremos fazer então? – olhou Andrew carrancudo.

- Ainda não sei, precisaremos agir rápido, só espero que esteja tudo bem com os outros.

- Eles estão bem, o Heitor é o conhecimento, Natanael a experiência... – começou Joshua.

- E o Kyle a loucura. – retrucou Andrew

- Às vezes todos nós precisamos de um pouco de loucura e até é uma boa saída para esconder ou até se libertar de seus medos e frustrações, cara. – Diz Joel já ajudando Joshua a se levantar – E se tratando do que estamos vivendo e o que vamos enfrentar, queria ser um pouco mais louco.

- Eu sei.... Eu só não... – tentou falar Andrew, mas foi cortado por um som de uma trombeta. – É melhor irmos logo ou vão achar que estamos tramando algo.

- E não estamos? – ri Joshua enquanto tomava a posição de doente novamente.

Juntos eles rumaram seguindo os guardas, os portões da cidade já se abriam e várias tropas armadas já saiam e entravam em formação. Um grupo de cavaleiros liderava o pequeno exercito, eles começaram ao som das trombetas a marcharem colina acima em direção da vila. Uma garoa fina começava a cair fazendo a temperatura cair ainda mais naquela manha, a respiração dos cavalos podia ser vista pela fumaça que saia de suas narinas e boca, o clima tenso dominava toda a cidade.

Chegando aos portões os companheiros ficam de frente para todo o exercito que aguardava as ordens de seus comandantes que naquele momento recebiam o relatório dos batedores que acompanharam os amigos até a cidade. Eles estavam afastados do grupo e mesmo que tivessem perto dos jovens seria impossível ouvir algo de sua conversa pois o barulhos dos cavalos da divisão de montaria do exercito era enorme. As placas de metal colocadas como armaduras nos cavalos balançavam e chocavam-se entre si produzindo barulho parecido com uma banda de marcha de dia da independência tocando somente com panelas.

Um dos oficiais se aproximou do grupo, ele trajava uma capa verde escuro que agora parecia mais preta por estar molhada, sua armadura era uma cota de malha que estava bem polida e reluzente. Ele usava um elmo fechado que lhe cobria completamente o rosto com exceção dos olhos azuis que brilhavam na escuridão de dentro do capacete, no topo do elmo uma crina que parecia de cavalo branco balançava mesmo molhada.

- O que vieram fazer em nossa cidade viajantes? – Perguntou ele sem desmontar de sua montaria.

- Estamos atrás de ajuda para nosso amigo senhor, ele não está bem, teve surtos de melhora, mas piorou quando estávamos no porto de Lithrin. – respondeu Andrew com seu bom inglês.

- Gostaria de saber mais sobre sua viagem, mas infelizmente as condições não nos permitem. Não poderei libera-los para entrar na cidade a menos que sejam como prisioneiros, pois não posso desconsiderar a possibilidade de serem espiões.

Andrew estava se preparando para defender a si e seus amigos mas foi cortado pelo homem.

- Podemos estar enganados, eu sei, mas não correremos o risco. Podem entrar na cidade, des de que sejam nossos prisioneiros.

- E quanto ao nosso amigo? Ficaremos na prisão esperando ele morrer? – Diz Joel tentando passar o tom de dor em sua voz.

- Nossos curandeiros dirão o que vocês deveram fazer com ele, asseguro que faremos o possível para que ele não pereça.

- Obrigado meu senhor. Então podemos ser levados, são somos espiões e estaremos sob suas ordem caso deseje.

¬O homem fez um sinal de aprovação para os jovens e sinalizou para outros 2 guardas que aguardavam sob a soleira dos portões.

- Eles os levarão até a suas selas, caso necessite de vocês os mandarei chamar.

- Sim senhor, qual seria o nome de nosso senhor?

- Sou Cyning Cerdic, Comandante dos Exércitos da Cidade de Londinium, principal cidade atacada pelos Pictos, que são conhecidos como Wahgs. - o comandante levantou a frente do elmo mostrando agora o rosto jovem com marcas de cansaço, os olhos ainda emanavam uma jovialidade que seu rosto não demonstrava mais, possuía uma barba castanho claro, bem cortada lhe fazendo parecer mais um lord do que um comandante guerreiro.

- Obrigado Comandante Cyning Cerdic. – Os jovens foram acompanhados pelos guardas, o comandante fechou novamente o elmo ainda possuindo uma expressão pensativa enquanto via os 3 rapazes serem acompanhados pelos guardas.

A cidade estava parecendo um formigueiro, muitos soldados pelas ruas estreitas, camponeses levando suas carroças cheias de alimento e seus pequenos rebanhos para um local seguro. Os guardas que escoltavam os prisioneiros pararam em frente a um edifício grande feito de pedras e com janelas tão pequenas que serviam somente como entrada de ar, provável que aquele lugar seria a prisão da cidade e a mais nova residência dos amigos.

Em sua sela e longe dos ouvidos dos guardas os companheiros podiam voltar a falar seu idioma e Joshua parar de fingir ser um doente. Logo seria mandado a eles o curandeiro para consultar o jovem rapaz e eles teriam que ser bons atores para enganar um médico.

- É só falarmos uma doença que não existe nesse tempo! – Dizia Joshua em tom casual.

