“Através do Tempo” cap. 2 – “Rumos diferentes, Destinos iguais” part I
“Através do Tempo” cap. 2 – “Rumos diferentes, Destinos iguais” part I
E este dia começava com um sol tímido surgindo no horizonte, aos poucos ele começa a ganhar altura, se elevando sobre os altos morros da ilha capital do Estado. Um nevoeiro denso cobre toda a superfície, carros atravessam as pontes de acesso mais lentos do que o normal, por causa da pouca visibilidade, o ar frio sai em forma de fumaça das pessoas que saem pelo terminal principal no centro da cidade.
Logo o sol estava mais forte, o nevoeiro se dissipava, os aglomerados de pessoas se estendiam pelas ruas não muito largas de calçamento de pedra, sendo essa uma típica manha de inverno, o vento gelado sobrava do sul, fazendo a água que separa a ilha do continente ficar com um tom amarronzado, as pessoas nem ônibus e carros observavam toda aquela cena com ainda uma expressão de sono nos rostos desanimados para o trabalho que ainda iria de vir.
O telefone celular toca em alarme na cabeceira de um quarto mal iluminado ainda nas primeiras horas da manhã, logo o rapaz enrolado em seus cobertores descobre que mais uma semana tinha começado de verdade. Ainda se amarrando para sair da cama alguns minutos passaram até poder ouvir os primeiros passos dentro da casa, logo a porta do quarto se abre e uma sombra adentra o quarto.
- Ky não vou levar você para o trabalho hoje, tenho que pegar a sua mãe daqui a pouco na clinica.- diz a sombra com um tom sonolento.
- Cadê a My? - respondeu o rapaz com a cara ainda no travesseiro.
- Dormiu na casa da Jordan, e esta com o carro antes que pergunte.
- Que ótimo... Isso quer dizer que tenho que correr? - perguntou o rapaz levantando a cabeça.
- Isso quer dizer que terá que correr bastante. - disse o pai ao rapaz que já se levantava de um salto da cama.
Poucos minutos depois Kyle Rieke corria pelas ruas de pedra para chegar ao ponto de ônibus, a mochila pendurada em apenas um dos ombros balançava com as passada largas, o ar frio congelava os pulmões, o vento com orvalho parecia que queria cortar o rosto de pele clara, os olhos castanhos claros lacrimejavam com o vento, o cachecol que estava preso em seu pescoço voava como uma bandeira de um cavaleiro em corrida seus cabelos castanhos escuros um pouco compridos eram revirados pelo vento. Quando avistou o ponto de parada do ônibus, também avistou o ônibus, a corrida tinha que acelerar. O rapaz correu o mais rápido que podia, seus pulmões pareciam que iria explodir, mas o ônibus não havia saído do lugar chegando perto da porta ele pode ver um jovem um pouco mais novo que ele de pele morena e cabelos escuros com um topete espetado, ele falava com o motorista enquanto ficava com uma perna nos degraus de subida do ônibus e o outro junto ao chão, o corpo estava quase entrando no ônibus.
- Custa dizer se esse ônibus passa perto da revendedora de usados..... Não importa qual revendedora é!.... Mas é claro que eu sei para onde quero ir oras.... - dizia ele ao motorista, ao ver que Kyle já estava ao seu lado ele sorri – vou para o centro mesmo tio! E ai Kyle, achei que iria perder o ônibus mesmo com aquela correria toda, o que deu? Sua irmã te deixou em casa de novo e saiu fora? Não vai entrar não? O tio ali fica bravo quando alguém fica se amarrando para entrar né?! - ele olha para o motorista que só não pegou o porrete para arrebentar aqueles dois pivetes, mas já estava atrasado demais para poder perder tempo com isso, na próxima vez os deixaria no ponto de ônibus, pensou ele, seria sua vingança.
- Obrigado Joshua, achei que ia perder mesmo...-diz sorrindo- A My dormiu na casa da Jordan e não avisou para variar um pouco.
- E levou o carro....claro, o carro é dela, não seu.
- É... Quer dizer... Não!! Ela sempre levou o carro, mas não é dela, pelo menos não deveria.... Na boa.. – os dois passavam pelo corredor e se sentavam no fundo do ônibus. – como raios ela consegue fazer essas coisas cara, tipo, quando a Lya casou achava que a coisa iria melhorar, mas quem saiu na boa no final foi...
- A Myka.
- É !!! Eu devo ser muito fracassado para ter deixado minha irmã mais nova fazer isso comigo.
- Sim você é.... E um dos piores, é triste mas é verdade, desculpe.
- Obrigado Josh.
- Disponha, precisando... É para isso que servem os amigos – Diz o jovem moreno com um sorriso no rosto.
- Perde o amigo, mas não perde a piada... Bendito dia que a gente aprendeu isso com nossos pais.