- Não é tão simples seu idiota. Se falarmos que é algo que ele não conhece pode falar que é magia negra ou pior, quem sabe até queiram queimar você para garantir que não se espalhe. – diz Andrew mordas com o primo.

- Acho que é bom ficarmos atentos com o Comandante, foi fácil de mais entrarmos aqui, eu não sei pessoal, mas acho que alguma coisa esta errada, muito errada. – dizia Joel se esforçando para ver algo pela pequena janela de ventilação.

A noite começava a chegar, durante a tarde os prisioneiros receberam uns pedaços de pão carunchado e uma jarra de água que parecia suco de tamarindo, o curandeiro havia-os visitado, mas constatou que logo Joshua não tinha nada de mais, falando que era somente efeito da maresia do porto e que logo estaria forte novamente.

O som dos presos se tornou mais intenso e isso queria dizer que os guardas estavam a caminho. A prisão nunca estava em silencio, sempre havia algum preso reclamando, xingando ou simplesmente fazendo barulho para não enlouquecer. Toda a vez que os guardas andavam pelos corredores parecia que um estádio de futebol estourava com um gol de jogo de final de campeonato, pois o barulho era ensurdecedor.

O guarda aproximou-se da sela dos companheiros, os três amigos se levantaram, Joshua se apoiava na parede e fingia ainda uma falta de forças.

- O COMANDANTE CERDIC E A VOSSA SENHORA A CONSELHEIRA REAL, LEVANTEN-SE! - gritou o guarda para os três prisioneiros.

Uma onde de assovios e cantadas vindas dos prisioneiros encheu toda a cadeia, logo que a Conselheira Real andava pelos corredores, ela era acompanhada de perto pelo Comandante Cerdic e uma escolta de guardas que por onde passava socavam pelas grades os presos que falavam alguma gracinha para sua senhora.

- Soube que eles estavam em poder dos Wahgs, adoraria saber como escaparam – os amigos ouvem a voz de uma mulher vinda do corredor.

- Nossos soldados os encontraram no inicio da manha, assim que o clarin dos Wahgs soou nas colinas. São eles minha senhora. – disse calmamente o Comandante – Vejo que nosso curandeiro pode ajudar seu amigo, que ótimo.

- Sim senhor Comandante, ele o ajudou muito – mentiu Andrew muito bem.

- Que bom, mas agora, ¬- ele se dirigiu a Conselheira – Minha senhora, são esses os estrangeiros que encontramos, espero que eles tenham as respostas a suas perguntas.

A conselheira olhou para os prisioneiros, seus olhos demonstravam surpresa, com certeza não era eles que ela imaginava encontrar naquela sela naquele momento, seus cabelos escuros estavam bem presos, as vestes que usava demonstrava o quanto ela era importante. Ela fez um breve sinal para o Comandante que se afastou deixando-a somente com sua escolta pessoal.

- Espero nos ver em breve garotos. –se despediu Cerdic.

Ela esperou que ele estivesse longe o suficiente, olhou novamente para os amigos admirada pelo que via.

- Quem são vocês? – perguntou ela calmamente aos amigos.

- Somos viajantes, minha senhora, apenas viajantes, meu nome é Andrew, ele é Joel e este é nosso amigo doente Joshua. – respondeu Andrew e a Conselheira Real sorriu a eles.

- Meus queridos, espero que estejam todos bem? – Ela falou no idioma dos companheiros

- Você fala nosso idioma? – Não conseguiu segurar a surpresa Joshua estragando completamente o seu disfarce.

- Sim falo, vocês sabem que está para estourar uma guerra certo? – dizia ela calmamente aos companheiros que concordaram com a cabeça – Então iremos precisar da ajuda de vocês contra os Wahgs. Vocês não iriam deixar de nos ajudar depois do que ajudamos vocês a sobreviverem, correto? Não nos negariam a sua ajuda, negariam?

- Não, não iríamos negar esse favor. –disse Joel olhando com um leve sorriso para os companheiros.

- Bem vindos ao exercito de Londinium jovens. – diz ela com um sorriso que não demonstrava não só uma alegria, mas um tom de malevolência.

A Conselheira se despediu dos amigos e foi seguida pela sua guarda, Joel acho tela ouvido murmura algo que parecia como “mais três?”, ele pensou se ela sabia da existência dos seus amigos que estava na floresta quando os batedores os encontraram, mas achou que era impossível e provável que ela só estivesse pensando na quantidade de viajantes e prisioneiros que estavam enchendo a cidade.

Assim pela manha os rapazes já receberam suas armas e armaduras de couro, as espadas eram curtas e forjada de maneira rápida pois não havia nenhum detalhe em especial, as armaduras tinha apenas um desenho de uma torre gravado no peito com ferro quente.

Logo já tomavam conta de seus postos e aguardavam a chegada do exercito inimigo de cima das muralhas, eles foram chamados para ficarem sob supervisão do próprio Comandante Cerdic sendo a guarda pessoal dele. Estavam armados, vestidos, mas estavam preparados para uma guerra? Era essa era a grande duvida que rondava os pensamentos dos três amigos e a batalha logo teria seu inicio.

Will K Almeida
Enviado por Will K Almeida em 02/10/2008
Código do texto: T1207839
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