- É uma boa filosofia de vida, sério!! Eles não são amigos há quase 20 anos? E olha que o nível de piada deles é bem alto.
O ônibus avançava em direção ao centro da cidade, os dois jovens se separaram assim que chegaram ao terminar central. Joshua seguiu para o trabalho, Kyle tinha aula na faculdade e tinha que pegar outro ônibus ainda, mas eles logo se encontrariam, afinal de contas, era sexta, e sexta é dia de reunir a galera e dormir na casa do Andrew.
Kyle entrou no outro ônibus que o levava a seu destino, sentado nos primeiros bancos com a mochila no colo, um sonho que vinha tendo o perturbava, era a visão de um circulo negro que o sugava para algum lugar, como um buraco negro que existem no espaço, apesar da idéia de ser tragado e jogado em outro lugar não ser algo muito agradável, ainda parecia algo divertido e aceitável que aquela realidade.
- De novo esse sonho estranho... O que esta acontecendo... - dizia em voz baixa, para si mesmo. - preciso falar com o Andrew hoje, ele me disse que tinha tido um sonho parecido nos últimos dias.
Logo a noite chegou, todos chegavam para a reunião do grupo, Andrew que era o anfitrião da casa, era um garoto de peito largo e braços fortes tinha um rosto um pouco rechonchudo, um nariz pequeno e olhos castanhos levemente puxados, devido à descendência indígena que seu pai tinha em um ramo da família, tinha os cabelos escuros e a pele bronzeada como a do seu primo Joshua. Kyle chegaria logo, Andrew, Natanael estavam junto com Heitor, o mais velho do grupo, faltando apenas Natanael e Joel que chegariam mais tarde. Heitor era um rapaz magro de cabelos castanhos claro, usava um óculos quadrado para emoldurar olhos verdes, tinha pele clara mas com algumas sardas, herdou o dom artístico de desenho e musica que o pai possuía, alem da grande imaginação e criatividade.
- Hei, olhem isso ” Pontos no espaço-tempo são chamados de “eventos” e são definidos por quatro números, tipo, (x, y, z, ct), onde c é a velocidade da luz e pode ser considerado como a velocidade que um observador se move no tempo. Isto é, eventos separados no tempo de apenas 1 segundo estão a 300.000 km um do outro no espaço-tempo.”- diz Heitor tirando o livro de física da frente do rosto.
- Isso quer dizer quê? – falou Joshua tentando entender.
- Quer dizer que da mesma forma que em geometria em três dimensões os valores para as coordenadas x,y,z e t dependem do sistema de coordenadas escolhido e isto inclui escolher a direção do eixo de tempo. Isto porque dois observadores em sistemas de referência em movimento possuem eixos de tempo em direções diferentes. O que para um observador em repouso em um dos referenciais é apenas direção temporal, para o outro em movimento relativo é uma mistura de espaço e de tempo.
- Ta... E isso foi para tentar ajudar a entender?
- Desculpe, é que... É complicado explicar isso, embora seja fascinante.
- Para quem tem um pé na loucura sim! – Ouvem os rapazes a voz vindo da porta. – Andrew abre logo essa porta cara.
- Deixa que eu abro Kyle, se for esperar por esse porpeta aqui você amanhece na rua.
Todos os amigos estavam se reunindo, até que Kyle parou na soleira da porta e sentiu como se um balde de água tivesse sido derramado em sua cabeça, ele piscou com o calafrio e sentiu os olhos pesados, a visão dos amigos começava a ficar nublada logo tudo virou uma imagem desfocada e branca.
Aos poucos a água gelada trazia o rapaz novamente a realidade, o conglomerado de pessoas o observava, guerreiros vestidos para a guerra, mulheres e crianças. Todos olhavam os prisioneiros atentamente, assim que Ky abriu os olhos dois homens fortes já se aproximaram dele e jogaram mais uma tigela de água fria na cabeça do rapaz que urra pela temperatura gelada, devia ter pedaços de gelo, pois alguma coisa fez um corte na cabeça do rapaz.
Seus cabelos castanhos escuros pingavam agora gotas avermelhadas de água, o rosto alvo e olhos castanhos claro do rapaz mostravam sua fúria, um dos guerreiros um pouco mais velho se aproximou dele, se abaixando para ficar com o rosto na altura dos de Kyle, o prisioneiro ainda possuía as mãos e pés presos um nos outros por cordas, como animais para abate.
- Keratsh nuern imafutg – disse o homem enfrentando toda a fúria dos olhos do rapaz.
- Ele perguntou quem são vocês?- se fez ouvir uma voz feminina atrás do homem, falando no idioma dos guardas da cidade.
- Somos apenas viajantes de outras terras. O que esta acontecendo aqui? – respondeu o rapaz com grande habilidade no idioma.
- Namako nomue wegbret lopaca. – traduziu ela para o homem, que respondeu – Ifratohi ugarafi ximariki.
- O líder disse que estamos em guerra, e se são espiões do reino- vinha traduzindo ela assim que o líder lhe falava em seu idioma.
- Não somos espiões, podem ficar certos disso, queríamos chegar a cidade, estamos em uma jornada.
- Que tipo de jornada? Pergunta O líder – diz à garota que agora aparecia ao sobre o ombro d’O líder, mas mantinha um passo de distancia.
- Respostas, procuramos, respostas.-diz o rapaz já mais calmo, mas com a dor do corte na cabeça e a dor no peito ainda o incomodando muito.
- Estranha coisa vocês procuram, diz O líder.- fala sua tradutora.
- Mas é a verdade.
Heitor começava a se levantar agora, estava um pouco tonto e com um galo enorme na testa. Natanael ainda jazia no chão inconsciente. Kyle tentava se controlar o máximo que podia para ser o mais gentil possível com O Lider, afinal de contas suas vidas dependiam disso.
- Se fizermos parte de seu exercito, nos deixará viver? – Heitor conseguiu entender Kyle falar ao homem a frente deles.
E a garota de cabelos longos e escuros respondeu traduzindo o que O Lider falava. – Não, são fracos demais para entrarem no meu exercito, preciso saber o máximo sobre o que conhecem e depois os mataremos.
- E se eu disser que podemos ganhar essa guerra para você utilizando metade de seus homens?
- Isto é completamente impossível!- traduziu a garota.
- Impossível? Como duvida da capacidade de seus guerreiros, grande Lider!
- Kyle? O que pensa que está fazendo? – Heitor entrava na conversa com tom de extrema reprovação. – Não podemos ganhar guerra nenhuma, não podemos modificar a história.
- Ou fazemos isso ou seremos comida dos corvos amanha pela manhã, o que prefere? – Kyle olha para o amigo com raiva.
- Não podemos interferir na história Kyle, não sabemos o quanto isso pode afetar o futuro, não vamos fazer isso, esqueça.
- Então tenta convencer esse cara a deixar você viver por algum outro motivo que não seja nada interessante a ele.
- Kyle, está fora de cogitação, não podemos...
- Podemos e vamos Heitor. Então grande Lider?- diz Kyle para o amigo e depois para O Lider que os observava durante a discução.
- O Lider diz que, vocês ficaram vivos até ele tomar sua decisão, ele reunirá o conselho para decidirem o que fazer com vocês.
E com isso O Lider os deixa a tradutora permanece junto com os prisioneiros, ela observava a expressão confiante de Kyle se desmanchar quando olhou para os amigos. Ela sabia que o que ele estava dizendo podia ser verdade, mas parecia muito com uma armadilha e ela sabia que o Lider também pensava assim.
- Então Kyle, é realmente capaz de ganhar essa guerra com metade destes homens? – perguntou ela no idioma dos amigos.
- Você fala nosso idioma? – os dois amigos falaram ao mesmo tempo.
- Falo sim, entendo perfeitamente o que falam, mas não respondeu a minha pergunta Kyle. Consegue ganhar essa guerra com metade desses homens?
Kyle pareceu pensar um pouco nas possibilidades e estava ainda surpreso pela garota falar o mesmo idioma que ele. – Sozinho não, mas junto com Heitor e Nathan conseguimos vencer sim.
- Com metade desses homens? – perguntou ela sorrindo ainda duvidando.
- Com metade de seus homens....
- Não moça, escuta, não podemos, na verdade não devemos, não podemos nos meter nisso, essa guerra não pode haver nossa interferência. – Heitor cortou Kyle.
- Se não nos ajudarem, vocês morrerão, é Heitor o seu nome né? Essa é a lei nesse povo, acho que esse é o único meio de vocês se salvarem garotos.
- Mas... – tentava argumentar Heitor, mas percebeu a magnitude da situação – desculpe Kyle, você está certo, não temos escolha.
- Aham, se tivermos sorte, seremos admitidos. – Kyle concordava ainda olhando para a tradutora.
- Vocês já tiveram seus tolos, acham que O líder iria deixa-los vivos depois de subestimar as forças dele de liderança? Ele só vai ser reunir para saber se iram organizar o exercito a partir de agora. Bem vindos ao exercito Wahg, jovens.
- Valew.... – diz Kyle olhando para Nathan ainda desacordado – Precisaremos mais que boas vindas...
E assim os três amigos se alistaram ao exercito Wahg e iriam a guerra, uma guerra que nem sabiam sua razão, mas que foi a única coisa que poderia os manter vivos, pelo menos era isso que esperavam.
“Assim termina a primeira parte deste capitulo, a parte II logo virá. Muito Obrigado por lerem e comentarem, fico lisonjeado por estar escrevendo algo que os agrade. Até o próximo capitulo. Comentem o quanto quiserem !! =D”
*texto corrigido dos erros de inicio de fala*